Grande, grande é um clube que é querido de muita gente, quão
representa muito para tantas pessoas, como é o F C Porto. Um caso institucional
com adeptos espalhados por todo o mundo, embora naturalmente com maior incidência
no norte de Portugal, mas cada vez com mais por todo o lado do país e pelo
mundo além. Num volume digno de apreço, tal a multidão que sente o mesmo
denominador comum, qual povo irmanado no mesmo anseio, através de tantos apoiantes,
anónimos na grande maioria, de permeio com alguns mais conhecidos, num conjunto
que tem o mesmo nome nos lábios e a mesma simbologia no coração, com simplicidade,
mas também eloquência.
Isto, dito assim, porque um grande baluarte como o F C
Porto, com peso na vida social, tem em sua roda toda uma riqueza humana de nota, desde o comum elemento da sociedade,
até aos mais variados estratos sociais, incluindo poetas.
E eis-nos então chegados ao cerne da questão que desta vez serve
de mote…
Grande poeta é o povo, como diz um rifão popular. E nessa
veia popular, é certo e sabido, abundam naturalmente muitos e bons Portistas.
Quer antigos, como aqueles das letras do Hino e da Marcha do F C Porto, outros
de composições celebrizadas aquando de acontecimentos imemoriais ocorridos no
Lima e na Constituição, tal qual depois por volta da construção do estádio das
Antas, dos campeonatos conquistados, das grandes alegrias pelas conquistas
europeias e mundiais, etc . E ainda alguns conhecidos em letras musicadas. Como,
já bem no nosso tempo, é o caso de Carlos Tê, conhecido adepto portista, que é
um caso sério de composições poéticas que caiem nos gosto e gôto (salivar) das
pessoas, em narrativas sociais ditas (escritas) em poucas palavras, mas de
maneira convincente e tocante, com seu quê melodioso e métrica rimada
fascinante.
Carlos Tê, para melhor se definir sua obra, além de tudo o mais, foi quem pôs Porto Côvo no mapa, por assim dizer, com seu poema (que Veloso depois cantou). Tendo tornado conhecida essa terra da orla alentejana e sua praiazinha, maila lenda associada. Dum modo que mereceu que seu nome fosse atribuído a uma rua dessa localidade, homenagem essa a par com outra com nome do cantor Rui Veloso, seu amigo e comparsa do mundo musical, é de acrescentar, e que deu voz à canção que entoa o nome desse outro Porto, mais ao sul..
Com tal apetência, de verdade, há artífices de poemas,
avultando na forma como mexe com os sentidos precisamente este Carlos Tê, por exemplo, o qual
tem espalhadas muitas composições que deram vida a cantigas de géneros diversos,
tais as de sonoridade roqueiras interpretadas por Rui Veloso e as de cariz
tradicional pela voz de Isabel Silvestre. Dando o Tê de si um sentimento telúrico
de diversas cambiantes afetivas, através dum sentido peculiar, transformando seus
pontos de vista, quais aspetos e panoramas que lhe enchem os olhos, em
autênticos hinos descritivos. Tornando-se assim um vate que tão bem canta sua
terra e afinidades mais vastas, em “Porto sentido”, ou que narra costumes e
levanta a alma dum povo, tanto quanto expressa em “a gente não lê”…
Pois então, atendendo ao Carlos Tê ser um apreciado poeta portista, consta ele entre os
nomes Portistas inseridos no livro “FC Porto figuras & factos 1893-2005”, de J. Tamagnini Barbosa e Manuel Dias, por meio de algumas notas curriculares até 2005, como se pode ver e ler em transcrição de respetivos recortes
digitalizados.
O seu curricum vitae oficial, incluído na Wikipédia, refere
mais sobre o mesmo letrista de canções, poeta, cantor e escritor português: «Licenciou-se
em filosofia na Universidade do Porto e tornou-se notado com a edição do álbum
"Ar de Rock" de Rui Veloso, para o qual deu a sua contribuição como
letrista. Além da ligação à carreira de Rui Veloso, escreveu letras para outros
nomes como os Clã, Trovante, Salada de Frutas, Jorge Palma, Jafumega e Isabel
Silvestre. Sendo Carlos Tê igualmente cantor, como demonstrou no álbum "A
Voz e a Guitarra". Foi um dos conspiradores do projeto Cabeças No Ar que
veio a dar origem a um musical. Também escreveu para o jornal
"Público" uma série de crónicas, que marcaram a sua presença todos os
meses, entre 1991 e 1994, no caderno Local do referido jornal. Nos últimos anos
tem sido uma presença assídua como cronista no jornal Expresso. Colaborou em
revistas de poesia (Avatar, Quebra-Noz, Pé-de-Cabra, editadas no Porto entre
1978 e 1981). Tem um romance publicado (O Voo Melancólico do Melro) e três
contos (Contos Supranumerários - edição de Abril de 2001). Portista ferrenho,
foi um dos Moderados de Paranhos que em 2003 lançaram o single "Um Pouco
Mais de Azul".»
