Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Efeméride do 1.º jogo da Taça dos Campeões Europeus do Hóquei Patinado Portista em casa... após o início europeu da 1.ª mão na Alemanha!

A 6 de junho de 1970  um sábado nesse ano  com o Pavilhão dos Desportos do Palácio de Cristal repleto de público, pela primeira vez teve lugar na cidade do Porto um jogo internacional de hóquei em patins a contar para uma oficial prova europeia de clubes. Tendo-se então defrontado o FC Porto, representante português, e o campeão da Alemanha Federal, Rollsport Reimscheid, em jogo da Taça dos Campeões Europeus.

Jogava-se ali o encontro da 2ª mão da 2ª eliminatória da Taça dos Campeões Europeus de 1970, após o jogo da 1ª mão já realizado em maio na ao tempo Alemanha ocidental. O FC Porto havia ficado isento da disputa da 1ª eliminatória, e entrara assim na 2ª, que correspondia também aos quartos-de-final, conforme o quadro institucional à época, nessa mais importante e ainda única taça europeia do hóquei patinado, pela concorrência então contar apenas os campeões dos países mais desenvolvidos na modalidade.

Nesse cenário e com o Porto hoquístico a viver noite europeia de gala, o FC Porto recebia assim os hoquistas alemães. Nesse tempo em que a Alemanha estava dividida em duas partes, devido às consequências políticas pós-Guerra (após a II Grande Guerra), existindo o triste Muro de Berlim. Indiferente a isso, mesmo porque naquele tempo nem se sabia quase nada de política social mas simplesmente o que era de bom tom sair nas notícias, a atenção esteve apenas no acontecimento desportivo em si. Tendo o espetáculo tido início com a distribuição de medalhas aos Campeões Metropolitanos, a anteceder a entrega da Taça do Campeonato Metropolitano ao FC Porto, vencedor na época anterior, em 1969, e como tal representante do Continente português à Taça dos Campeões Europeus.

Na ocasião a equipa do FC Porto estava um pouco desfalcada pela ausência, que se pensava ainda ser temporária, do histórico capitão Alexandre Magalhães, a quem havia falecido seu pai e tivera de interromper a atividade desportiva por via de sua vida familiar. Tendo assumido o cargo de capitão o seguinte mais antigo da equipa, Joaquim Leite.

Seguiu-se o jogo, iniciado em ambiente de satisfação coletiva e confiança no desfecho da eliminatória, atendendo ao dilatado resultado de 10-2 a favor do FC Porto verificado nas longínquas paragens germânicas. Mais ampliado seguidamente com a meia dúzia de golos marcados pelos hoquistas azuis e brancos no decorrer da 1ª parte. Até que na 2ª parte pairou certa surpresa, com o resultado a encolher a diferença, embora sempre com boa diferença, acabando vitorioso por 8-5.

= Pose das duas equipas, perfiladas conjuntamente.

Disso tudo ficou registado o desenrolar da ocorrência em pequena reportagem no jornal O Porto da semana seguinte (sendo que o mesmo órgão oficial do clube saía ao sábado, conforme apareceu aos leitores na edição do dia 13). 

Estava dado o primeiro passo, melhor dizendo as primeiras patinadelas, no começo das participações do Hóquei em Patins do FC Porto nas provas oficiais europeias, em 1970. Volvidos meses da conquista do “Campeonato Metropolitano” de 1969 e seguinte lugar de vice-campeão nacional no mesmo ano. Sendo o Nacional disputado entre o Campeão Metropolitano (da Metrópole Continental) e os Campeões das províncias ultramarinas de Angola e Moçambique. Com o primeiro jogo europeu a nível oficial na Alemanha, naquele tempo em que por aqueles lados ainda o rinque de jogos da equipa anfitriã era ao ar livre  como documenta a foto coeva captada por um elemento da caravana portista. 

 

Assim começara a participação portista na fase de eliminatórias da Taça dos Campeões Europeus com a ida à Alemanha, para os quartos-de-final da prova, em confronto com os campeões germânicos do Rollsport Reimscheid. De cujo jogo, da 1ª mão, há que recordar algo através de imagens ilustrativas de momentos anteriores ao jogo, como recordação da viagem e sobretudo pela visão do local do mesmo jogo, durante a curta estadia.


Como ilustração junta-se uma sequência de imagens particulares, a contar já com uma individual de Cristiano, em pose de recordação, com o piso do rinque por cenário. Cristiano era então jovem craque da modalidade e bandeira do hóquei portista, sendo um dos representantes do F C Porto nas seleções nacionais de juniores (junto com Fernando Barbot, Castro e Júlio, os primeiros campeões europeus formados do F C Porto, como foram ao serviço da camisola das quinas) e único portista que ia à seleção A… Como, salvo raríssimas exceções (sobretudo uma ou outra chamada rara do guarda-redes João Brito e mais tarde do Castro também), aconteceria ainda, depois, durante anos a fio  sagrando-se entretanto e posteriormente Cristiano também Campeão Europeu e Mundial com a seleção de seniores e inclusive sido melhor marcador num Mundial, disputado na Argentina.

Por esses tempos, de 1969/1970, a equipa era composta pelos elementos integrantes da fotografia junta, ou seja, pela ordem captada (desde cima e da esquerda para a direita), Hernâni Martins, Cristiano, Leite, Magalhães; Fernandes, Castro, Brito e Ricardo. Mais (dos que não ficaram nesta foto) uns Júlio, Joel, Rui Caetano, Luís Caetano, Sobral, Graça, Orlando, etc. Ainda se contava com o “capitão” Alexandre Magalhães (que momentaneamente interrompera a atividade e volvido algum tempo passaria a ser treinador pouco depois, ficando a orientar a equipa principal do F C Porto a partir do jogo das meias finais contra o Réus de Espanha, durante a mesma época).

Voltando com o filme atrás, a acertar o enquadramento, contava então ainda a estreia internacional, em apreço. Ressaltando o começo vitorioso, perante o Rollsport Reimscheid. Revestindo-se naturalmente de expetativa e consequente marcação tal ocorrência, tendo o pontapé de saída sido dado com a concludente vitória do F C Porto na Alemanha  por 2-10, ou seja por dez tentos dos visitantes portugueses contra dois dos visitados alemães, no reduto teutão (a que correspondeu na resposta a nova e mais descontraída vitória por 8-5 no jogo da 2ª mão, no Porto). Havendo ficado na memória da deslocação à então Alemanha Federal diversas curiosidades, num jogo disputado em rinque aberto e dentro do espaço dum parque de lazer, ao género de jardim florestal citadino. Como revelam as anexas fotografias relativas, da chegada ao parque e inerente visualização do rinque, de Reimscheid.


Repare-se assim, quer na panorâmica do recinto de jogo, como na turística ambientação do grupo, ladeando o célebre treinador desse tempo, Laurentino Soares. Tal como, em baixo, o conjunto que por fim posou no local do desafio – vendo-se, a partir da esquerda, Zé Fernandes, Castro, Júlio, Cristiano, Hernâni e Joaquim Leite.


Foi há muito, muito tempo... e o hóquei patinado do F C Porto, nesses tempos de Cristiano e seus pares, começava a esticar-se pelo movimento entusiasmante que crescia dentro do clube das camisolas de listas alvi-aniladas, das duas listas azuis sobre fundo branco, na mistura da cor das próprias veias dos atletas com a alvura da cor das asas dos poetas. 

Armando Pinto
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