Viajando no tempo, pousa desta vez um voo da lembrança na
ocorrência do falecimento de Valdemar Mota, há pouco mais de meio século – a
propósito da efeméride referida e bem na página informática “Dragões Diário”, ao
que aconteceu a 20 de abril de 1966:
«Há 52 anos, neste dia, o FC Porto chorava a morte de um dos
mais extraordinários e completos desportistas: Waldemar Mota. Entrou aqui para
jogar nos iniciados e para se tornar um dos melhores jogadores do nosso clube,
o único que representou na carreira, nos anos 20 e 30. Avançado, marcou 177
golos em 163 jogos, conquistou 15 títulos, entre eles o Campeonato Nacional de
1934/35. Formou juntamente com Pinga e Acácio Mesquita os célebres “três diabos
do meio-dia”, assim apelidados depois de os Dragões vencerem as melhores
equipas da Europa no Natal de 1933. Foi também o primeiro atleta portista a
participar nos Jogos Olímpicos e a capitanear a seleção nacional, pela qual
somou 21 internacionalizações e marcou quatro golos.»
= Equipa do FC Porto da época de 1931/32 – Campeões de
Portugal. Em cima da esquerda para a direta: Fernando Trindade, Jerónimo Faria, Francisco Castro, Artur de Sousa “Pinga”, Carlos
Mesquita, Álvaro Sequeira, Lopes Carneiro, Valdemar Mota, Álvaro Pereira, Pedro
Temudo e Joseph Szabo (Treinador). Em baixo pela mesma ordem, Siska
(guarda-redes principal), Avelino Martins e Acácio Mesquita.=
= Equipa do FC Porto triunfante do campeonato de 1934/35,
com todos os campeões medalhados e Valdemar Mota como porta-estandarte. =
Ora, Valdemar Mota da Fonseca, o célebre Valdemar Mota que
foi um dos primeiros grandes ídolos do mundo portista, representou oficialmente
o FC Porto durante 12 temporadas, desde 1926/27 até 1937/38. Tendo ao longo dessa
sua carreira futebolística, além dos dados acima referidos, vencido 2
Campeonatos de Portugal, 1 Campeonato da 1ª Liga e 12 Campeonatos do Porto. Bem
como na Seleção Nacional (em tempo de escassos jogos realizados pela equipa
dita portuguesa) atuou em 21 jogos e marcou 4 golos, enquanto numa dessas vezes
marcou 3 golos contra a Seleção de Itália, em jogo que Portugal venceu por 4-1.
Entretanto fez parte da equipa representativa de Portugal que esteve nos Jogos
Olímpicos de Amesterdão, em 1928, em cuja competição marcou o primeiro golo da
Seleção Nacional contra o Chile, sendo assim o primeiro atleta olímpico do FC Porto.
Na seleção A nacional Valdemar Mota teve um marco assinalável, ainda, como foi
o caso de durante muitos anos ter sido detentor da marca de jogador mais novo a
marcar 3 golos num jogo, então a 15 de abril de 1928, quando Portugal venceu no
Porto a seleção da Itália por 4-1, com três golos do então extremo-direito do
FC Porto ( recorde esse que durou 88 anos, até ter sido superado em Outubro de 2016 por
André Silva, também futebolista do FC Porto, o qual em seu início de carreira se
tornou aos 20 anos o mais novo internacional português a marcar 3 golos no
mesmo jogo e como tal haver substituído Valdemar Mota nesse recorde duradouro).
Waldemar Mota da Fonseca (conforme a grafia do tempo), nascido
na cidade do Porto a 18 de Março de 1906, foi jogador formado no FC Porto, clube
de coração e único que representou, como médio e extremo direito de elevado quilate.
No Futebol Clube do Porto desde os iniciados, Valdemar Mota
já como sénior ajudou o FC Porto a vencer importantes títulos, num tempo em que
formou juntamente com Pinga e Acácio Mesquita o célebre meio-campo da equipa
portista que ficou apelidado de “os três diabos do meio-dia” (depois do F.C.
