Na tarde soalheira deste domingo, com um sol de outono vivo,
pude despedir-me fisicamente do meu amigo senhor Américo, grande ídolo do
desporto de tempos de minha infância, lenda viva do FC Porto. Tendo então estado
presente, como não podia deixar de estar, na despedida terrena do “Américo do
Porto” que tanto admirei no meu portismo mais puro. Havendo assim estado entre
a muita gente que esteve nas cerimónias fúnebres, levando-lhe um último aceno,
embora espiritual, como em criança e jovem tanto gostei de o aplaudir. Por
sinal, numa tarde, neste dia, como nos tempos em que ele defendia a baliza os
jogos eram de tarde, em tardes de domingos de futebol. E, tal como nesses
tempos em que ele era um Ás da bola e as suas defesas com a camisola do FC
Porto davam mais ênfase aos desafios pelos campos e estádios, desta vez teve
solene homenagem em todo o cerimonial apropriado. Desde as cerimónias
litúrgicas na igreja, com esplendor e dignidade, até ao acompanhamento de seu
corpo ao cemitério.
Então, pude acompanhar o senhor Américo neste adeus, em São
Paio de Oleiros, em cujo campo santo fica honrosamente sepultado. Entre muita
gente, como ele merecia ter tantos amigos nessa hora. Havendo eu ido e estado em
nome pessoal, naturalmente, bem como estiveram representantes oficiais do Clube
que Américo tão bem representou e defendeu. Sendo de assinalar, do que vi e me
apercebi, que esteve presente o também célebre guarda-redes Vítor Baía, atual
dirigente do clube, quer na igreja como até ao cemitério, e ainda o capitão de
Viena João Pinto. tendo contudo faltado uma bandeira do FC Porto, a representar o clube, a massa associativa e toda a família portista, quer como estandarte ao alto, ou mais a cobrir a urna, como é de merecimento protocolar em ocasiões destas e Américo merecia. Enquanto no funeral se incorporaram estandartes representativos
de entidades e agremiações que Américo representou na região. Bem como estiveram certamente
antigos colegas, amigos e conhecidos; pelo menos, do que eu pude ver, sei que
estavam familiares do seu colega de equipa Jaime, o extremo Jaime Silva da equipa
que com Américo levantou a Taça de Portugal em 1968 (ah, gostei de cumprimentar
o neto do Jaime, que me reconheceu e assim deu possibilidade de saber que o
trabalho deste blogue é de seu apreço e de toda a sua família. Obrigado por ter
vindo estar comigo!). Em suma, tal como em tempos idos Américo causava
admiração com suas defesas diante das balizas, na tarde domingueira deste seu
último dia na terra teve o merecido aplauso, quão foi o acompanhamento final de
apoteose.
Até sempre, senhor Américo!
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= Registo: De véspera, no jogo de sábado (FC Porto- Gil Vicente):
No estádio do Dragão a anteceder o jogo, 1 minuto de silêncio em memória de Américo, o grande e histórico guarda-redes eterno do FC Porto, transformou-se num minuto de aplausos em sua homenagem !
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= Lembrança conclusiva: Américo será sempre o “Guarda-redes eterno”! Sem esquecer jamais que se tivesse sido de um dos clubes de Lisboa teria jogado no Mundial de 1966 e muitíssimas mais vezes na Seleção Nacional. Tendo no tempo em que foi titular da equipa das quinas o guarda-redes do Benfica Costa Pereira, de uma das vezes, em 1962 no Brasil em jogo de Portugal com a Seleção Canarinha, apesar de estar com 38,5º de temperatura (trinta e oito graus e meio de "febre"), Costa Pereira jogou, obviamente por iniciativa dos responsáveis, para não dar possibilidades de Américo mostrar merecer o lugar e naturalmente Costa Pereira perder a posição. Tal como na fase final do Mundial de Inglaterra, em 1966, e depois de Américo no único jogo que lhe deram possibilidade de jogar na fase antecedente ter mantido a baliza inviolável, com uma grande exibição na vitória por 1-0 sobre a Roménia dias antes da ida dos Magriços para Inglaterra, pois ficou depois a suplente… porque o grosso da coluna da seleção tinha de ter fartos representantes dos 3 do sistema BSB… A pontos de depois de no primeiro jogo ter jogado Carvalho, do Sporting (que não mais jogou depois pela Seleção!), seguiu-se nos restantes jogos ter defendido o guarda-redes do Belenenses, José Pereira, já em final de carreira, de tal modo que passada uma época a seguir ao Mundial já não jogou mais pelo clube do Restelo e foi para a 2ª Divisão em que estava o clube que o contratou… Enquanto, depois de tudo, até o selecionador, Luz Afonso, que era quem decidia com o beneplácito do treinador Otto Glória, ter por fim reconhecido o erro, como afirmou publicamente em entrevistas que foram e estão publicadas. E então Américo, com exceção do primeiro jogo pós-Mundial, já ter jogado a titular nos jogos seguintes da Seleção principal, começando por uma grande exibição em Itália diante da Seleção Azzurri, mantendo-se a n.º 1 da camisola das quinas até ter acabado a carreira, obrigado a terminar vítima de forte lesão. Enfim, demonstrando tudo isso que Américo era mesmo bom para, mesmo assim, ainda ter conseguido jogar 15 jogos na dita Seleção Nacional A, nesse tempo em que os jogadores do FC Porto para serem selecionados e jogarem pela mesma equipa das quinas, não bastava serem idênticos ou algo melhores, tinham mesmo de ser muitíssimo melhores, muito superiores aos outros.
Armando Pinto
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