(30/03/1913 – 29/01/1984)
No dia 29 de janeiro de 1984 (há 40 anos, agora pela conta
de 2024) morreu no Porto o senhor Afonso Pinto de Magalhães, com 70 anos de idade.
Depois de saliente passagem pela vida, com realce para a sua dedicação ao FC
Porto, grande clube em que exerceu diversos cargos e foi Presidente da Direção,
sendo reconhecido oficialmente com a categoria de Presidente Honorário. Além de
ter sido benemérito na sua terra natal, Arouca, como na cidade do Porto, onde
viveu a maior parte de seu tempo na Invicta. Foi ainda banqueiro
famoso, como fundador do antigo Banco Pinto de Magalhães, mais tarde transformado
na União de Bancos e posteriormente noutros bancos adstritos e sucessores, além
de fundador da Sonae. No FC Porto foi na sua
gerência que houve edificação da maioria dos pavilhões, piscinas e outras
construções da antiga cidadela desportiva das Antas. Tendo sido homenageado ainda com um monumento, perto da portaria e da entrada do departamento de futebol,
através dum obelisco artístico (depois destruído com a mudança do estádio das
Antas para o Dragão, sem ter sido salvaguardado nada de suas pedras, como foram
salvas felizmente as colunas do Pavão e Rui Filipe, por exemplo, depois mudadas para uma
zona interior do estádio do Dragão).
Passando então agora a efeméride do seu desaparecimento
físico, serve esta lembrança também como homenagem portista, através da Memória
Portista.
Com efeito, a 29 de Janeiro de 1984 faleceu Afonso Pinto de Magalhães, antigo Presidente do Futebol Clube do Porto, grande clube que ele engrandeceu nas suas funções de dirigente durante anos em diversas funções e por fim como Presidente da Direção entre 1967 a 1972. Entretanto honrado com a categoria de Sócio Honorário, por deliberação da Assembleia dos sócios em 13 de julho de 1962 e mais tarde como Presidente Honorário também do FC Porto, título com que foi agraciado por aprovação dos sócios em Assembleia (ao tempo ainda chamada de Assembleia Delegada) de 29 de janeiro de 1971, e atribuição no dia seguinte em jantar de homenagem, realizado no pavilhão polivalente das Antas a 30 de janeiro (véspera do jogo dos 4-0 ao Benfica, com 4 golos de Lemos).
Além de sua prestigiada folha de serviços no âmbito social, como banqueiro e homem de negócios criador de famosos grupos empresariais, mais atividades no aspeto altruísta de apoiante das artes e de necessitados, incluindo a criação do Lar do Comércio, assim como seu papel de benemérito do clube de futebol da sua terra, o Arouca, e ainda instituições culturais do Porto, interessa para o caso aqui focar apenas a sua função elevada de Homem do FC Porto. Tendo como dirigente do FC Porto começado por ser Presidente do Conselho Fiscal em 1955/56 e 1965/66. Ficando para a história o caso de ter sido ele o responsável pela vinda de Dorival Yustrich, o treinador da vitória no Campeonato Nacional de 1955/56. Depois, em 1965, estando o clube inundado em dívidas, após a presidência de Nascimento Cordeiro (período tingido extensivamente pela venda de Serafim ao Benfica), Afonso Pinto de Magalhães fez parte do triunvirato que tomou conta do leme da grande nau portista, havendo ele, junto com Cesário Bonito e Ponciano Serrano, conseguido atenuar essas dívidas. Até que em 1967 assumiu a presidência do clube e logo tratou de organizar uma campanha com a finalidade de chegar aos trinta mil sócios, quando o FC Porto não tinha ainda nem vinte mil. Objetivo que depois, passados apenas alguns meses, foi alcançado. Sendo então no seu mandato que foram construídas as piscinas (a inicial descoberta e a definitiva já coberta), o pavilhão de treinos das modalidades ditas amadoras, as amplas bilheteiras em frente ao estádio, a remodelação dos espaços do departamento de futebol, incluindo o átrio de entrada social no estádio (entre outras edificações do espaço envolvente do estádio das Antas, ao tempo considerado então como Cidadela Desportiva das Antas), mais a instalação da Sala-museu do FC Porto, de guarida expositora de todos os troféus até aí conquistados e objetos históricos do clube, mais a galeria de quadros dos Internacionais de futebol e dos atletas Olímpicos (no edífício-sede, na Praça do Município); bem como a manutenção do ginásio do clube, conhecido por Ginásio Alexandre Herculano, por se situar na rua desse nome; e ainda a construção, em 1968, do Mausoléu do clube no Cemitério de Agramonte, onde repousam alguns portistas considerados como Glórias do FC Porto. Assim como teve a iniciativa do primeiro posto de venda de produtos alusivos ao clube, com a criação do postigo de informações e vendas, junto às bilheteiras alinhadas na praceta em frente ao estádio, para prestar todas as informações necessárias e proporcionar aos adeptos desejadas