A 5 de julho de 1964 Hernâni Ferreira da Silva, um dos
melhores futebolistas portugueses de todos os tempos, jogou pela última vez em
jogos oficiais com a camisola do FC Porto, seu e nosso clube do coração. Tendo
Hernâni sido autenticamente um fabuloso senhor General do futebol portista e português,
de tal modo que foi o motor do título europeu de seleções militares obtido na vitória
de Portugal no Torneio Internacional Militar em 1958, de Nações da NATO. Bem
como foi o grande senhor da geração dourada dos anos 50 que deram ao FC Porto
os títulos portistas de Campeões Nacionais de 1955/1956 e 1958/1959, mais as Taças
de Portugal ganhas em 1956 e 1958, além da célebre vitória em 1954 na inauguração
do antigo estádio da Luz e vitórias internacionais em diversos jogos com
equipas europeias e sul-americanas durante essa década de anos.
Admirado por muita gente, desde seus contemporâneos e quem
ainda o viu jogar ou acompanhou sua carreira por relatos escritos e falados, Hernâni
é também especialmente recordado até por quem apenas dele ouviu falar, pelo que
dele se diz, mas também pelas poucas imagens conhecidas ainda. Estando para ser
publicado um livro sobre ele mesmo, pelo gestor da página informática que tem
seu nome. Dele dizendo: Hernâni «era um líder dentro do campo, tendo sido
capitão do FC Porto, da Seleção Nacional e da Seleção Militar. A sua figura
carismática virou personagem do romance «Alma», de Manuel Alegre.» (Como refere
o amigo Carlos Martins, que tem em mãos essa atrativa e difícil tarefa, pela
dimensão de tal ídolo do futebol azul e branco!)
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A grande carreira de Hernâni Silva merecia um bom final, a nível
oficial, mas naquele tempo, com o sistema BSB a vigorar no máximo do faciosismo
do regime fascista, era impossível outro desfecho que não fosse um mau final, tendo
acontecido em jogo com o Benfica, por acaso na final da Taça de Portugal de
1964, mas se fosse noutra ocasião era para dar no mesmo. Assim, infelizmente,
no último jogo oficial de Hernâni aconteceu mais uma autêntica roubalheira, mas
dessa vez ainda por números mais concludentes tal a diferença colocada em
campo, com o FC Porto desde cedo reduzido, por expulsão dum jogador portista, após reclamação perante um penalti inexistente. Para
se ter ideia disso, basta ver como numa publicação do jornal A Bola, no volume “História
de 50 Anos do Desporto Português”, nos 50 anos desse jornal lisboeta e benfiquista
até à medula dos seus donos e senhores, acabou por “passar” um pouco do
ocorrido. Como se dá à estampa, em digitalização dessa sua parte.
Do mesmo jogo, atente-se também na crónica do jornal O Porto, embora em crónica algo "macia", atendendo a ser "Visado pela Censura", do regime... como eram os jornais nesse tempo. Mas, mesmo assim ainda conseguindo furar entre as trevas algumas verdades. Motivo que leva a merecer atenção, porque, apesar de ter sido jogo de tarde infeliz de vários contendores,
conforme se vê, não se pode deixar esquecer mais esse “roubo de igreja”, como
dizia Pedroto.
Antecedendo esse jogo final, melhor aconteceu dias antes, no
penúltimo jogo de Hernâni. Tendo o FC Porto ido a Espanha vencer o Torneio de Orense,
na Galiza, vencendo o “Trofeo Corpus Christi". Como se pode recordar pela
reportagem do jornal O Porto, também. Sendo que aí não havia árbitros portugueses, pelo menos.
Então, assim se passaram os últimos jogos da carreira de Hernâni,
conhecendo as duas situações antagónicas. Enquanto a nível de seleções, ainda
foi chamado a representar Portugal na Seleção A cerca de três semanas antes, em Maio,
em jogo diante da Inglaterra, entrado a substituir o colega de equipa Pinto,
que junto com Festa, também alinhou nesse encontro de aniversário (das "bodas de ouro") da Federação Portuguesa
de Futebol, em Lisboa.
Armando Pinto
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