Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Luís Pinto – Exemplo de “Promessa” Portista d’Outros Tempos…


Seis anos depois da mais recente inclusão duma equipa secundária no mundo do futebol principal do F. C. Porto, ressurge uma Equipa B num patamar competitivo superior, dentro da estrutura profissional dos Dragões. O que acontece depois que as equipas Bês foram retiradas dos campeonatos, quando antes disputavam a chamada 2ª Divisão B, reassumindo agora de novo o papel de transição formativa na passagem dos jovens futebolistas ao escalão sénior, a partir desta época na Divisão de Honra (2ª Liga). Dando um outro alento a essa fase, que em tempos mais recuados se circunscreveu a equipas de reservas, disputando entre formações congéneres, dos outros clubes, também, provas restringidas a essa categoria (curiosamente em eras ainda mais remotas outrora chamadas equipas de segundas categorias).


Ora, naquelas eras da existência das equipas de reservas, evoluíram pelos campos muitos atletas de gabarito, à espera de oportunidade de subirem à equipa principal, meta conseguida por alguns, dentre inúmeros casos de maior ou menor sucesso. Tal a quantidade de valores, perante os lugares e posições disponíveis no plantel principal. E, no meio de tantos, recordamos um exemplo dum jovem que foi campeão pela equipa júnior do F. C. Porto, ao lado de nomes como Artur Jorge, Sucena e outros, tendo chegado a enfileirar no plantel principal e inclusive disputado alguns jogos na primeira equipa; mas depois, naturalmente, pelas vicissitudes do fenómeno futebolístico, continuou sua carreira noutros clubes. Referimo-nos a Luís Pinto, então um jovem em ascensão, nascido a 25 de Novembro de 1945, em Moçambique. O qual teve em si depositadas esperanças dos adeptos.

Particularmente esse nome ficou-nos na memória, além do mais, pelo seu apelido, pois à época, sendo o autor um adepto ainda na escola primária, tinha especial predileção pelos que tinham o apelido Pinto – daí gostar de entre os colegas das brincadeiras ser indicado por Pinto (como havia o Custódio Pinto a brilhar com a sagrada camisola das duas listas azuis, como aparecia nos cromos dos rebuçados) e nos juniores o Luís Pinto - pois que o ídolo maior era o guarda-redes Américo e andar pelo campo a jogar e marcar golos contava mais nesses renhidos jogos de mudar aos três e acabar aos seis.


Estava-se em plena aura dos anos sessentas, quando na música surgiam os Beatles, nas artes apareciam valores que conseguiam fintar a censura e no ambiente popular se respirava uma pacata acomodação e apareciam vanguardistas que muita gente não entendia, nem podia… Enquanto o futebol português estava no sistema BSB e ao Porto pouco era permitido. Porém, onde não havia árbitros, como no ciclismo, o F. C. Porto pedalava na dianteira, enquanto nas camadas jovens do futebol iam aparecendo jovens valores, que despertavam no pelado da Constituição e só pisavam o relvado das Antas nos jogos finais do campeonato nacional de juniores, cujo título era conquistado depois numa final em campo neutro.

Foi assim que na época de 1963 / 1964 os juniores do F. C. Porto foram disputar a final e, numa formação com um lote de apreciados valores, tais jovens arietes conheceram importante êxito e paralelamente uma grande alegria, coroando um comportamento apreciável, tendo a equipa azul e branca conquistado a vitória. Desempenhava nessa equipa um dos postos da defesa o luso-africano Luís Pinto, a pontos de não ter deixado nenhuma bola ultrapassar a sua jurisdição, sagrando-se campeão nacional da categoria ao ter ajudado a bater o Sporting por 1-0, naquela renhida final disputada em Leiria. 

Assinalando esse acontecimento, um dos livros da coleção Ídolos do Desporto, dedicado a Sucena (outros dos campeões), recordou mais tarde (em 1970) essa saborosa conquista:


Nesse tempo evoluíam na equipa sénior alguns ídolos dos mais jovens, tais como Hernâni, Perdigão e Serafim, por exemplo, com quem esse Luís Pinto já não se iria cruzar no escalão maior, mas lá estavam também nomes que ainda ombrearam durante um ano, pelo menos, com o jovem defensor, quando este subiu aos seniores. 

Luís Pinto integrou, com efeito, o conjunto principal do FCP na época de 1965/66, e, como corolário, alcançou a primeira equipa, escalado pelo treinador brasileiro Flávio Costa, ainda que apenas em três jogos, o que não era para qualquer um.


