Está a chegar às estradas portuguesas a famosa Volta a Portugal
em Bicicleta, que, desta feita, irá percorrer parte do país ao longo de 11 dias
de competição, desde a partida em Lisboa até à chegada a Viseu. Mantendo também parte do interesse, na linha de tradicionalmente
ser um importante acontecimento desportivo do verão português, este ano a desenrolar-se
de 4 a 15 deste mês de agosto. Sendo de estranhar, contudo, que mais uma vez
não passe pela cidade do Porto, atendendo à Invicta ser naturalmente considerada
capital do Norte, pelo menos, além de ser do Porto a equipa que tem sido a mais
forte, enquanto o povo portuense sempre proporciona grandes manifestações de apoio vibrante à caravana dos ciclistas.
Fora isso e outros considerandos que dariam outras voltas, há
um tema evidente no meio da volta dada pela memória dessa competição tão
simbólica na identidade desportiva nacional:
A Volta a Portugal em Bicicleta, realizada a primeira vez em
1927, comemora 90 anos neste ano da realização da sua 79ª edição, levando por
isso na roda a Volta de 2017 a ser a Volta dos 90 anos. Em cujo âmbito está a ser
feita uma homenagem oficial a alguns ciclistas salientes da história da grande corrida portuguesa,
embora sem fazer justiça a outros tão ou mais notáveis.
Então, nesta homenagem da organização da atual Volta a
Portugal dos 90 anos, através de diversas iniciativas, estão a ser salientados,
dos demais vencedores de todas as Voltas, apenas os que venceram mais que uma
edição, com exceção do que venceu a primeira. Sendo 14 os nomes considerados
nesse rol, desde o 1º, António Augusto Carvalho, que venceu uma Volta, e os
vencedores por duas, três e quatro vezes, que se enumeram por ordem alfabética
do nome por que eram referenciados e são mais conhecidos: Alfredo Trindade, Alves
Barbosa, David Blanco, Dias dos Santos, Gustavo Veloso, Joaquim Agostinho, Joaquim
Gomes, José Albuquerque, José Maria Nicolau, José Martins, Marco Chagas, Orlando
Rodrigues e Ribeiro da Silva. Ficando de fora dessa lembrança alguns grandes
animadores da popularidade da Volta, vencedores uma vez e quantas vezes mais favoritos, como por exemplo Fernando Moreira, tão
popular em seu tempo e muito depois ainda, autêntico rei das multidões e dos
mais idolatrados de sempre, bem como Fernando Moreira de Sá, Carlos Carvalho, Sousa
Cardoso, Mário Silva, José Pacheco, João Roque, Joaquim Leão, Peixoto Alves,
Joaquim Andrade, Manuel Zeferino, Belmiro Silva, Joaquim Sousa Santos, Fernando
Carvalho, Venceslau Fernandes, Cássio Freitas, Nuno Ribeiro, Jorge Silva, Ricardo Mestre, Rui
Vinhas. E, mais, houve entretanto também grandes ciclistas que não inscreveram seu nome por
qualquer razão na lista dos triunfadores, mas foram grandes intervenientes,
além de portadores da camisola amarela durante largos dias, como, entre outros,
uns Aniceto Bruno, Eduardo Lopes, Onofre Tavares, Amândio Cardoso, Luciano Sá, Sousa
Santos (pai), Artur Coelho, Alberto Moreira Copi, Américo Raposo, Azevedo Maia,
Alberto Carvalho, Jorge Corvo, Mário Sá, Ernesto Coelho, Leonel Miranda, Firmino
Bernardino, Cosme de Oliveira, Gabriel Azevedo, Custódio Gomes, Joaquim Leite,
José Amaro, Alexandre Ruas, Cândido Barbosa, etc.
Estes todos e mais uns quantos, por certo, bem davam para uma galeria verdadeira de Notáveis da
Volta. Tanto que nos 90 Anos da Volta a Portugal de ciclismo seria mais justo
homenagear 90 figuras maiores do historial da Volta – contando os vencedores ao
longos das 79 edições e mais os que podiam ter sido vencedores!
No âmbito da homenagem oficial aos 14 notáveis lembrados, entre
outras realizações e publicações, foi também feita uma coleção de sacos de açúcar,
as populares saquetas com açúcar de deitar ao café, que, naturalmente, chegaram às mãos do
público frequentador de estabelecimentos de cafetaria e restauração, interessando a colecionadores e apreciadores, numa série
de 15 exemplares, contando os homenageados e mais o logotipo da Volta com a
enumeração das etapas. Desse conjunto, para memória portista pessoal, guardou o
autor destas linhas os saquitos referentes aos Vencedores da Volta que
representaram o FC Porto como tal, conforme é o caso de Dias dos Santos, vencedor
por duas vezes e ambas pelo FC Porto e Marco Chagas, vencedor de uma pelo FC
Porto, a primeira das suas quatro vitórias homologadas, bem como Gustavo Veloso, atual ciclista portista e que bem pode vencer ainda pelo FC Porto também.
Fica-se assim com certo sabor adoçante, no caso, como em dose clínica popularmente se faz para evitar o amargo da saúde, em vez de açucarada consagração, como seria devido
aos laureados da histórica Volta a Portugal. Contudo, qual coletânea de
memorização, aqui com coroa de louros em nossa memória.
Armando Pinto
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