O hóquei em patins é uma modalidade atrativa, com um
ambiente especial no eco dos rolamentos, travangens, rodopios e sticadas, no chiar dos patins e bater dos setiques no interior dos
pavilhões, perante o entusiasmo da assistência e vozearia de dentro e fora do
rinque. Qual movimento elegante, do carrocel das jogadas e deslizamento festivo, até na vista desde o cimo das bancadas, à destreza entre as quatro linhas da pista. Sendo contudo jogo mais chamativo de atenções aquando da realização de
grandes encontros e disputa de campeonatos mais mediáticos.
Assim sendo, sempre que se disputa mais um campeonato
internacional, especialmente quando é tempo da realização de Mundiais ou Europeus
da modalidade, normalmente são mais falados assuntos sobre o hóquei. Vindo mais
à ponta dos aléus a bola pequena, dando para recordar grandes nomes e feitos
célebres. Tal qual se lembra, entre comentários e apreciações, os nomes de uns Fernando Adrião,
Livramento, Cristiano, Chana, Jesus Correia, Serpas, Velasco, Bouçós, etc. etc. até a um mais recente
Vítor Hugo – hoquista formado na Associação Académica de Espinho, que se tornou
famoso depois que passou a representar o FC Porto e, além de campeão nacional, europeu
e mundial, foi um dos atletas olímpicos nos jogos de Espanha /1992, quando o
hóquei em patins teve única experiência em Olimpíadas.
É pois Vítor Hugo um dos hoquistas históricos. Que, para diferenciação
e enquadramento, pode ser nomeado como Vítor Hugo I, ou indicado com acrescento do seu
último apelido, Silva, devido a haver agora outro Vítor Hugo, de apelido Pinto,
hoquista goleador do FC Porto no presente.
VÍTOR HUGO Barbosa Carvalho Silva, nascido em Espinho no ano
de 1963, mais precisamente a 4 de Abril, começou cedo a exercitar-se dentro de
pavilhões gimnodesportivos, tendo sido praticante desportivo desde cerca dos
cinco anos, pois começou nessa fase sua atividade pela ginástica e também na patinagem das escolas de formação da Académica de Espinho. Entretanto, já em
idade escolar, começando a revelar aptidão para o hóquei, enveredou pelo jogo
dos patins. Após isso, na agremiação espinhense sagrou-se Campeão
Regional de Infantis e de Iniciados, Campeão Nacional de Juniores e Campeão
Nacional da 3.ª Divisão. Começou de permeio a jogar ao lado dos mais velhos e foi
então colega de equipa de José Fernandes, que jogara anteriormente no FC Porto
e se transferira para o clube do equipamento preto de Espinho (tendo mais tarde regressado ao FC Porto). Até que o virtuosismo
do jovem Vítor Hugo Silva despertou as atenções dos responsáveis do Hóquei
portista.
Assim, ainda jovem e com grande margem de
progressão, Vítor Hugo ingressou no FC Porto, onde viria a confirmar
todas as qualidades e se afirmou como jogador bem cotado entre seus pares.
Então, ao despontar para o estrelato, foi um dos mais categorizados
jogadores do Europeu de Juniores de 1980, disputado em Barcelos. Depois, logo
em 1981 entrava pela primeira vez na seleção de seniores. Volvidos anos, no
Campeonato Europeu de 1987, em Oviedo, já como “capitão” da equipa nacional, Vítor
Hugo foi o herói da seleção de Portugal. Com excelentes exibições, marcou 25
golos, quase metade do “score” da equipa nacional que aí obteve mais um título
europeu.
Seguiu-se depois todo um percurso digno de seu valor, recheado de títulos e com momentos marcantes.
Durante a sua carreira, Vítor Hugo Silva obteve 151
internacionalizações (29 pelos juniores e 122 pela equipa sénior) tendo marcado
um total de 261 golos (66 e 195, respetivamente, em cada uma das categorias).
Ao serviço da Seleção Nacional foi: 1 vez Campeão Europeu de Juniores, 2 vezes
Campeão Europeu de Seniores, 1 vez Campeão do Mundo, 2 vezes Campeão dos Jogos
Mundiais, 2 vezes melhor marcador no Campeonato Europeu de Juniores, 1 vez
melhor marcador do Campeonato Europeu de Seniores (marcou golos em todos os
jogos!), 1 vez melhor marcador do Campeonato do Mundo. Averbou diversos
primeiros lugares em torneios tão importantes como o de Montreux, o de Paris, o
de Madrid, o de Oliveras de La Riba, o das Nações e o dos Campeões.
