Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

(Recordando) Valdemar Mota – 1º Olímpico do FC Porto: Na efeméride de seu desaparecimento físico


Viajando no tempo, pousa desta vez um voo da lembrança na ocorrência do falecimento de Valdemar Mota, há pouco mais de meio século – a propósito da efeméride referida e bem na página informática “Dragões Diário”, ao que aconteceu a 20 de abril de 1966:


«Há 52 anos, neste dia, o FC Porto chorava a morte de um dos mais extraordinários e completos desportistas: Waldemar Mota. Entrou aqui para jogar nos iniciados e para se tornar um dos melhores jogadores do nosso clube, o único que representou na carreira, nos anos 20 e 30. Avançado, marcou 177 golos em 163 jogos, conquistou 15 títulos, entre eles o Campeonato Nacional de 1934/35. Formou juntamente com Pinga e Acácio Mesquita os célebres “três diabos do meio-dia”, assim apelidados depois de os Dragões vencerem as melhores equipas da Europa no Natal de 1933. Foi também o primeiro atleta portista a participar nos Jogos Olímpicos e a capitanear a seleção nacional, pela qual somou 21 internacionalizações e marcou quatro golos.»

= Equipa do FC Porto da época de 1931/32 – Campeões de Portugal. Em cima da esquerda para a direta: Fernando Trindade, Jerónimo Faria, Francisco Castro, Artur de Sousa “Pinga”, Carlos Mesquita, Álvaro Sequeira, Lopes Carneiro, Valdemar Mota, Álvaro Pereira, Pedro Temudo e Joseph Szabo (Treinador). Em baixo pela mesma ordem, Siska (guarda-redes principal), Avelino Martins e Acácio Mesquita.=

= Equipa do FC Porto triunfante do campeonato de 1934/35, com todos os campeões medalhados e Valdemar Mota como porta-estandarte. =

Ora, Valdemar Mota da Fonseca, o célebre Valdemar Mota que foi um dos primeiros grandes ídolos do mundo portista, representou oficialmente o FC Porto durante 12 temporadas, desde 1926/27 até 1937/38. Tendo ao longo dessa sua carreira futebolística, além dos dados acima referidos, vencido 2 Campeonatos de Portugal, 1 Campeonato da 1ª Liga e 12 Campeonatos do Porto. Bem como na Seleção Nacional (em tempo de escassos jogos realizados pela equipa dita portuguesa) atuou em 21 jogos e marcou 4 golos, enquanto numa dessas vezes marcou 3 golos contra a Seleção de Itália, em jogo que Portugal venceu por 4-1. Entretanto fez parte da equipa representativa de Portugal que esteve nos Jogos Olímpicos de Amesterdão, em 1928, em cuja competição marcou o primeiro golo da Seleção Nacional contra o Chile, sendo assim o primeiro atleta olímpico do FC Porto. Na seleção A nacional Valdemar Mota teve um marco assinalável, ainda, como foi o caso de durante muitos anos ter sido detentor da marca de jogador mais novo a marcar 3 golos num jogo, então a 15 de abril de 1928, quando Portugal venceu no Porto a seleção da Itália por 4-1, com três golos do então extremo-direito do FC Porto ( recorde esse que durou 88 anos, até ter sido superado em Outubro de 2016 por André Silva, também futebolista do FC Porto, o qual em seu início de carreira se tornou aos 20 anos o mais novo internacional português a marcar 3 golos no mesmo jogo e como tal haver substituído Valdemar Mota nesse recorde duradouro).


Waldemar Mota da Fonseca (conforme a grafia do tempo), nascido na cidade do Porto a 18 de Março de 1906, foi jogador formado no FC Porto, clube de coração e único que representou, como médio e extremo direito de elevado quilate.