Porto ter vencido em alturas do Natal de 1933 o First de Viena e uma Seleção da
Budapeste, jogos que se jogaram com início ao meio-dia).
= Casamento em 1929 =
Ainda no ativo futebolístico e em sinal da sua importância
no mundo do espetáculo, sendo como sempre foi o futebol um fenómeno de atração,
Valdemar Mota, então como grande estrela do FC Porto dos anos 30, foi convidado
para uma aparição cinematográfica, tendo protagonizado, ao lado de Beatriz
Costa, a comédia O Trevo de Quatro Folhas (filme de Chianca de Garcia, rodado
em Agosto de 1935 e estreado publicamente em Janeiro de 1936, assim como teve apresentação
e passagem no Rio de Janeiro em Março de 1937. Do qual parece que apenas
subsiste um fragmento).
Depois de abandonar o futebol, Waldemar Mota continuou sendo
uma figura conhecida do dia a dia portuense, tendo então se dedicado a negócio do
ramo de venda de produtos alimentares e artigos domésticos, através duma loja de comércio
tradicional. «Possuía uma mercearia fina que tinha clientela selecionada, cujo
estabelecimento ficava próximo da entrada do Mercado do Bolhão e era frequentado
pela burguesia da cidade do Porto.»
No decurso do tempo, sua fama que vinha de longe manteve-se
no imaginário clubístico, tanto que na antiga Sede do FC Porto (ao lado da Câmara Municipal, na então chamada Praça do Município, hoje Pr. Humberto Delgado), junto à galeria de
Internacionais de futebol, que pelos idos de finais da década de sessenta
integrou o espólio memorial da antiga casa administrativa e museológica do
clube, houve na presidência de Afonso Pinto de Magalhães também colocação duma galeria dos 3 primeiros atletas Olímpicos do
FC Porto, por meio de quadros com os Olímpicos até esse tempo (com Valdemar Mota
ao centro e a ladeá-lo os ciclistas Mário Silva e José Pacheco).
Também no estádio das Antas, no átrio principal da entrada,
de ligação ao departamento de futebol, salas de reuniões e gabinetes (mais
antigo bar social), constando nas paredes algumas fotos emolduradas, ali colocadas igualmente entre as iniciativas efetuadas durante a presidência de Pinto de Magahães, havia
então uma galeria de honra onde estavam quadros com as fotografias de Valdemar
Mota como 1º Olímpico do FC Porto (além de Pinga, como melhor de sempre e nome
do trofeu do clube; Siska, como guarda-redes e treinador estrangeiro carismático
na vida do clube; Virgílio, o mais Internacional até então; Soares dos Reis,
como 1º guarda-redes Internacional; Vital, autor do 1º golo portista no estádio
das Antas; e Hernâni como “Capitão” famoso do título Europeu Militar de 1958 e herói de taças e títulos de Campeões Nacionais na gesta dos anos cinquentas. Assim como mais tarde, ao tempo da presidência do Dr. Américo Sá e chefia de Nuno Pinto da Costa no Departamento de Futebol, noutras paredes foram colocadas fotografias emolduradas dos Campeões Nacionais de 1977/78, "Pedroto e seus Muchachos".).
Valdemar Mota faleceu em Abril de 1966, no dia 20. Tendo ficado
sepultado no cemitério do Bonfim, no Porto.
O perfil de Valdemar Mota ficou entretanto bem vincado numa entrevista inserta na revista lisboeta Stadium, reportando à sua imagem - da qual para aqui transpomos imagens da página respetiva, com a mesma por inteiro e em recortes, para efeitos de enquadramento e melhor visibilidade.
Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))
Obs.: Sobre Valdemar Mota, confira-se ainda anteriores
artigos deste blogue (clicando)
em
em
- Trio Maravilha ou os Três Diabos do Meio Dia
- Representantes Portistas nos Jogos Olímpicos
e com ligações fortes à atualidade
- Roda...
A. P.
Muito bom! Abraço.
ResponderEliminarFernando Moreira.