Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

terça-feira, 16 de maio de 2023

Na efeméride da infeliz noite Uefeira da final da Taça das Taças de Basileia/1984 - lembrança da Taça Reparação oferecida depois por portugueses via programa 1,2,3 da RTP...

A 16 de maio de 1984 o FC Porto pela primeira vez chegava a uma final europeia de futebol, estando presente na disputa da final da Taça das Taças, também conhecida por Taça dos vencedores das taças, nesse ano realizada na Suíça. Ocorrendo então aquela noite que ficou considerada negra em Basileia: «Do lado de lá estava um adversário com cinco Campeões do Mundo pela Itália e estrangeiros do gabarito de Platini, mas o grande trunfo da Juventus chamou-se Adolf Prokop. O árbitro alemão que espiava para a polícia política do RDA - enquanto embrulhava resultados do lado de lá do Muro - levou a “velha senhora” Juventus ao colo quando não marcou dois penáltis contra os transalpinos nem falta de Boniek sobre João Pinto no lance do 2-1. 


Espoliados do troféu, os atletas azuis e brancos revoltaram-se contra o “roubo histórico” que os impediu de erguer a Taça das Taças.» Revolta sofrida extensivamente aos dirigentes e sobretudo à massa associativa e mundo de adeptos azuis e brancos.

Ora, essa triste memória vem à tona das lembranças porque, apesar de tudo, ainda houve portugueses que sentiram a afronta ao país, através do futebol. Embora houvesse alguns que ficaram contentes com o sucedido, como se notou em conversas públicas, mais programas televisivos e peças jornalísticas. Mas a esses a resposta foi adequada pelo tempo adiante… Pois como se costuma dizer que pragas rogadas com razão surtem efeito, além da praga de Guttman contra o Benfica, depois pegou mesmo a praga dos portistas ofendidos e plenos de razão contra benfiquistas e sportinguistas, tanto que os dois clubes da segunda circular de Lisboa desde aí perderam todas as finais europeias de seniores em que se viram envolvidos…

Assim, na oportunidade, calha a propósito lembrar que meses depois, da final de Basileia, após campanha nacional em outubro seguinte foi entregue ao FC Porto uma taça de reparação e reconhecimento, através de subscrição pública a reverter para esse grande taça de prata… que aqui se recorda. 

  

Com efeito, a 11 de outubro de 1984 foi entregue publicamente ao FC Porto uma significativa taça grande, recebida através dos jogadores ao tempo integrantes da equipa principal na época de 1984/85, em representação dos heróis de Basileia de 1984, como resposta ao facto de, meses antes, a equipa do FC Porto ter sido despojada da Taça das Taças frente à Juventus. Então foi solenemente dada uma réplica do troféu, oferecida por adeptos do clube FC Porto e de outros clubes. Tendo esse grandioso troféu, avaliado em mais de mil contos (em linguagem da época), resultado de uma subscrição pública, a que aderiram inclusive clubes vários; e foi entregue ao FC Porto no Teatro Rivoli, no Porto, durante as gravações do concurso televisivo “1, 2, 3” da RTP.


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Pois... A primeira final europeia de futebol em que o FC Porto esteve presente resultou numa das mais gravosas roubalheiras internacionais vistas por muita gente, pela transmissão da televisão via Eurovisão. Sendo como tal uma daquelas “coisas” que não dá gosto recordar, mas não se pode esquecer. Associando-se sempre aquilo a uma espécie de jogada de bastidores, que mais tarde teve ainda outros contornos, incluindo algo relacionado ao que sucederia anos depois com um jogador daquela equipa italiana desse tempo, mais tarde dirigente do organismo europeu do futebol. Como tal sem se poder esquecer, para haver memória do mal que foi feito ao FC Porto dessa vez ao nível europeu, por então terem estado em jogo outros interesses, de marcas em equipas de poderes (sendo a Juventus patrocinada por importante marca de automóveis). Havendo isso originado depois que, em Portugal, através dum programa televisivo de grande impacto, à época, tivesse havido uma campanha a procurar redimir o facto de essa taça não ter ficado onde devia ser. Caso que, isso sim, é de recordar melhor e vem a talhe sempre que surge um motivo a avivar a memória de tal ferida, ocorrida a 16 de maio no distante ano de 1984. Tendo presente a taça grande que ficou no Museu do FC Porto, vinda do Programa de televisão 1, 2, 3 ("Um, Dois, Três") da RTP.


De realçar que essa campanha teve aderência e participação de grande número de tele-espetadores anónimos e gente conhecida, entre os quais Ramalho Eanes, então Presidente da República. Tendo tido apoio de Benfica, Belenenses e Vitória de Setúbal, também.


Ora, havendo o desfecho desse jogo tirado ao FC Porto praticamente a taça em disputa, além de um penalti descaradamente roubado ao Porto, mais um outro pelo menos duvidoso, e sobretudo com o golo decisivo a ter resultado duma evidente falta do avançado polaco Boniek, um dos estrangeiros então ao serviço da Juventus (tal como o francês Platini que ficou com a ficha manchada pelos casos conhecidos em que esteve associado ao longo dos tempos, entre o que para sempre fica ligado ao que se falou e escreveu nesse tempo)… mais tarde foi tentado reparar de alguma forma essa realidade em Portugal com a entrega de uma taça honrosamente reparadora. Facto concretizado, finalmente, através de iniciativa dum programa televisivo, chamado “1,2,3” da RTP, de Lisboa, por meio de subscrição pública. Havendo a entrega sido efetuada em outubro de 1984 durante a realização ao vivo duma edição desse programa, então realizado propositadamente num palco da cidade do Porto, no Rivoli, com a presença dos jogadores do plantel do FC Porto, sendo a taça entregue a Gomes, Zé Beto, Lima Pereira, João Pinto, Jaime Magalhães, Frasco, Inácio, Eurico, Costa e C.ª (assim como, porque se estava já em período da época seguinte, também alguns novos, como Futre) – conforme se recorda aqui e agora, também, com imagens de reportagem da publicação respetiva do mesmo programa, na então existente ”1,2,3 revista”


Dias depois, no jogo então disputado nas Antas, essa valiosa e estimada taça foi entregue à Direção do FC Porto, sendo pelas mãos do Presidente Pinto da Costa mostrada ao público presente no estádio do FC Porto.


Após isso ficou a taça orgulhosamente encimando uma das estruturas de troféus da antiga Sala-museu Afonso Pinto de Magalhães, no estádio das Antas, em exposição histórica do FC Porto.


E no atual Museu FC Porto by BMG, no estádio do Dragão, está em vitrina significativa  embora presentemente ainda com legenda errada, pois não foi oferecida apenas por sócios do clube, mas também por um universo nacional que incluiu clubes adversários e inclusive o Presidente da República desse tempo... .


De seus 23 quilos de prata, em fabrico de joalharia que custou 1. 300 Contos (no dinheiro da época), tem peso e tamanho à medida da dimensão de seu significado! 

Em remate de enquadramento memorando (com recurso a uma das revistas guardadas pelo autor desta lembrança), recorda-se a expressão do caso através do que na época foi publicado na "123 revista", própria de divulgação e programação do programa desse nome da estação televisiva RTP – conforme se regista com imagens das respetivas capa e contracapa, mais páginas interiores, reportando tão mediática ocorrência.  



ARMANDO PINTO

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