É conhecido o chamado “Boxing Day” que faz parte dos hábitos
da velha Albion. Sendo o Boxing Day (ou dia da caixa) um feriado celebrado no
dia seguinte ao dia de Natal, atualmente mais na Inglaterra, mas por tradição
também em diversos países de cultura anglófona. Originado no Reino Unido, é ainda celebrado em vários países que anteriormente faziam parte do Império Britânico.
Mas, como o próprio futebol teve suas origens por terras de Sua Majestade,
a mesma tradição extensivamente chegou a outas paragens, episodicamente, incluindo Portugal em
tempos passados.
Com efeito, tempos houve em que no futebol português era
celebrada essa data, ao jeito das festividades e feiras do dia das oitavas de
Natal, como ficou conhecida essa passagem de dia. Em cujo âmbito, no dia
imediato, também ainda se alastravam algumas ocorrências festivas. Ocorrendo mesmo jogos oficiais no aproveitamento da quadra. Além de treinos de maior visibilidade pública (antecedendo os atuais treinos de porta aberta, porque em tempos passados os chamados treinos eram acessíveis aos olhos dos frequentadores assíduos dos "campos da bola").
= O avançado Humaitá num treino em pleno estádio das Antas, junto do guarda-redes Armando e do defesa Barbosa.
Assim, por exemplo, na extensão festiva (e deitando mão ao
que neste dia é lembrado na newsletter “Dragões Diário”, quanto à efeméride do
que aconteceu neste dia), «o Natal de 1959 não fez mal ao plantel do FC Porto, (bem)
pelo contrário. Há 59 anos (a 27 de dezembro, portanto), os Dragões receberam o
Beira-Mar nas Antas para a segunda mão da primeira eliminatória da Taça de
Portugal e venceram por 9-1 (enquanto na primeira tinham ganho por 1-0 em
Aveiro). O avançado brasileiro Humaitá, autor de quatro golos, foi a estrela de
uma tarde em que também marcaram Teixeira, Montaño, Hernâni (dois) e Brito (na
própria baliza).»
= Equipa do FC Porto em 1959/1960, com alguns dos futebolistas que alinharam no encontro em apreço.
Fica assim recordado este acontecimento, a propósito da “caixa
do dia” desse ano de 1959, a dar para recordar, entre tantos outros, mais esse
valor portista que foi Humaitá.
Humaitá foi um avançado brasileiro de curta passagem pelo FC
Porto (havendo integrado o plantel do FC Porto apenas nas épocas de 1958/1959 e 1959/1960), mas merecedor de apreciação assegurada. Como comprova o facto de ter merecido um número
dos pequenos livros da coleção "Ídolos do Desporto”, publicação que ficou famosa por ter perpetuado desportistas conhecidos entre 1956 a 1972, sensivelmente.
= Capa do livrinho dedicado a Humaitá, nº 25 da da coleção Ídolos do Desporto - 2ª série, com data de publicação de 1 de Abril de 1960.
Ora, isso foi e é sintomático, sabendo-se que essas edições,
através de pequena revista, em modo de livro de bolso, não eram pródigas em
atenções aos jogadores de futebol do FC Porto e não só (tendo publicado muitos mais dos
clubes de Lisboa que dos do resto do país, e do FC Porto nem um que até ganhou
a Bola de Prata d’ A Bola teve direito a ser biografado por esse processo, como
aconteceu com Azumir, melhor goleador do campeonato português em 1961).
Enquanto de Benfica e Sporting até desportistas de atletismo, ciclismo, hóquei
e basquetebol foram incluídos em livros desses, ao passo que do FC Porto, além
de alguns futebolistas, só mais dois ciclistas, Sousa Santos e Sousa Cardoso, tiveram a dita de lhes serem dedicados os números respetivos. E mais nada. Dando para se provar
e reprovar o que se passava então, no antigo regime, como constatação para quem
tem olhos na cara, bem como para quem tem óculos à frente à frente dos olhos e não dos
lados…
= Humaitá entre dois dos seus colegas no FC Porto, José Perico e Luís Roberto =
Armando Pinto
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