Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

sábado, 8 de dezembro de 2018

Efeméride: Conquista da oficial 1ª Supertaça nacional de futebol


A 8 de Dezembro de 1981 o FC Porto venceu pela primeira vez a Supertaça portuguesa de futebol, assim nesse tempo mais conhecida popularmente, em formato oficial. Também na primeira versão mesmo oficial, pois antes tinha havido duas edições não oficiais, das quais uma até de cariz particularmente quase privado, organizada entre FC Porto e Boavista, ao tempo detentores do campeonato e da Taça de Portugal. Tendo na ocasião os dois clubes da cidade Invicta acordado fazer um jogo de pré-época em 1979 com uma taça assim denominada em disputa, que o Boavista venceu e até apenas recebeu no balneário, na presença de representantes dos dois clubes. Como no ano seguinte, em confronto a duas mãos, também de caraterística particular, combinaram e jogaram como vencedores do campeonato e taça os então titulares Benfica e Sporting, cujo resultado pendeu para o lado benfiquista. Embora mais tarde a Federação começasse a incluir essas duas primeiras experiências não oficiais como oficializadas, contrariamente ao que continua a fazer com a lista dos Campeonatos Nacionais / Ligas – conforme interessa aumentar certos números do Benfica, como se sabe.


Assim começando em 1981 a disputar-se a Supertaça nacional de futebol, sob organização da Federação Portuguesa de Futebol, foi o FC Porto o vencedor, contrariando prognósticos e inclusive a tendência desse tempo. Taça que então passou a ser chamada de Supertaça Cândido de Oliveira. Curiosamente sendo dado novamente o mesmo nome a uma taça, quando nos anos cinquentas houve outra taça com o mesmo nome (algo já recordado em anterior artigo neste blogue), que o FC Porto também venceu. E, sabe-se lá porquê, depressa desapareceu do calendário das organizações oficiais…

= Bilhete de futebol, do jogo para a Supertaça, S.L.Benfica/F.C.Porto (2-0), realizado no Estádio da Luz, 01 de Dezembro de 1981.

Então em 1981 ainda o FC Porto vivia sob e sobre efeitos do que acontecera em 1980, ao findar a época respetiva, no chamado verão quente das Antas. Havendo certo desencanto e desmotivação generalizada no universo portista.

= Pose de conjunto duma das equipas do FC Porto que jogaram durante a época de 1981/82, em que se disputou a Supertaça de Dezembro de 1981.

Até que, passado o ano de 1980 sem nada de especial e o seguinte a caminhar para o fim, antes do Natal de 1981 cai no sapatinho natalício do Portismo a vitória na Supertaça que começava a ganhar forma. Inclusive com vitória resultante duma reviravolta quase épica, graças à recuperação encetada pela equipa que teve como herói o pequeno e irrequieto Jacques, goleador que no jogo decisivo marcou três golos à sua conta. Tendo na 1ª mão, na semana anterior (em dia também feriado, 1 de Dezembro) o FC Porto perdido por 2-0 no antigo estádio da Luz, ficando com uma diferença difícil de anular e especialmente, pelos contornos da época, quase sem esperanças de superação. Ao que no segundo jogo, de tira-teimas, se adensou mais tal noção de fatalismo, quando surgiu o empate através do primeiro futebolista estrangeiro do Benfica (fora os antigos ultramarinos, entretanto naturalizados ou com dupla nacionalidade, e outros que optaram pela sua nacionalidade após o 25 de Abril). Igualdade que então anulava o bom começo dos homens das Antas. Só que o melhor ainda estava para vir… também. Numa correria que o FC Porto empreendeu na parte final do jogo, marcou enfim os golos necessários, a deixar os jogadores e adeptos contrários mais vermelhos de surpresa, até. E no fim, esse trofeu foi levantado pelo grupo das camisolas tradicionais das duas listas azuis, perante a euforia dos apoiantes, em pleno estádio das Antas.

= Jacques, em disputa com dois adversários, em pleno jogo com o Benfica...

De notar, de modo interessante, que o jogo para a entrega da Supertaça foi transmitido pela RTP de surpresa, quase sem ninguém contar. Sendo raro na altura haver jogos transmitidos em direto pela televisão e do FC Porto então nem se fala… Mas como dessa vez era com o Benfica e quase todo o mundo pensava que a decisão da mesma taça estava decidida, entende-se… 

Disputado a uma terça-feira, que era dia santo e feriado [8 dezembro], esse jogo esteve na eminência de ser adiado, ou seja, melhor dizendo, estava para não se realizar, porque tinha falecido a esposa do preparador físico do FC Porto, à época, Ferdinand Smetana, também adjunto de Stessl. Mas a solicitação do FC Porto, para o efeito, já não foi a tempo de serem devidamente tratados os procedimentos necessários com a federação. E lá subiram ao relvado Fonseca, Gabriel, Simões, Freitas, Lima Pereira, Romeu, Jaime Pacheco, Jaime Magalhães, Walsh, Jacques e Costa, com entrada também de João Pinto e Júlio, no decorrer do jogo. Os quais, juntando seu tempo de jogo a Albertino, Sousa e Adelino Teixeira, que haviam jogado no primeiro jogo, transformaram-se nos primeiros vencedores da primeira Supertaça oficial e primeira também conquistada pelo FC Porto.

= Jacques Pereira !

À época ainda o troféu oficial em disputa era a taça original, só muito mais tarde passou ao atual trofeu.

Ora, então em 1981, a 8 de Dezembro (como bem recorda nesta data a newsletter oficial “Dragões Diário”), «o Estádio das Antas foi palco do jogo que decidiu a primeira edição oficial da Supertaça Cândido de Oliveira, então disputada a duas mãos. No primeiro encontro, na Luz, o FC Porto perdeu por 2-0. A tarefa que a equipa de Stessl tinha pela frente não era fácil e tornou-se mais difícil aos 58 minutos, quando Jorge Gomes marcou para os lisboetas o golo que estabelecia um empate a uma bola. Com meia hora de jogo pela frente, os Dragões precisavam de três golos para conquistar o troféu, e foi mesmo isso que conseguiram: em apenas 14 minutos, Jacques (com um bis) e Costa resolveram. Desde então, o FC Porto já venceu mais 20 Supertaças e tornou-se um verdadeiro especialista neste tipo de competição, mesmo à escala internacional...»


Obs.: Por impedimento ainda momentâneo de digitalização de imagens, não é possível ao autor destas linhas juntar fotos do acontecimento. Deita-se assim mãos a cópias de imagens relacionadas, das que circulam em espaços da internet.

Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens )))

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