A 16 de novembro de 2003, num domingo de soalheira tarde de verão de São Martinho, cedo começada em ambiente festivo, resultante do aglomerado e entusiasmo da grande multidão portista que encheu por completo toda a zona das Antas e a nova área urbana do Dragão, foi ao final do dia solenemente aberto ao público o novo estádio do Dragão. Decorrendo então belo cerimonial da inauguração já com aragem fria de noite outonal, mas com os corações bem quentes de fervor clubista.
Faz agora em 2023 já 20 anos, de quando também eu ali estive de pele eriçada pelo frio de regelar o corpo, à mistura com apaixonada visão e sentimental vivência de tão importante momento da vida do clube do coração.
Ora, o mais bem-sucedido estádio português está de parabéns. A 16 de novembro de 2003 era inaugurado este digno sucessor do saudoso estádio das Antas, sendo o atual autêntico palco dos sonhos de todos os portistas há exatamente 20 anos. Desde aquele inesquecível serão de domingo que reuniu mais de 51 mil adeptos azuis e brancos, enquanto no prato-forte do programa respetivo o FC Porto recebia o Barcelona num jogo que marcou a estreia de dois históricos do futebol: o Dragão e Lionel Messi. Tendo no 1º jogo, o jogo da festa da inauguração, ficado: FC Porto, 2 - Barcelona, 0.
Tiago deu o pontapé de saída, Bruno Moraes desferiu o primeiro remate, Vítor Baía fez a primeira defesa e Derlei assinou o primeiro golo, de penalti. Hugo Almeida fez o segundo, de cabeça, ficando assim carimbada historicamente a vitória dos portistas frente aos catalães por 2-0. (Depois, devido a questões relacionadas com o então recém-instalado relvado do terreno de jogo, o anfiteatro da Invicta só viria a acolher o primeiro jogo oficial em fevereiro do seguinte ano de 2004, na vitória por 2-1 sobre o Leiria, bem a tempo de ver o FC Porto sagrar-se Campeão Nacional, da Europa e do Mundo). Desde então, só o Camp Nou, a Allianz Arena e o Parque do Príncipes festejaram mais conquistas.
Entre os números e nomes incontornáveis do Dragão sobressaem os sempre referidos de Derlei, Maniche, Sérgio Conceição, mais Helton (com mais jogos), Jackson Martínez (com mais golos) ou Pepe (mais velho), mas há outras tantas figuras do futebol com uma ligação umbilical ao novo estádio do FC Porto… Que o diga Lionel Messi, que fez a estreia como sénior na noite da inauguração e regressou - dez anos e quatro das suas Bolas de Ouro depois - ao palco dos sonhos de todos os portistas para o jogo de despedida de Deco. E há a registar o facto de André Villas-Boas ter sido e ser o treinador mais jovem a festejar a conquista de um título internacional no Dragão, obtendo um trofeu europeu oficial, quando com 33 anos e 213 dias foi o treinador da vitória do FC Porto na Liga Europa de 2011, efusivamente comemorada depois no Dragão (em cuja era do novo e atual estádio portista José Mourinho foi o primeiro a conquistar um trofeu europeu, na vitória na Liga dos Campeões Europeus de 2004, contudo não acompanhou a equipa no regresso festivo para a comemoração que se seguiu no Dragão).
Em dados formais, Maniche foi o autor do primeiro golo oficial da história do Dragão, contra o União de Leiria para o Campeonato Nacional da Liga portuguesa - 83 dias depois da inauguração do estádio, já com novo tapete relvado - e, em outubro de 2020 Pepe tornou-se o futebolista mais velho a marcar com a camisola azul e branca na nova casa (com 37 anos, 7 meses e 7 dias). O atual treinador Sérgio Conceição é o que mais vezes se sentou oficialmente no banco dos responsáveis ali. Entre diversas curiosidades relacionadas, como jogos e golos de jogadores que sucessivamente vão acrescento números e factos ao longo dos anos.
Hoje os olhos dos portistas gostam de contemplar a imponente obra na zona Oriental da cidade do Porto. E gostamos de ali estar. Tal como sentimos como coisa propriedade nossa, algo nosso.
Aumentando o pecúlio, o ainda muito jovem mas já adulto estádio novo do FC Porto teve também a visita presencial de atletas campeões das diversas modalidades do clube a receberem apóteoses de reconhecimento, em voltas de honra ao recinto para mostrarem ao público taças de grandes vitórias. Tal como no seu interior acolhe o também atual museu portista, o Museu FC Porto by BMG, onde constam alguns dos muitos trofeus do património histórico do Clube. Além das diversas instalações espalhadas, entre áreas de apoio às atividades, até auditórios e estacionamentos. Tendo nesses espaços se vivido infelizmente também, ainda recentemente, os tristes acontecimentos da noite negra de 13 deste mês e ano, na realização mais mal organizada de sempre por uma Direção do Clube, com a Assembleia Geral depois transferida para o pavilhão Dragão Arena – onde se passaram as mais lamentáveis cenas perpetradas pela claque organizada, transformada em braço armado dos órgãos diretivos em funções, com os elementos da Direção a assistirem calados. Noite de memória triste e infeliz, que pelos piores motivos fica para a história pesarosa da gloriosa coletividade azul e branca, onde nunca se passara por algo assim em 130 anos de memórias.
Acresce a tudo isso, recorde-se ainda, que também o estádio do Dragão já foi palco de grandes eventos internacionais, além dos Campeonato Nacionais já vividos e celebrados durante estes 20 anos de vida, mais as conquistas dos triunfos internacionais.
Nesta data, para assinalar tão inesquecível efeméride, da inauguração, ilustramos o tema com algumas imagens de recordações alusivas do mesmo dia e adereços dos mais variados formatos e meios relativos à ocasião, do acervo pessoal. Através de fotografias captando objetos, livros, revistas e jornais, quão aqui fica a demonstrar visualmente toda essa envolvência, por quanto no aspeto mais íntimo perdura o que só o coração sabe melhor enquanto vai pulsando.
Na pertinência de mais este aniversário do estádio do Dragão, é vez também de lembrar a caminhada anteriormente decorrida até à constução do estádio novo, deitando olhos a um livro raro, dos que felizmente conseguimos ter em nossa biblioteca particular, cujo título aqui se mostra e relembra. Por quanto isso se envolveu afinal na vida de quem seguiu atentamente esse desenvolvimento – O PROJECTO URBANO DAS ANTAS”. Livro publicado em novembro de 2005, quando o estádio fazia 2 anos. A deixar marcas dos riscos e estudos, e tudo mais. Nesta realidade que é o estádio do Dragão, o nosso palco dos sonhos, onde vemos a bola a entrar na baliza como ansiamos e vibramos, bem como gostamos de ver taças a reluzir perante o efeito dos holofotes em voltas de honra dos atletas do FC Porto, quão de ver irem ao centro do terreno jovens artistas de outras modalidades a receberem aplausos dos apoiantes gratos às conquistas de títulos de campeões do FC Porto.
Armando Pinto
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