Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Homenagem a Pinga - na passagem de 60 anos de suas exéquias... (1963/2023)

 

Quando passam 60 anos do falecimento de Artur de Sousa “Pinga”, a 12 de julho de 1963, e seu funeral no dia seguinte, algo mais há a acrescentar em sua honra, tal a dimensão desse grande ídolo do futebol e sua aura faz jus.

Assim sendo, agora que passam também 60 anos de suas exéquias, desde 1963 a 2023, merece perpetuação a memória desse vulto do desporto que mobilizou a cidade do Porto em multidão acompanhante de seu corpo até à sepultura no cemitério de Agramonte, onde ficou em coval depois beneficiado com arranjos inaugurados no ano seguinte, na sepultura então construída pelo FC Porto (até que volvidos anos passou para o Mausoléu do FC Porto, inaugurado em 1968, no mesmo campo santo portuense). Cujo funeral foi descrito no jornal O Porto com enumeração, calcule-se, de inúmeros exemplos de gente portista, entre nomes que foi possível tomar nota pelo redator da reportagem, ocupando duas páginas do mesmo periódico oficial do Clube. Mais uma narrativa do próprio acompanhamento fúnebre.  

Na oportunidade desta lembrança, acresce ser pertinente memorizar seu percurso, neste caso através de um livro editado ainda em tempo de início de sua carreira. Um pequeno volume integrante da antiga “Coleção AZES”, publicada na década dos anos trinta.

A Coleção “AZES” foi uma publicação de Artur Oliveira Valença, “jornalista, escritor, editor, costureiro e empresário”, que entre diversas outras ações «em 1921 fundou o “Sporting”, Jornal Desportivo, o primeiro jornal desportivo bissemanário portuense que mais tarde deu origem ao mesmo, e foi o primeiro jornal desportivo diário português, durante 32 anos, sendo encerrado pela polícia política do antigo regime político português – segundo testemunho de um sobrinho-neto, Joffre Justino, em artigo ”O meu tio avô Artur Valença também um Preso Politico do Fascismo! (primeira prisão (?) 14 de Novembro de 1958)”, na sua página informática “Estrategizando - Notícias, Reflexão e Ação”. O qual também acrescenta que ele foi «editor e autor da várias publicações de temas e edições literárias dedicadas aos desportos Portugueses, tendo mesmo editado uma coleção com o nome “Azes”, da qual era o autor…» Em cuja série conseguiu publicar 7 livros, dedicados a desportistas de ciclismo, boxe e futebol, dos quais o n.º 7 foi dedicado a Pinga. Facto que merece relevo atendendo a que nessa coleção, além de terem sido dedicados números a desportistas de outros clubes, foram publicados também outros sobre Valdemar Mota e Álvaro Pereira, do FC Porto, sabendo que «Oliveira Valença foi ainda Presidente do Boavista Futebol Clube, que com ele na presidência passou para a camisola actual de xadrez preto e branco… e foi um dos principais lutadores contra o antigo regime…»

Ora, desse pequeno livro, publicado em 1935, em género de revista, é possível uma visão interessante, por meio de fotocópias coloridas constantes no arquivo aqui do autor destas linhas, graças a oferta de um amigo, possuidor dum exemplar original, que amavelmente ofereceu cópias digitalizadas vertidas para papel (e que pela raridade será melhor nem mencionar para não ser incomodado com mais pedidos). Como se pode ver por partilha de imagens de suas páginas.


Assim, tal como por este meio se consegue conhecer a história dos primeiros tempos da carreira desportiva de Pinga, também se fica com sabor de quanto valiam os antigos livrinhos dedicados aos desportistas. Neste caso acrescido de particularidades, tal o curioso facto de um amor platónico duma jovem por Pinga, quase à espécie dum "Amor de Perdição", naturalmente diferente em distância de tempo e resultados com a trama da célebre obra Camiliana desse título, mas de igual modo a puxar ao sentimentalismo.

Armando Pinto

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