compras de flâmulas e de literatura portista, etc. Sem esquecer que durante a sua gerência fixou importante cunho tendente à identidade mística do simbolismo portista, com a gravação em discos de vinil do Hino do FC Porto em harmonização e instrumental da Grande Orquestra Sinfónica Ligeira, dirigida por Carlos Dias, e declamação do poema Aleluia, do celebrizado poeta Pedro Homem de Melo, recitado pelo então famoso ator e declamador Manuel Lereno, sob fundo musical de piano tocado por Carlos Dias. Tal como esse poema heroico Aleluia foi colocado num painel de azulejos em pleno átrio de entrada de honra no estádio das Antas, entre o bar então existente ali e a entrada para os balneários e também junto do acesso ao túnel de ligação ao relvado para a entrada da equipa em campo. Bem como criou o "Troféu Futebol Clube do Porto", cujo original estava patente em coluna apropriada no átrio social do estádio (galardão que chegou a ser atribuído a importantes colaboradores do clube, mas na presidência seguinte ficou quase esquecido, do mesmo modo que nos tempos seguintes nem o Troféu Pinga teve atribuição e acabou por deixar de existir, afinal...). Tal como, nesse amplo corredor da entrada, no tempo de Pinto de Magalhães foram afixados quadros emoldurados com figuras icónicas da vida do clube, entre outras iniciativas marcantes.
Na parte desportiva, houve na sua gerência também salientes vitórias em diversas modalidades e nas camadas jovens do futebol, embora no escalão sénior do futebol não tenha conseguido atingir maior sucesso, além da obtenção da conquista da Taça de Portugal em 1968.
Após esse período histórico, decidido a não continuar, findou essa missão em 1971/72, época em que cedeu o lugar a um novo presidente, havendo então a escolha dos associados recaído em Américo Sá. Enquanto como presidente cessante Pinto de Magalhães recebeu dos diversos órgãos do clube variadas homenagens, incluindo um monumento que estava no aparcamento de entrada das Antas, entre a portaria e o monumento ao Pavão.
Após isso, e com as mudanças político-sociais acontecidas no país, Pinto de Magalhães passou posteriormente alguns anos no Brasil, acabando por regressar mais tarde ao país natal, onde faleceu no Porto, a 29 de janeiro de 1984.
Natural de Arouca, em que nasceu na freguesia do Burgo, atual União das Freguesias de Arouca e Burgo, daquele concelho da Área Metropolitana do Porto, Afonso Pinto de Magalhães foi batizado na cidade do Porto, onde se arreigou. Acabando seus dias também na cidade Invicta, em cujo campo santo de Agramonte ficou sepultado, em jazigo de família.
A sua ação como Presidente do FC Porto ficou registada em diversos livros e brochuras, tal como o facto de ter sido vítima da situação política do tempo, após o 25 de abril de 1974, mais o que de seguida resultou no caso que acabou por lhe fazer justiça, passou à posteridade em volumoso livro raro. Fazendo essas publicações parte da biblioteca particular do autor destas remembranças. E assim dessas mesmas são as ilustrações correspondentes, deitando os olhos a algo do que sobre ele há publicado em livros, brochuras e revistas (sem contar obviamente artigos e reportagens de jornais), entre estimações in libris. Porque quem faz parte vincada do mundo grandioso do FC Porto merece ficar dignificado na Memória Portista.
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No Porto, por fim, jaz em descanso eterno de justo guerreiro, sepultado que está em jazigo de família no cemitério de Agramonte, no mesmo campo santo onde repousam Glórias do FC Porto no Mausoléu do clube, mandado edificar durante a presidência portista de Afonso Pinto de Magalhães.
A 31 de outubro de 1970, sábado nesse ano, véspera do dia de Todos os Santos, foi inaugurado, na área do antigo estádio das Antas, junto ao próprio estádio e dentro da cidadela desportiva das Antas, um monumento erigido pelo Conselho Cultural do FC Porto, à época, em nome de todas as Secções Desportivas do Clube – o obelisco “PEDRA SOBRE PEDRA O HOMEM CONSTRÓI A SUA OBRA”, de homenagem ao presidente honorário Afonso Pinto de Magalhães. Obra de arte e gratidão que a partir daí existiu, assim, perto do pórtico da portaria de acesso exterior às instalações portistas, nesse tempo. E existiu até à demolição do estádio das Antas e restantes construções em volta.
Desse monumento histórico, entretanto desaparecido com a mudança de casa para o estádio do Dragão, sem ter sido salvaguardado – que se saiba e veja – como foram outros (preservados e bem transferidos) monumentos que também ali estavam por perto… se recorda a sua feição arquitetónica e artística com imagens e legendas referentes à sua inauguração, em 1970.
Armando Pinto
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