Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

domingo, 16 de março de 2025

Efeméride da eleição do Tenente Júlio Garcês de Lencastre para Presidente (Interino) do FC Porto – em 1911

A 16 de março de 1911, poucas semanas depois da morte precoce do então líder máximo José Monteiro da Costa (falecido a 30 de janeiro), os sócios do FC Porto em Assembleia Geral elegeram Júlio Garcez de Lencastre como o terceiro presidente da história do clube, em modo interino. Como tal o mandato daquele tenente do exército durou apenas seis meses, tempo suficiente para organizar e vencer a primeira edição da Taça José Monteiro da Costa (prova culminada a 9 de abril, com vitória no jogo final sobre o Leixões, nesse primeiro Campeonato do Norte disputado entre FC Porto, Leixões, Boavista e Académica de Coimbra, com a taça com o nome do refundador do FC Porto toda em prata).

Como sobre este Presidente Portista não há muita informação nos meios oficiais portistas, aliás mesmo sem praticamente nada na literatura do clube, deita-se mãos e olhos por outros lados, para o lembrar:

Esse que foi o 3.º Presidente do FC Porto consta na enciclopédia digital Wikipédia, em sinal de ser algo saliente. De onde se retiram algumas passagens, mais importantes aqui para o caso:

Júlio Garcês de Lencastre

Presidente do FC Porto - Período de Março a Setembro 1911

46.º Governador-geral de Angola – Período 1934-1935

Júlio Garcês de Lencastre (em grafia antiga Júlio Garcez de Lencastre) Nascido no Porto, Cedofeita, a 5 de Agosto de 1882- Falecido em Cascais, São Pedro do Estoril, a 5 de Março de 1970. Foi um militar, dirigente desportivo, político, administrador colonial, académico e escritor português.

Biografia - Família

Filho segundo de Ernesto Teixeira de Meneses de Lencastre, Coronel-Médico,e de sua mulher Leopoldina Garcês Pinto de Madureira, filha do 1.° Barão da Várzea do Douro e sobrinha-neta do 1.° Visconde de Garcês.

Futebol Clube do Porto

Sendo Tenente, foi o 3.° Presidente, na qualidade de Interino, do Futebol Clube do Porto de 16 de Março a 21 de Setembro de 1911, pelo falecimento do Presidente José Monteiro da Costa. Durante o seu curto mandato, todavia, o clube venceu o seu primeiro título, na primeira edição da Taça José Monteiro da Costa.

Casamento 

Casou em Lisboa, Anjos, a 7 de Fevereiro de 1920 com Hermínia Alice Neves da Fontoura (Porto, Cedofeita, 24 de Setembro de 1892 - Cascais, São Pedro do Estoril, 25 de Agosto de 1942)... 

Postos e cargos

Sendo Major, foi acusado de envolvimento no Movimento Revolucionário de 7 de Fevereiro de 1927 e teve um Processo Político, mas foi ilibado de culpas pela Direcção de Justiça e Disciplina.

Sendo Tenente-Coronel, foi Comandante Militar de Timor e Governador do Distrito de Luanda, na Província de Angola.

Foi Administrador do Concelho e Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais, localidade onde fez parte da Obra de Assistência no Concelho de Cascais.

Exerceu o cargo de Encarregado do Governo da Colónia de Angola entre 1934 e 1935.

Foi Director-Geral das Colónias e responsável pela Agência Geral das Colónias.

Atingiu o posto de Coronel de Infantaria na Reserva.

Condecorações

A 5 de Outubro de 1922 foi feito Comendador da Ordem Militar de São Bento de Avis, a 17 de Outubro de 1940 foi elevado a Grande-Oficial da Ordem Militar de São Bento de Avis, a 19 de Janeiro de 1942 foi feito Comendador da Ordem de Benemerência e a 16 de Outubro de 1959 foi feito Oficial da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Obras publicadas - Publicou:

Aspectos da administração de Timor / Júlio Garcez de Lencastre, In: Boletim da Agência Geral das Colónias - Ano V, N.º 54 (Dezembro de 1929), p. 32.

Propaganda colonial na exposição de Sevilha: a sala das colónias do pavilhão de Portugal / Júlio Garcês de Lencastre - Conferência realizada na Sala Algarve da Sociedade de Geografia de Lisboa a 29 de Junho de 1929, In: Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa - Série 47, N.ºs 9-10 (1929), pp. 311–329.

Algumas regras gramaticais da língua tetum e vocabulário / Júlio Garcez de Lencastre, In: Boletim da Agência Geral das Colónias - Ano V, N.º 54 (Dezembro de 1929), pp. 82–92.

Visita dos alunos da Escola Superior Colonial à exposição de Vincennnes / Júlio Garcês de Lencastre - Ilustrações, In: Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa - Série 49, N.ºs 9-10 (1931), pp. 326–330.

Ensaio do estado sobre paludismo, quinino e mosquito / Júlio Garcez de Lencastre, In: Anuário da Escola Superior Colonial - (1931 - 1932), pp. 101–128.

Evolução e aproveitamento do indígena colonial / Júlio Garcez de Lencaster, In: Boletim da Agência Geral das Colónias - Ano VIII, N.ºs 86-87 (1932), pp. 8–17.

Preparação moral, intelectual e profissional do indígena / Júlio Garcez de Lencatre - Conferência realizada no Colégio Vasco da Gama, In: Socieade de Geografia de Lisboa - Série 50, N.ºs 1-12 (1932), pp. 214–235.