Entretanto, Vítor Hugo esteve no período de maior afirmação do estatuto vitorioso
do hóquei em patins portista. No FC Porto contabilizou como jogador 8
títulos no Campeonato Nacional, 5 Taças de Portugal e 8 Supertaças Nacionais,
tendo sido por três vezes o melhor marcador da principal competição. De referir
que numa das edições do Campeonato, além de ser o “rei” dos marcadores, apontou
golos em todos os jogos. Com a camisola azul-e-branca conquistou ainda 2 Taças
dos Campeões Europeus (1985-86 e 1989-90), 2 Taças das Taças Europeias (1981-82
e 1982-83) e 1 Supertaça Europeia (1985-86). Ninguém esquece a épica jornada da
segunda-mão da final da Taça dos Campeões, com o Novara, em 1986: Em casa do
adversário o FC Porto perdia ao intervalo por 1-5; mas numa inolvidável
reviravolta, a equipa orientada por Cristiano Pereira venceu por 7-5! Vítor
Hugo contribuiu com 2 golos. No banco, ao lado de Cristiano, o Presidente Nuno
Pinto da Costa marcou presença de forte incentivo, quão no fim deu para todos beberem
champanhe pela taça.
Tendo essa jornada heroica sido disputada em Novara, Itália,
depois disso o clube Novara conseguiu atrair Hugo e contratou-o para lá jogar durante
a época de 1987-1988. Ali foi Vítor Hugo Campeão e venceu uma Taça de Itália,
sendo considerado o melhor jogador do ano. Na época seguinte regressou ao FC
Porto para prosseguir a sua carreira de sucesso.
Vítor Hugo logrou um palmarés riquíssimo.
Porém muito cedo decidiu abandonar a carreira de jogador. Fê-lo no fim
da época 1991-1992 e enveredou quase de seguida pela carreira de treinador,
enquanto abraçava a profissão de médico dentista. Como treinador juntou mais
alguns títulos ao seu brilhante currículo no FC Porto: 1 Taça de Portugal, 1
Supertaça e 1 Taça CERS. Nas funções de Selecionador Nacional, foi: Campeão do
Mundo (2003), vencedor dos Jogos Mundiais (Japão), Torneio das Nações e Taça
Latina, vencedor de 2 Torneios Internacionais RTP e Vice-Campeão Europeu.
Vítor Hugo foi agraciado com 2 “Dragões
de Ouro” no FC Porto. E, pelo governo português, com a “Medalha de Mérito
Desportivo e a “Medalha de Honra ao Mérito”. O Comité Olímpico Português
atribuiu-lhe a “Medalha Nobre Guedes”.
Portista efetivo, foi um dos fundadores da Casa do FC Porto
de Espinho e o seu primeiro Presidente. Sendo atualmente elemento diretivo dos
órgãos sociais do FC Porto, como um dos vice-presidentes da Direção de Jorge Nuno Pinto da Costa para o exercício de 2016 a 2020, por ora.
Em suma, além de brilhante hoquista e prestigiado treinador
de hóquei em patins, bem como dirigente atualmente, Vítor Hugo é uma glória do FC Porto. Tendo sido um dos
homenageados como tal aquando da inauguração do novo e atual pavilhão
desportivo do FC Porto, constando seu nome também entre as Estrelas do FC Porto
com uma placa circular no passeio da fama fronteiro ao Dragão Caixa. Além de
estar incluído entre as estátuas que figuram presentemente no espaço de entrada no
Museu FC Porto BY BMG.
O seu Curriculum Vitae desportivo consta no livro “FC Porto
figuras & factos 1893-2005” (de J. Tamagnini Barbosa e Manuel Duas, edição
d’ O Comércio do Porto e produto oficial FCP), do qual publicamos acima a
respetiva ficha alongada em parte de duas páginas.
Como ilustração final, juntamos abaixo uma elucidativa
entrevista publicada na revista “Mundo Azul”, do Conselho Cultural do FC Porto,
em seu número de Dezembro de 2009.
ARMANDO PINTO
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))
Vitor Hugo está conetado com a mascote do Euro de Azemeis de 2016. Porque foi o treinador que esteve à frente da seleção poirtuguesa na vitória do último Mundial. Embora Cristiano Pereira seja o treinador do último Europeu ganho por Portugal, Hugo foi o treinador do Campeonato Mundial antes disputado em Oliveira de Azemeis.
ResponderEliminarNesse sentido, Hugo regressa 13 anos depois. Chama-se Hugo e é a mascote do Europeu de Hóquei em Patins.
Aquele que foi, há 13 anos, um dos cunhos de promoção do Campeonato do Mundo realizado em 2003 em Oliveira de Azeméis regressou ao pavilhão Dr. Salvador Machado para ser de novo a marca de uma grande competição.
Admirada pelos mais pequenos que, logo no primeiro dia do Europeu marcaram forte presença no pavilhão, a mascote tem animado os intervalos dos jogos reunindo no centro do rinque crianças para participarem em passatempos.
A figura carismática do Hugo, uma referência ao selecionador Vitor Hugo com o qual Portugal se sagrou campeão mundial pela última vez, recorda a saga da seleção nacional que no início deste século viveu em Oliveira de Azeméis uma das páginas mais brilhantes de sempre do hóquei nacional.
A certos comentários que circulam e certas opiniões que por vezes aparecem, reafimo: Entenda ou não outras posições e interesses: - Eu sempre disse que gosto de futebol e do desporto de alta competição porque existe o FC Porto, se o Porto-clube deixasse de existir eu desinteressava-me do futebol e do desporto em geral. Pão, pão, queijo, queijo!
ResponderEliminarARMANDO PINTO