Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Anos sessentas (de Eusébio, mas não só)...


Com tudo o que vai aparecendo na comunicação social, as transformações que nos surgem na sociedade, as repetições de história com que se depara o ambiente, etc. e tal, levam a que volte por vezes às recordações outros tempos vividos ou venham à mente casos integrantes de narrativas conhecidas. Tal o que se avista, recuando a tempos idos, diante de todo o aparato noticioso e profusão de reportagens com que a comunicação social é inundada com a morte de Eusébio, qual ênfase dada à ocorrência, numa ostentação de bradar perante o acontecimento, tratando-se dum antigo futebolista e não duma figura heroica nacional.


Quantos bons futebolistas e desportistas de outras modalidades, quão grandes e valiosos, já desapareceram do mundo dos vivos, mas só os mais atentos seguidores de assuntos desportivos e clubistas se aperceberam, por não ter sido dado grande espaço de difusão a esses acontecimentos… Ainda não foi assim há tantos anos que desapareceram uns Hernâni, Barrigana, e tantos mais, do F C Porto, o Travassos, o Peyroteo, do Sporting, o Matateu, do Belenenses, todos aqueles hoquistas da seleção de sonho dos anos cinquenta (do tempo de grande audiência dos relatos da seleção de hóquei em patins), o Fernando Moreira, Ribeiro da Silva, Agostinho e outros ciclistas, etc. etc… e, em casos desses, nada se pareceu com o luto nacional ocorrido no desaparecimento físico do Eusébio, só porque jogou no Benfica.

=Equipa do F C Porto nos anos 60, duma das formções que em vários anos estiveram perto de conquistar o campeonato nacional, mas por motivos conhecidos tal não foi possível...

Eusébio foi um grande futebolista, que ganhou maior projeção por ser já do tempo da televisão e nomeadamente por haver representado o clube do regime político-social e desportivo desse tempo. Regime esse, afinal, também, parecido ao que temos de há tempos a esta parte e, assim, tal qual, agora revivalista com o retorno ao passado que está a acontecer na sociedade portuguesa. Claro que se lamenta a sua morte, naturalmente, com que, inclusive, o F C Porto, através do presidente Pinto da Costa, já se solidarizou e tomou posição pública. Mas não aceitamos toda a importância dada, como se Eusébio fosse algum D. Afonso Henriques fundador da Pátria ou um Infante D. Henrique promotor da expansão portuguesa, que tivessem voltado à terra. 


= Custódio Pinto, numa figuração de cromo da época, com a camisola da seleção portuguesa...

...E, dos de nosso tempo, porque começamos a seguir o futebol em inícios dos anos sessentas, lembramos, além de Pinga, que diziam os mais antigos ter sido dos melhores futebolistas de sempre, bem como do General do futebol Hernâni Ferreira da Silva, idem do grande senhor Mestre José Maria Pedroto e outros de gerações anteriores, evocamos agora e sempre, como nos eram caros, uns Custódio Pinto, Pavão e mais que vimos com a camisola do F C Porto vestida. Porque portugueses somos todos e Deus há só Um…

Curvamo-nos respeitosamente perante a memória de Eusébio, homenageando tudo o que representou para o futebol português, especialmente pela sua contribuição para a prestigiante presença no Mundial de 1966. Como temos homenageado outros, em nossas memorizações. 

Armando Pinto

13 comentários:

  1. Anos sessenta e quase anos setenta, anos de seca dura que conseguimos ultrapassar com apenas um copo de água, Taça de Portugal de 1968 e muita paixão. Agora os temnpos são outros, fazer tudo para a secura nunca mais volte, tem d eser o grande lema dos Dragões. Abraço

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  2. Comungo inteiramente com o que o meu caro Armando Pinto aqui deixa expresso, não me surpreendendo com o esperado indecoroso aproveitamento político da morte do grande profissional de futebol que foi Eusébio Ferreira da Silva. Mas, apenas e só, profissional da bola.

    DRAGÃO, SEMPRE!

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  3. Nos próximos dias e até domingo, com toda a certeza, vamos ver títulos da imprensa a dizer: "Equipa do Benfica quer dedicar vitória no clássico ao Pantera Negra" "Benfica quer vencer FC Porto para homenagear Eusébio" "Benfica mais motivado que nunca para vencer rival na Luz" e coisas deste género.