Tendo feito sua estreia na equipa principal em Janeiro de 1966, ao voltar-se o calendário para a segunda volta do campeonato, em jogo disputado nas Antas, com uma vitória sobre Leixões, por 1-0, alinhou ao lado de Américo, Alípio Vasconcelos, Atraca, Pavão, Valdemar, Jaime, Ernesto, Manuel António (marcador do golo), Pinto e Nóbrega. Depois disso, para o campeonato e novamente como titular, voltaria ainda em nova vitória, dessa vez perante o Braga, por 4-2; e, por fim, para a prova europeia disputada nesse tempo, foi chamado para entrar em campo na 1ª mão da 2ª eliminatória da Taça das Cidades com Feira, não conseguindo evitar que o guarda-redes Rui, também chamado à equipa inicial nessa noite europeia, na Alemanha, fosse buscar por cinco vezes a bola dentro da baliza (em jogo, terminado com um resultado de 5-0, a favor do Hannover, que não viria a permitir qualquer recuperação, no Porto).


Na sua curta permanência como efetivo da equipa portista, em 1965/66, Luís Pinto teve como colegas Américo, Atraca, Festa, Paula, Valdemar, Almeida, Alípio Vasconcelos, Rolando, Sucena, Bernardo da Velha, Ernesto, Carlos Manuel, Pavão, Carlos Batista, Eduardo Gomes, Jaime, Valdir, Naftal, Custódio Pinto, Amaury, Manuel António, Nóbrega (os que foram utilizados na equipa principal em oficiais jogos nacionais e internacionais, além obviamente de outros jovens que disputaram apenas encontros de reservas). 

Desse percurso, juntamos diversas imagens condizentes, algumas de nosso arquivo (incluindo as dos juniores) e outras gentilmente cedidas por seu cunhado e nosso amigo sr. Abílio Faria (um grande Portista, colecionador de fotografias de equipas do F. C. Porto, além de conhecido no mundo artístico como cantor Monte Cristo, sendo como é um cançonetista portuense de prestigiada carreira nos palcos, sobretudo no norte do país).


Viria depois Luís Pinto a seguir a carreira ao serviço do Tirsense, onde esteve acompanhado de diversos outros valores que também integraram equipas do F C Porto, como Ferreirinha, Acácio, Carlos Manuel, Naftal, Silva e Ernesto. Equipa valorosa, aquela, que fez uma primeira parte da época deveras curiosa, mas acabou por não conseguir a manutenção na divisão principal; e, em cujo decurso, tal formação do Tirsense ficou ligada a um resultado pouco vulgar, verificado no relvado das Antas (que nos fez guardar recortes desse prélio), que foi no caso do F. C. Porto ter tirado a barriga de misérias quando recebeu aqueles “jesuítas” das camisolas negras, vencendo por 9-0 numa tarde domingueira em que os brasileiros Djalma e Valdir marcaram por três vezes, cada, e Lisboa fez o gosto ao pé em dois remates, além de um auto-golo que ajudou à festa.


Não esteve o Tirsense, porém, muito tempo na divisão secundária, porque em 1969/70 essa equipa de Luís Pinto, junto com Festa e outros, alcançou o título de Campeão da 2ª divisão e assim retomaria seu lugar na divisão cimeira.

Luís Pinto veio depois a ingressar no União de Coimbra, além de ainda haver disputado jogos em França e ter vindo a largar as chuteiras na sua terra de Moçambique. Mantendo, de permeio, sempre sua chama Portista, como adepto atento ao seu clube de coração. Acabando, mais tarde, por falecer prematuramente. 

Fica a memória de um futebolista que foi um valor prometedor, qual promessa futebolística, enquanto teve a ditosa honra de envergar as cores do F. C. Porto, sabendo sempre dignificar o desporto praticado, como exemplo duma carreira que escolheu e o faz permanecer na memória de entusiastas Portistas e nos anais do desporto português. 

Armando Pinto 

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3 comentários:

  1. Armando, mais um post completo, sobre uma promessa, Luís Pinto - não tenho memória dele -, que, infelizmente, nunca passou de uma promessa.

    Abraço

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  2. Mais um excelente apontamento. De Luís Pinto lembro-me só depois da idade de júnior e... dos cromos.

    Abraço num dis triste para o FC Porto.

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  3. Boa tarde sr Armando

    Antes demais,os meus parabens,e os meus agradecimentos por o trabalho feito sobre o Luis Pinto,está realmente muito completo,se ele fosse vivo teria muito orgulho, de vêr o seu nome entre as outras memorias portistas.
    Para quem não conviveu com ele,vai a partir de agora,ter a historia desde os tempos de junior do FCP,a ida para o Fc Tirsense,U.Coimbra e ida para França
    por isso muitos parabens sr Armando,

    muita saude
    e continue sempre a dar conhecimentos a todos os portistas,sobre aqueles que serviram o FCPORTO

    OBRIGADO

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