No Futebol Clube do Porto desde os iniciados, Valdemar Mota já como sénior ajudou o FC Porto a vencer importantes títulos, num tempo em que formou juntamente com Pinga e Acácio Mesquita o célebre meio-campo da equipa portista que ficou apelidado de “os três diabos do meio-dia” (depois do F.C. Porto ter vencido em alturas do Natal de 1933 o First de Viena e uma Seleção da Budapeste, jogos que se jogaram com início ao meio-dia).
= Casamento em 1929 =

Ainda no ativo futebolístico e em sinal da sua importância no mundo do espetáculo, sendo como sempre foi o futebol um fenómeno de atração, Valdemar Mota, então como grande estrela do FC Porto dos anos 30, foi convidado para uma aparição cinematográfica, tendo protagonizado, ao lado de Beatriz Costa, a comédia O Trevo de Quatro Folhas (filme de Chianca de Garcia, rodado em Agosto de 1935 e estreado publicamente em Janeiro de 1936, assim como teve apresentação e passagem no Rio de Janeiro em Março de 1937. Do qual parece que apenas subsiste um fragmento).


Depois de abandonar o futebol, Waldemar Mota continuou sendo uma figura conhecida do dia a dia portuense, tendo então se dedicado a negócio do ramo de venda de produtos alimentares e artigos domésticos, através duma loja de comércio tradicional. «Possuía uma mercearia fina que tinha clientela selecionada, cujo estabelecimento ficava próximo da entrada do Mercado do Bolhão e era frequentado pela burguesia da cidade do Porto.»


No decurso do tempo, sua fama que vinha de longe manteve-se no imaginário clubístico, tanto que na antiga Sede do FC Porto (ao lado da Câmara Municipal, na então chamada Praça do Município, hoje Pr. Humberto Delgado), junto à galeria de Internacionais de futebol, que pelos idos de finais da década de sessenta integrou o espólio memorial da antiga casa administrativa e museológica do clube, houve na presidência de Afonso Pinto de Magalhães também colocação duma galeria dos 3 primeiros atletas Olímpicos do FC Porto, por meio de quadros com os Olímpicos até esse tempo (com Valdemar Mota ao centro e a ladeá-lo os ciclistas Mário Silva e José Pacheco).


Também no estádio das Antas, no átrio principal da entrada, de ligação ao departamento de futebol, salas de reuniões e gabinetes (mais antigo bar social), constando nas paredes algumas fotos emolduradas, ali colocadas igualmente entre as iniciativas efetuadas durante a presidência de Pinto de Magahães, havia então uma galeria de honra onde estavam quadros com as fotografias de Valdemar Mota como 1º Olímpico do FC Porto (além de Pinga, como melhor de sempre e nome do trofeu do clube; Siska, como guarda-redes e treinador estrangeiro carismático na vida do clube; Virgílio, o mais Internacional até então; Soares dos Reis, como 1º guarda-redes Internacional; Vital, autor do 1º golo portista no estádio das Antas; e Hernâni como “Capitão” famoso do título Europeu Militar de 1958 e herói de taças e títulos de Campeões Nacionais na gesta dos anos cinquentas. Assim como mais tarde, ao tempo da presidência do Dr. Américo Sá e chefia de Nuno Pinto da Costa no Departamento de Futebol, noutras paredes foram colocadas fotografias emolduradas dos Campeões Nacionais de 1977/78, "Pedroto e seus Muchachos".).

Valdemar Mota faleceu em Abril de 1966, no dia 20. Tendo ficado sepultado no cemitério do Bonfim, no Porto.


O perfil de Valdemar Mota ficou entretanto bem vincado numa entrevista inserta na revista lisboeta Stadium, reportando à sua imagem - da qual para aqui transpomos imagens da página respetiva, com a mesma por inteiro e em recortes, para efeitos de enquadramento e melhor visibilidade.



Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))

Obs.: Sobre Valdemar Mota, confira-se ainda anteriores artigos deste blogue (clicando)
em

- Trio Maravilha ou os Três Diabos do Meio Dia

- Representantes Portistas nos Jogos Olímpicos

e com ligações fortes à atualidade
- Roda...

A. P.

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