Com 101 anos de vida, entre sua existência que ficou ligada também ao Futebol Clube do Porto, faleceu terça-feira no Porto o engenheiro Joaquim Sarmento. Tendo o seu funeral sido na tarde da seguinte quarta-feira, com exéquias na igreja das Antas.
Nascido a 15 de dezembro de 1916, no Porto, Joaquim Sarmento
formou-se em Engenharia Civil na FEUP (em 1939) com média de 17 valores, ao lado
de nomes como Edgar Cardoso. Um ano depois, iniciou o seu percurso como
professor daquela faculdade, onde viria a concluir o doutoramento em Engenharia
Civil em 1944. Seguiu-se brilhante e prestigiada carreira, até ter terminado
por fim seus dias a 10 de abril de 2018.
Conforme o currículo divulgado pela comunicação social, foi
docente na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) durante
quase meio século e, pelo meio, ainda ajudou a erguer edifícios emblemáticos da
cidade como em parte o Estádio das Antas (no qual foi autor do projeto da arquibancada, e não como vem na imprensa a dar ideia de ter sido do desenho inicial do estádio), mais o mercado do Bom Sucesso. Tornando-se assim,
então, Joaquim Augusto Ribeiro Sarmento figura incontornável, cuja história se
“confunde” com o progresso da própria cidade Invicta.
Segundo foi recordado por assistentes e alunos, era dotado
de “sólida formação nos domínios da Matemática, da Física e da Química”,
realçando que o seu mestre tomava cada novo projeto que lhe era entregue “como
se fosse o primeiro, procurando soluções inovadoras, nunca se contentando com a
reprodução de fórmulas rotineiras”. Enquanto, em paralelo com a carreira
docente, Joaquim Sarmento desenvolveu também um percurso de relevo como engenheiro civil. São da sua autoria, a título de exemplo, os projetos de
engenharia do conjunto das bancadas mais recentes do antigo Estádio das Antas (Arquibancada), das igrejas do Carvalhido e das Antas e
dos mercados do Bom Sucesso e de Matosinhos, obras ainda muito presentes na
consciência coletiva dos portuenses.
Foi vencedor do Prémio de Investigação Manuel Rocha, do
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (1987) e agraciado com a Grã-Cruz da
Ordem da Instrução Pública (2005). Foi também o primeiro português a ser
distinguido com o prestigiado Prémio Leonardo da Vinci, atribuído pela
SEFI-Société Européenne pour la Formation des Ingénieurs (2003). Em 2017,
Joaquim Sarmento foi homenageado pelo Departamento de Engenharia Civil da FEUP
através do lançamento de um livro focado na sua obra. Uma carreira que foi alvo
de homenagem ainda em vida, por ocasião do seu 100.º aniversário, e
que culminou na entrega da Medalha de Mérito Grau Ouro da Cidade pela Câmara
Municipal do Porto.
Em entrevista dada em 2004 à revista Engenharia & Vida, Joaquim
Sarmento confessava o seu gosto pelo desenho: “Em vez de desenhar para o
desenhador produzir, fazia-o com algum cuidado já para servir de plano de
execução nas obras”, explicava. E citava as suas intervenções no (já
desaparecido) Estádio e também na Igreja das Antas e nos mercados do Bom
Sucesso e de Matosinhos como momentos relevantes da sua carreira.
No mundo portista o engenheiro e professor Joaquim Sarmento
fica para sempre como autor do projeto de engenharia do fecho da Maratona e Arquibancada do Estádio das Antas, o Estádio
do Futebol Clube do Porto entre 1952 a 2004, desde a respetiva inauguração até
ter sido substituído pelo moderno Estádio do Dragão.
Apesar de pouco lembrado,
para não dizer esquecido, nas referências historiadoras sobre o anterior estádio
do FC Porto, sendo mais referidos o Arquiteto Oldemiro Carneiro no desenho e o
Engenheiro Miguel Resende nos cálculos, quanto ao edifício inicial, também o professor Joaquim Sarmento teve o
papel de projetista da bancada do lado da antiga entrada da maratona, a popular arquibancada que fechou o anfiteatro do estádio das Antas. Ficando em seu currículo com tal intervenção no mítico Estádio das Antas, conforme melhor transparecerá para além de sua morte.
Armando Pinto
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Isto quer dizer que jornais e revistas copiam uns pelos outros tudo e qualquer coisa, basta um escrever que vai tudo atrás, não importa se é ou não. Felizmente ainda há pessoas bem informadas para repor verdades.
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