Vem de longe a tradição da seleção portuguesa de futebol ser
mais dos organismos federativos, em vez de representar o todo nacional. Fama, afinal, de
ser regida por escolhas segundo interesses dos maiorais do sistema desportivo
luso, que teve pontos cumeados nas injustiças perpetradas nas escolhas de Luz
Afonso e Otto Glória aquando do Mundial de 1966 e na palermice de Scolari na
campanha culminada no Europeu de 2004, entre tantos e diversificados "casos".
Desta feita, o tema traz a lume anterior ocorrência, do início dessa sequência, dando para evocar Lino Moreira e Artur Augusto (individualmente nas imagens de cima), que integraram a equipa do FC Porto triunfante na primeira prova oficial a nível geral do país.
Recuando aos primórdios, então, aos tempos em que o FC Porto teve os primeiros campeões de Portugal, recorde-se, a propósito da
efeméride do dia:
A 25 de novembro de 1921 Lino Moreira e Artur Augusto
tornavam-se os primeiros futebolistas do FC Porto a serem convocados para a
seleção nacional. Foi há 95 anos e desde então o FC Porto manteve sempre a
tradição de ceder atletas à seleção e também a seleções de outros países.
Contudo, nessa primeira vez, em 1921, acabou por ter jogado
somente Artur Augusto, ficando então de fora Lino Moreira, e não só…
(Imagem de Dezembro de 1921, que, como se nota pela legenda, foi publicada numa revista da especialidade há quase quatro décadas...)
Ora, assim sendo, logo nessa primeira ocasião em que foi escolhida uma
seleção para representar Portugal começou a saga que leva a que as seleções
ditas portuguesas não sejam assim de verdade, como se tem sentido pelos tempos
fora. Há diversas referências ao facto de tal pontapé de saída, ao início dos
anos 20, do século XX, cuja ocorrência foi muito bem descrita em resumo de Fernando
Moreira no seu trabalho “Dragões de Azul Forte - Retalhos da história,
conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do F. C. do Porto”, no
blogue “Bibó Porto, carago”:
» … A escolha dos que integrariam a equipa estava a cargo da
Comissão Técnica da Associação de Futebol de Lisboa. Logo de início foi notório
o desentendimento no seio daquela comissão… Por outro lado, a Norte, a
Associação de Futebol do Porto foi surpreendida (ou talvez nem por isso…) pela
não chamada de dois atletas do FC Porto que eram apontados pela imprensa como
indiscutíveis: António Lino Moreira, guarda-redes, e José Tavares Bastos, um
avançado de grande categoria. Apenas o portista Artur Augusto (por sinal… lisboeta)
havia sido convocado. O afrontamento provocou no Norte um clima de contestação
sem precedentes e a emotividade atingiu níveis impensáveis. A revista “Sport”,
na edição de 17 de Dezembro de 1921, véspera do jogo de Madrid, zurzia nos
poderes de Lisboa publicando o seguinte artigo, sob o título “Uma selecção que
nada representa”»
Na pertinência desta lembrança, trazemos também à baila o
tema do Mundial de 1966, já que o caso de Vítor Baía, em 2003/2004, ainda é de
fresca memória. Evocando-se agora o tema da convocatória de 1966 por terem sido convocados seis elementos da equipa principal do FC Porto, tal como se vê
na foto anexa (abaixo), referente à concentração para os treinos que levaram à escolha final dos
22 que integraram a delegação portuguesa dos Magriços de Inglaterra; mas dessa meia dúzia de portistas
inicialmente lembrados depois só metade ficou nos selecionados, tendo sido mandados embora três e, por fim, desses só um jogou na fase final…
Repare-se assim na fotografia, onde se vêm, entre os que
estiveram concentrados no estágio preliminar para o Mundial de 1966, os futebolistas
do FC Porto Nóbrega, Américo, Jaime e Pinto (na primeira fila, sentados em 2º,
4º, 6º e 10º lugares a partir da esquerda), Festa, (primeiro da segunda fila, à
esquerda) e Almeida (na fila de trás, último da direita ao cimo).
Assim sendo, avivamos a lembrança sobre essa campanha dos Magriços,
que nunca é demasiado lembrar para fazer justiça a Américo, ao menos, por
quanto ele foi referência e representa na história do F C Porto e do desporto
nacional. Américo que foi o grande injustiçado do futebol português, quanto a
internacionalizações pela seleção dita portuguesa, como ficou para a história.
Mas, apesar de tudo, foi o melhor guarda-redes português da década dos anos
sessentas. Em tempo do sistema BSB (do sistema das presidências federativas
circunscritas a serem comandadas por homens de Benfica, Sporting e Belenenses).
Américo era o melhor guarda-redes português, mas no Mundial de 1966 ficou a ver
os jogos no banco de suplentes, porque tinham que jogar os dos clubes dos
dirigentes federativos. Motivo porque do lote dos 22 “Magriços” (como foram
chamados os futebolistas dessa campanha), do F C Porto só o defesa Alberto
Festa pôde jogar e apenas em metade dos jogos dessa fase final. Ficando Américo
e Custódio Pinto a suplentes, enquanto Nóbrega, que até chegou a ter feito o
fato oficial para o efeito, ficou fora a ver os jogos pela televisão, preterido
quase nos últimos dias, indo em sua vez um que jogava num clube pequeno mas que
estava já comprometido com um dos clubes grandes de Lisboa.
= Américo, o primeiro "Baliza de Prata" Português!
Atendendo a essa simpatia que Américo sempre me merece, foi
com grande prazer que mais tarde, já em Outubro de 2016, pude visitar seu museu
particular e ver bem diante dos olhos a camisola que ele vestia e outras
recordações dessas eras. Sendo com muita honra que fiquei ao seu lado em fotos
que guardo…»
Armando Pinto
(Clicar sobre as imagens, para ampliar )))
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