    E é por isso que o FC Porto tem de fazer um jogo perfeito e de grande nível na Luz. Sem desconcentrações e apenas focados no grande objetivo que é a vitória. É fundamental passar à nossa equipa uma onda de apoio porque durante a próxima semana vamos ter o Benfica "levado ao colo" pela imprensa em geral.

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  4. Eusébio morre às 4:30H da manhã de hoje com paragem cardiorespiratória.
    Posso ser portista mas tenho todo o respeito por este homem. Porém não me deixo iludir pela massa da maioria, que associa dividendos à morte dele.
    Nesta tarde morreu também o cantor Nelson Ned, que muitos seduziu com suas músicas românticas. Era brasileiro? E Eusébio não era Moçambicano?
    Lamento que muitos se deixem iludir pela comunicação social benfiquista.

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  5. Estas palavras são de alguém que leio na net e transcrevo por concordar totalmente.

    morreu o "Ausébio".

    ... e nestas horas, é habitual por compaixão e hipocrisia, relevar-se e tecer os maiores encómios ao futuro ocupador do esquife, que o levará para um buraco para levar pázadas de terra ou para a fogueira...

    ... ora, como não sou hipócrita e não vou procurar palavras rebuscadas, vai ser repugnante e deprimente, ouvir uns idiotas úteis, quais carpideiras pagas para fazerem a choradeira que competia aos familiares do extinto...

    ... acabei de ouvir um imbecil de um locutor na SIC-Notícias, a perguntar ao Pedro Gomes se não achava que o "Ausébio" ia fazer falta a Portugal no Mundial do Brasil...

    ...esta idiotice nacional já começou a comer e vai engordar a olhos vistos...

    ... confesso que, não me admiraria nada que a Assembleia da República, o Presidente que ocupa o Palácio cor-de-rosa e o séquito de salteadores que nos governam, decretassem luto nacional durante três dias e consequente feriado...

    ... para estes idiotas que suprimiram como feriado o Dia da Independência e insultando a memória dos patriotas que expulsaram os traidores, é fácil darem corpo à ignóbil decisão...

    ... e lembrarmo-nos nós que o Ausébio, a par de Mário Coluna, mais a sua mulher Flora, estavam referenciados pela PIDE, como terroristas contributivos do movimento terrorista que agredia um Estado Soberano e de Direito, como era a FRELIMO...

    ...infelizmente, as ordens superiores para que estes terroristas contributivos se mantivessem incólumes, em nome do ORGULHOSAMENTE SÓS e A BEM DA NAÇÃO, teve um preço...

    ...títulos atrás de títulos decretados e assinados pelo Dr. Oliveira Salazar e enviados por pombos-correios para o Estádio da Luz e, de tal forma foi o descaramento que o "BOTAS" se deu ao luxo de proibir a saída para o estrangeiro do terrorista contributivo da FRELIMO...

    ...já estou farto de ouvir tanta palermice, até o Tony já chorou, mais o João Malheiro, que rápidamente lhes passará quando passarem pelo Restaurante do BARBAS e conservarem as lágrimas em álcool...

    ... será que este campeonato terá de ter uma dedicatória ao terrorista contributivo da FRELIMO, que ora se extinguiu?...

    ... vai ser insuportável ter a televisão ligada...vou ver ODISSEIA...

    ... acabei de ouvir que foram decretados três dias de luto nacional... pôrra...

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  6. Lendo o post anterior fico envergonhado....se o Eusébio apoiava a Frelimo isso só o engrandecia. Como é que portistas como nós podem apelidar de terroristas, aqueles que combateram um regime que tanto nos prejudicou? Coluna e Eusébio terroristas?? Se combateram o estado novo foram heróis. Assim como inúmeros portugueses e africanos.