Clima de Timor / Júlio Garcez de Lencastre, In: A terra: revista portuguesa de geofísica - N.º 14, pp. 92–97.

Timor, padrão do império: conferência / Júlio Garcez de Lencastre - Porto: Edições da 1.ª Exposição Colonial Portuguesa, 1934 - 23 pp..

Marcos da expansão do império Solor-Alor e Timor / Júlio Garcez de Lencastre - Lisboa: Boletim da Agência Geral das Colónias, 1934 - 29 pp.; 23 cm. - Separata do "Boletim Geral das Colónias, N.º 104.

Climatologia e Nosologia de Timor / Ten. Cor. Júlio Garcês de Lencastre - Lisboa: [s.n.], 1961 - 16 pp. ; 23 cm (brochado).

Homenagens

Tem uma Rua com o seu nome em São Pedro do Estoril, Cascais.»

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Da página “FC Porto – Memória”:

« JÚLIO GARCEZ DE LENCASTRE

05-08-1882

Cedofeita, Porto

Eleição, 16-03-1911

até, 20-09-1911

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No blogue “Estrelas do FCP” é referido do seguinte modo: «Tenente do Exercito português, foi eleito para presidir aos destinos do clube após a Assembleia Geral que teve lugar no dia 16 de Março de 1911. Uma Assembleia que foi convocada quase de emergência para escolher o novo dirigente máximo do F.C. Porto, pois José Monteiro da Costa, que tinha feito renascer o clube, tinha falecido em Janeiro.

Foi uma fase bastante difícil para o clube que se viu órfão do seu mais fervoroso adepto e o receio da extinção chegou mesmo a tomar conta de alguns elementos da direcção. Felizmente que o tenente Júlio Garcez de Lencastre aceitou a tarefa de comandar o F.C. Porto até haver novas eleições para escolher o futuro presidente que o iria suceder.»

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Ora, como se vê, na história do FC Porto, ao longo dos tempos, sempre houve superações diante das dificuldades, a bem do Clube.

O então Tenente Lencastre foi depois substituído em setembro seguinte, com a eleição de nova Direção presidida por Guilherme do Carmo Pacheco, que antes ocupava o cargo de secretário-geral. Tendo na Assembleia sido reeleito para Presidente da mesa da mesma Assembleia o Dr. José Guilherme Pacheco de Miranda, que acompanhara o desenvolvimento que levara ao recurso temporário do anterior presidente.

Curiosamente o antigo Presidente da Direção Tenente Garcês de Lencastre (mais tarde Tenente-Coronel, depois Major e por fim Coronel de Infantaria na Reserva) faleceu em Março de 1970, mês em que perfazia 88 anos. Cinquenta e nove anos depois de ter aceitado presidir ao FC Porto durante algum tempo, enquanto suas funções de militar permitiram. Mas de tal modo que ficou bem notabilizado nas História do FC Porto.

- Este é um dos Presidentes do F C Porto pouco recordado. Tal como o Dr. Canto Moniz, entre os Presidentes interinos, mas que foram Presidentes.

Nota - Foi pena não ter chegado a ser publicado um livro sobre os Presidentes do F C Porto, cujo estudo estava escrito por um Portista (Francisco Fardilha), mas que ficou na gaveta, há uns anos, após apresentação do caso à Direção de Pinto da Costa, não tendo entretanto havido acordo de autorização do clube para a publicação.

Tendo aqui o autor destas lembranças tido conhecimento do caso por ter sido contactado pelo mesmo, inclusive com visita pessoal para conversas e consultas cá ao arquivo pessoal.

Porém depois ficou tudo sem efeito, por falta de interesse diretivo, enquanto continuava a haver diversos presidentes do F C P quase desconhecidos e mesmo muitos dos outros até pouco historiados.

Armando Pinto

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1 comentário:

  1. Francisco Sá Fardilha é atualmente diretor do futebol feminino do Bayern de Munique e gostava que “os grandes clubes” fossem “as locomotivas da profissionalização”
    Tem 36 anos, estudou Jornalismo, fez alguns estudos para publicação de livros, esteve ligado ao Futsal, antes de se mudar para o Treino Desportivo e começou no futebol profissional no Lille graças a um convite de Luís Campos, um encontro semeado por um estudo para o doutoramento.
    Amente de Bernardo Silva provocou o encontro de Francisco Fardilha com Luís Campos. O novo diretor técnico do futebol feminino do Bayern Munique sentou-se com o então homem forte do Lille para debater a criatividade nas academias de futebol profissional, o tema do doutoramento do académico. Luís Campos acabou por levá-lo para França. Francisco Fardilha, formado inicialmente em Jornalismo, deu aulas na universidade e conta com passagens no futebol profissional pelo Lille, onde Luís Campos queria aperfeiçoar a academia do clube e fomentar a chegada de jovens à equipa principal. E ainda pelo futebol feminino do Bordéus, um emblema que abandonou depois de a equipa masculina ter descido de divisão e os pressupostos do projeto terem mudado. Antes entregara-se ao futsal, mais exatamente à ARDACM, um clube da Maia. Foram talvez 17 ou 18 anos. Foi ali que um treinador, André Maia, lhe beliscou o gosto pelo treino. Foi treinador durante 13 anos, até enquanto estava a realizar o Erasmus, em Roma, quando se juntou a uma equipa. Mais tarde, durante o mestrado de Treino Desportivo em Stirling, na Escócia, obteve uma bolsa que previa treinar as equipas de futsal da universidade.

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