Na calha da recente lembrança da célebre vitória do FC Porto
sobre o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro-Brasil, vem à baila esse tema. Tendo sido
lembrado o facto a propósito da evocação do antigo Presidente do FC Porto
Eduardo Dumont Villares, que por duas vezes, ou seja em dois períodos
distintos, esteve à frente da Direção do FC Porto; e então houve essa grande vitória, diante de tão categorizada equipa estrangeira.
Lembre-se então:
Estava ainda Eduardo Dumont Villares na sua primeira
presidência quando o FC Porto foi a primeira equipa portuguesa a vencer uma
equipa brasileira. Dando-se isso em 1931, ao segundo jogo entre o FC Porto e o
Clube de Regatas Vasco da Gama, do Brasil. Entre uma série de jogos disputados
em Portugal, após passagem por Espanha, visto o clube brasileiro da Cruz de
Cristo andar então em digressão pela Península Ibérica. Então, depois de em
Lisboa o Vasco da Gama ter derrotado o Benfica por 5-0, e uma seleção de Lisboa
por 4-2, veio ao Porto. Aqui, depois de no primeiro encontro os brasileiros
terem vencido por 3-1, no segundo encontro os portistas triunfaram por 2-1,
para grande alegria dos portuenses e da colónia portuguesa no Brasil. Daí
resultando a entrega duma estatueta, pomposamente apelidada Vitória, que foi
entregue posteriormente no Porto.
= (Arranjo fotográfico com sequência de instantâneos
históricos, há anos inserto numa crónica registada pelo grande portista
Fernando Moreira, de Vila Real, no seu grande trabalho “Dragões de Azul Forte -
Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do F.
C. do Porto”, no antigo blogue “Bibó Porto, carago”. Onde esse estudioso da
História do FC Porto, entretanto já falecido, legendou) - Uma medalha de ouro
para Acácio Mesquita, outra para Álvaro Sequeira. Posando junto à bandeira do
Clube: Jerónimo Faria, Lopes Carneiro, Miguel Siska, Valdemar Mota, Acácio
Mesquita e Pinga.
Ora, isso passou-se no verão de 1931, quando no hemisfério norte, o Vasco da Gama se tornou o primeiro clube carioca, e o segundo do Brasil, a viajar em digressão pela Europa, numa turné de diversas partidas por Portugal e Espanha. Tendo efetuado dois jogos em cada cidade visitada. Começando por Barcelona, em junho desse ano, onde diante do clube azul-grená, FC Barcelona, primeiro perdeu por 3-2 e depois venceu por 2-1 (indicando-se o marcador pelos números da vitória e não dos clubes visitado e visitante). Seguindo-se já em julho derrota em Vigo com o Celta por 2-1 e vitória por 7-1. Rumando de seguida a Portugal o Vasco venceu em Lisboa o Benfica por 5-0 e uma Seleção de Lisboa (de Benfica, Sporting e Belenenses) por 4-2. Até que chegando ao Porto, a 19 de julho venceu o FC Porto por 3-1, mas depois, a 26 do mesmo mês de julho, desse ano de 1931, foi o FC Porto que venceu, por 2-1.
Foi esse, assim, um acontecimento digno de registo.
(Entre esses jogos mais importantes, além de alguns outros com
equipas menos cotadas, num total de 14 encontros que o grande clube carioca
efetuou na digressão ibérica.)
Como ilustração, reforça-se a lembrança com respigos da obra
histórico-literária “Glória e Vida de 3 Gigantes”, edição em 1995 do jornal A
Bola.
Trocando as letras daquelas páginas por texto corrido:
« ORGULHO E ESTATUETA NAS MÃOS DA “MISS”
O FC Porto foi o primeiro clube português a bater uma equipa
brasileira de futebol. Os emigrantes mandaram a sua “miss” cheia de medalhas de
ouro e com uma estatueta de 30 contos.
Nunca antes uma equipa portuguesa lograra bater uma
brasileira. O FC Porto conseguiu-o, vencendo o Vasco da Gama (Rio de Janeiro),
recheado de alguns dos melhores jogadores cariocas.
O Vasco disputou com o FC Porto dois jogos na “Invicta”. No
primeiro, a 19 Jul.1931, os portistas perderam por 3-1. No segundo jogo,
disputado em 26 de Julho, no Estádio do Lima, o FC Porto arrancou uma preciosa
e inédita vitória por 2-1.
Este triunfo, único e surpreendente, foi de júbilo para os
portugueses do Rio de Janeiro. Tal a alegria dos emigrantes lusos que, após a
vitória, mandaram fabricar, num dos mais reputados artesãos brasileiros, um
magnífico troféu em bronze para brindaram a equipa portista.
Meses depois, o valioso troféu de que foi portadora
Leopoldina Mendes Belo, Rainha da Colónia Portuguesa do Rio de Janeiro, havia
de ser entregue ao Clube, na Constituição, em festa onde houve lágrimas de
emoção e portismo à flor da pele. Leopoldina Belo também trouxe para o Porto
medalhas em ouro de lei para distribuir por todos os jogadores e uma
magnificente arca com motivos alegóricos dos Descobrimentos Portugueses.
Em retribuição, o FC Porto ofereceu-lhe uma pasta de pele e
uma salva de prata estilo D. João V tendo gravado a azul e branco, no centro, o
emblema do clube.
Na pasta, segundo rezam as crónicas, uma mensagem do FC
Porto:
“A associação desportiva Foot-Ball Club do Porto, detentora
do Campeonato de Portugal, quer afirmar à Rainha da Colónia Portuguesa do
Brasil, flor de graça que pela beleza conquistou uma soberania, que lhe foi
docemente grata a sua visita encantadora e a missão conjuntamente patriótica e
generosa que junto dela veio desempenhar numa gentileza inexcedível. Da grande
república transatlântica, com uma heróica história que se confunde intimamente
com a de Portugal dos séculos gloriosos e que tem com o nosso país íntimas
afinidades mentais e espirituais, trouxe-nos ela, efectivamente, as saudações
entusiásticas dos que tanto nobilita, na excelsa pátria americana, o nome
lusitano, e a valiosa oferenda de arte que simboliza a sua admiração pelas
vitórias do FC Porto, especialmente a que, no ano findo, alcançou sobre o clube
carioca Vasco da Gama que tem um renome internacional. A oferta maravilhosa vai
ser um permanente motivo de orgulho para nós, menos pelo seu valor artístico,
muito elevado, que pelo significado para o nosso sentimento. Parecendo inerte,
tem todavia uma sonora voz de ouro que a nossa alma entende e que nos fala dos
que vivem longe de nós, lidando infatigavelmente para a prosperidade de uma
nação que foi iniciada pelo portugueses, que lhe deram, com uma civilização, a
língua harmoniosa e rica de ritmos e coloridos que hoje fala.”»
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Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens )))
Parabéns, morei perto do Vasco da Gama no Rio de Janeiro e meu pai na altura era da direçao da Caloi -ciclismo
ResponderEliminarFoi a primeira vitória de uma equipa portuguesa sobre uma equipa brasileira. Os golos da vitória foram de Artur de Sousa Pinga e Waldemar da Mota.
ResponderEliminarJorge Castro