Chegou notícia do falecimento de Joaquim Leão, desaparecendo
assim fisicamente mais um ídolo de nossa infância e dos tempos em que o FC
Porto fazia frente ao sistema desportivo nacional por meio do ciclismo…
Ora… Através de notícia difundida pelo Jornal Novo Regional
e partilhada no universo dos comuns amigos portistas do facebook pelo grande
Portista e amigo sr. Rui Costa, de Lordelo (Paredes), surge a informação deste
acontecimento, triste, mas ao mesmo tempo propício e rememorar tão grande ciclista
do FC Porto, como foi Joaquim Leão, o tal, que contrariando o nome, deu grandes
alegrias ao mundo do clube dragão.
= Joaquim Leão, com a coroa de louros de trunfo na Volta a
Portugal, num dos atos comemorativos com que na época foi homenageado, ladeado pelos seus colegas de equipa Mário Silva e Sousa Cardoso. =
Atente-se então na notícia do infausto desenlace:
« Morreu Joaquim Leão - Sobradense vencedor da Volta a
Portugal em 1964
JORNAL N. REGIONAL QUARTA-FEIRA, 5 DEZEMBRO, 2018
Morreu Joaquim Leão. Foi esta manhã e a causa deverá ter a
ver com problemas cardíacos. Joaquim Leão foi um dos quatro ciclistas de
Sobrado que venceu a Volta a Portugal em bicicleta (os outros foram Fernando
Moreira, Nuno Ribeiro e Rui Vinhas; e todos do FC Porto). Foi em 1964 que o ex-ciclista sobradense
venceu a prova rainha em Portugal. No museu do FC Porto está a camisola da vitória
com que Joaquim Leão envergava no dia 30 de agosto, quando terminou a Volta.
Joaquim Leão tinha 75 anos.
Joaquim Leão tinha 75 anos.
Recorde-se sobre este grande desportista que agora nos
deixa:
Tudo começou numa prova em Lousada, em 1957, quanto tinha 16
anos; numa prova em que participou como popular. Só depois é que o FC do Porto o
contratou e foi com a camisola do clube azul e branco que percorreu as estradas
do país com inúmeras vitórias durante cerca de uma dezena de anos.
Joaquim Leão conseguiu vários títulos, nomeadamente seis de
campeão nacional de estrada, uma prova Porto-Lisboa e conquistou prémios,
amigos e também dinheiro. Referia ao JNR o antigo ciclista que “cheguei a ganhar
cinco contos, o que na altura era muito dinheiro, ganhava mais que um ministro.
Recebia de luvas 25 contos por ano”.
= Joaquim Leão numa prova do Nacional de Ciclo-Cross, especialidade em que também foi campeão nacional. Na imagem a receber felicitações do então dirigente portista Venceslau Teixeira (antigo atleta de basquetebol e hóquei em campo, e mais tarde diretor de modalidades amadoras).
No seu café restaurante em pleno centro de Sobrado, o JNV
desafiou Joaquim Leão a fazer comparações entre o ciclismo atual e o do seu
tempo e o antigo campeão diz logo que “as diferenças são muitas, os clubes
grandes tinham equipas de ciclismo, o que levava muita gente à estrada, as
estradas eram outras e o material também outro. Agora é tudo mais sofisticado,
o ciclismo era feito de outra maneira. A gente tinha de se preparar muito para
a corrida, agora é mais fácil.”
Lembra(va)-se também do esquema de treinos, que eram à
terça-feira e à quinta no clube. À sexta era dia de massagens, mas à
quarta-feira, os atletas furavam o esquema e iam treinar pelas estradas até
Vila Real. “O treinador nem sabia, mas nós íamos na mesma”, refere Joaquim
Leão, lembrando-se da dificuldade da subida da Serra do Marão.
= Joaquim Leão com alguns colegas de equipa do FC Porto (Mário Sá, Sousa Cardoso e Mário Silva), em pose junto a uma artista de espectáculos musicais que faziam parte da receção à Volta...
Este sobradense também experimentou a carreira de treinador,
no FC do Porto e com passagem ligeira pelo Mota, com alguns atletas com
sucesso.
Questionado sobre as lembranças e saudades que tem dos
tempos das corridas, o ciclista campeão diz que “a cada passo me lembro das
vezes em que as provas passavam por Valongo e não se podia passar no alto da
serra com a gente que estava nas bermas. Era uma festa, agora faltam as equipas
do Porto, Benfica e Sporting”.
Quando ganhou a Volta a Portugal, Joaquim Leão foi recebido
como um herói. “Vim de carro descapotável, desde o alto da Serra até Sobrado
era só gente na estrada. Em Ermesinde, a minha irmã que era freira, colocou-me
uma coroa de flores. Aqui em Sobrado era só gente e foi uma festa tão grande
como nunca mais se viu. Tenho mesmo muitas saudades desses momentos”.»
Dessa irmã e outros pormenores fala uma reportagem da
revista Flama dessa época, da qual guardamos a respetiva reportagem e foto
grande.
Aliás, na dita reportagem e mesmo as notícias que agora e
mesmo antes têm referenciado Joaquim Leão, tem servido de ilustração uma grande
foto, essa mesma, de Joaquim Leão com a coroa de louros de vencedor da Volta a
Portugal de 1964. Foto essa cujo original é de arquivo pessoal do autor deste
blogue “Memória Portista," aparecendo inclusive ao longo de anos, com as dobras
com que a possuímos em papel, tal qual partilhamos em diversos locais com marca pessoal (A. P. ou AP-Memória Portista).
Temos também (expressando em linguagem clássica, o autor
deste blogue) uma cassete de vídeo, ainda no formato antigo de imagem, sobre a
Volta ganha por Joaquim Leão, que ele próprio oferecera em tempos ao seu antigo
colega de equipa Ernesto Coelho, em reconhecimento do mesmo ter sido um dos que mais o ajudaram no trabalho de equipa para essa vitória… e que, por sua vez, o
amigo Ernesto Coelho me ofereceu, a mim, autor e gestor deste blogue.
= Joaquim Leão, com a coroa de louros sobre a camisola amarela de vencedor da Volta, em momento de saudação vitoriosa, tendo o colega de equipa Ernesto Coelho ao lado.
Joaquim Leão, anos mais tarde, por alturas em que o FC Porto
deixara de ter equipa de ciclismo profissional e manteve durante algum tempo apenas o
escalão amador de formação, foi também treinador do clube. E continuou pelos
tempos além sempre portista, um bom portista.
Que o Joaquim Leão lá no além continue com a sua pedalada de
dianteira, como homem bom e portista, a velar pelo bem do que por cá continua a
ser o mundo portista.
Descanse em paz, grande Joaquim Leão!
Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))
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