Depois disso, e paralelamente à sua multifacetada atividade
artística, foram entretanto criadas duas músicas originais com a letra de
Carlos Tê e compostas por Luís Jardim, no sentido dos azuis e brancos
oferecerem aos adeptos uma nova e revigorada imagem sonora. Os dois autores já
se conheciam dos tempos em que trabalharam com Rui Veloso e têm no F. C. Porto
um forte elo de ligação. Havendo então ambos, Tê e Jardim, visto juntos um jogo
no estádio do Dragão, onde foi ouvido o "Hino do F.
C. Porto" em versão modernizada, da lavra de Tê e Jardim, substituindo
"Os Filhos do Dragão", que se celebrizou após a conquista da Taça
UEFA, ao tempo de Deco e Cª. Sem interferir no hino histórico, inicialmente cantado por Amélia Canossa, sempre com seu lugar tradicional na memória Portista. Posteriormente, em
2006 foi lançado o CD "Tanto Porto", resultado da referida parceria entre Luís
Jardim e Carlos Tê, que incluía, além de cinco temas originais, três versões do
hino do clube: a de Isabel Silvestre à cappella, uma versão com arranjo rock
interpretada por Nuno Norte e uma regravação da versão clássica, tocada pela
Orquestra Sinfónica de Londres e novamente com a voz de Maria Amélia Canossa.
Em suma, Carlos Tê, com engenho e arte de trabalhar frases transmissoras
de mensagens tocantes, enriquece as sonoridades feitas a partir de suas rimas, podendo
dizer-se que sem as suas letras não teriam o mesmo resultado as cantigas de
seus parceiros cantores.
Assim sendo, com toda esta retaguarda cultural alusiva, vem
diante de nós um cenário de certo modo efusivo, passando imagens a correr em
veias poéticas. Assim, descontando outras situações mais adiantadas, pode
dizer-se e pensar, singela e sinceramente – para melhor se explicar o
raciocínio: Quem não se lembra de quando sentiu pela primeira vez a certeza de
ter já uma namorada, na primeira sensação de gostar de ficar à beira de
alguém?! … a pontos do próprio riso ser tao feliz consigo…! E, entre Portistas,
já de tarimba, quem não se lembra do que e quando sentiu pela primeira vez o
que era saber o Porto ser Campeão…?!
Pois aqui o autor destas linhas durante muitos anos não
soube também o que era o Porto ser Campeão… em futebol, entenda-se. Algo que só
ao fim duma longa travessia, depois de longos anos, se conseguiu sentir isso,
quando, em 1977/78, o F C Porto finalmente conquistou o campeonato nacional.
Porque em 1958/59, no título anterior, a idade infante, de então, não dava para
abarcar o que era aquilo, ainda. Entretanto, como se costuma dizer que não há
fome que não traga fartura, depois sobreveio um fartote, perante tantos
campeonatos, taças e tudo o mais que o F C Porto tem conquistado. No entanto,
assim bem habituados, custou na inversa o desacerto acontecido na época passada
pelo futebol azul e branco. De tal modo que este ano, apesar do planeamento que
desta vez nos parece melhor conseguido, e embora com algum natural receio,
temos fé que tudo vai melhorar e ansiamos por ver de volta a normalidade, que é
a superioridade do F C Porto. Como que a dizer que ansiamos por nova reconquista
do título nacional máximo do futebol português e, tanto quanto possível, mais
qualquer coisa nas provas internacionais, como seja o regresso às grandes
vitórias por essa Europa fora. O que motiva um reacender da chama Portista.
Isso, de antes e agora, até que teria mais encanto em verso dum poeta azul e branco, que tal...
Isso, de antes e agora, até que teria mais encanto em verso dum poeta azul e branco, que tal...
Ora, apreciando as
faculdades de Carlos Tê, sabendo de suas afeições nortenhas, fica alguma
expetativa no que ainda pode surgir mais de sua inspiração. Depois de ter sido
capaz de cantar o Jardel a voar sobre os centrais e com o confrade Luís Jardim ter
posto o Porto a estar feliz na rua, em festa de campeão, tanto como dá um toque forte
à pronúncia do Norte, na expressividade da timbrada voz nortenha, poderá,
alguém como ele, dar ênfase heróica a um canto Portista. Aliás, até a música que Carlos Tê escreveu para celebrar o
título de campeão nacional do F C do Porto em 2005/06 começa exatamente com
"desde a chama acesa em Viena".
Venha então mais, de quem mais pode e sabe da poda.
= Carlos Tê, num visual mais contemporâneo - que na foto cimeira tem fundo visual da cascata sanjoanina portuense, a encosta citadina do velho burgo da Invicta - nesta foto posou tendo por cenário o Farol de Felgueiras - como é chamado o farolim da Foz do Douro, no Porto. =
Isto porquê? Porque admiramos o que Carlos Tê tão bem
exprime e nos revemos no que ele escreve, tal o que o mesmo Tê, há alguns anos
atrás, já, mesmo em prosa que soa a poesia aos nossos sentidos, ter sabido
expressar o que também aqui o autor pensa e sente… Como ficou impresso no livro
“1999 / um ano d’ouro”, referente ao ano do Penta em futebol e outras
modalidades, edição do Conselho Cultural do F C Porto – e de onde para aqui
transpomos o que (em 1999, relembre-se, conforme se nota pelas feições, ainda com muito cabelo) Carlos Tê expressou, de forma notavelmente enérgica e
sintomática:
Armando Pinto
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