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  7. É triste haver neste país um mediatismo que transforma portugueses em cidadãos de primeira e outros de segunda ou classes mais abaixo, e onde coisas sem importância por de mais são levadas ao extremo. Não admira que este país esteja na crise que pessoas mediáticas puseram. Entendendo-se que aproveitam situações como a morte do Eusébio para fazer esquecer aselhices políticas e roubos feitos ao povo português. Pena que paguem uns pelos outros, porque as maiorias só fazem disto. Chegam ao cúmulo desta lavagem ao cérebro português. Bombeiros e polícias tombados ao serviço do povo e da Pátria não merecem reconhecimento, mas o Eusébio até bandeiras a meia haste tem. Não falo no luto decretado, pois isso e uma balela que não conta para nada.
    Por outro lado, não me revejo na mensagem de Pinto da Costa, porque ele com o politicamente correto referiu um fair play que nunca existiu em Eusébio, sabendo-se que em diversas entrevistas ele achincalhava o F C Porto, dizendo que com ele a jogar o Porto nunca ganhou ao Benfica, o que é falso. Sendo este blogue um sítio de passagem e consulta de muitos estudiosos, na certa que deve haver alguém que saiba quantos jogos o F C Porto ganhou a equipas do Benfica em que alinhou Eusébio.

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  8. Agradecendo as mensagens educadas e bem intencionadas, e lamentando umas duas mal intencionadas e pouco educadas (que até por estarem escritas em vernáculo, essas duas, além de em péssimo português, não podem ser publicadas), correspondo ao repto amigo do sr. Teixeira para dizer que, sem precisar de pesquisar muito, sei que em 1962 o F C Porto venceu na Luz com dois golos de Azumir, contra um de Eusébio. E recordo-me bem de duas vitórias seguidas nas Antas a meio dos anos sessentas, uma em 1964/1965 por 1-0, com golo de Naftal, e outra por 2-0 em 1965/66, com golos de Naftal e Nóbrega, bem como, mais tarde, em 1967/68 outra por 1-0, para o Campeonato, com golo de C. Pinto, depois uma outra vez por 3-0 para a Taça de Portugal de 1967/1968, com 2 golos de Djalma e 1 de Pavão; tal qual em 1973/74 com 2-1 através de golos de Cubillas e Abel, nas Antas, tal como em 1974/5 houve vitória do FCP por 1-0, na Luz, com 1 de Cubillas.

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  9. Quero ver se qd falecer o guarda redes Américo que era do Porto e jogou com o Eusébio se falam assim dele ou outro que tenha conquistado as mesmas medalhas, mas pelo Porto...

    Ok ok paz a todos, Eusébio foi de fato um fenómeno, mas se não estivesse no Benfica teria uma mera alusão à sua morte... e os feitos eram os mesmos!

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  10. Mais um belo trabalho do amigo Armando Pinto, na linha do muito que sabe e escreve bem, sobre tudo e de futebol igualmente. Com verdade e sem hipocrisia, antes coragem e saber. Que nem de propósito apareceu-me no google + um artigo onde já dizia qualquer coisa disto, conforme podemos ver no

    http://memoriaporto.blogspot.pt/2013/10/tempos-passados-de-idealismo-azul-e.html

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  11. Todo este destaque dado agora ao Eusébio, transforma todos os seus antigos companheiros de clube e Selecção em autênticos figurantes. Quem não souber o que é o futebol ainda é levado a pensar que se trata de um desporto individual já que se fala tanto em Eusébio, no Mundial de 66 e nos títulos do SLB (a preto e branco).
    Ele foi apenas um jogador de futebol que nunca ganhou nada em nome de Portugal, mas para lhe serem atribuídos três dias de luto nacional, parece que foi um dos heróis da reconquista que agora caiem no esquecimento já que nem o feriado é celebrado.

    Abraço

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  12. Independentemente das simpatias clubísticas, toda a gente reconhece que o Eusébio foi um extraordinário avançado e, tendo sido o primeiro grande futebolista africano a atingir o estrelato internacional, é também unanimemente considerado o melhor jogador português da sua geração (já é discutível se será o melhor de sempre).
    Mas se Eusébio foi um enorme futebolista, o maior, o King, ou o que a comunicação social lhe quiser chamar, foi-o essencialmente com a camisola do SLB e não com a camisola da Seleção Portuguesa de Futebol. Esta é a realidade dos factos.


    Dito isto, acho normais todas as homenagens que jogadores, treinadores, dirigentes e clubes adversários lhe fizeram.
    E, por tudo aquilo que o Eusébio deu e ainda hoje representa para o seu clube de sempre, percebo perfeitamente as homenagens que o SLB lhe fez em vida, ou queira fazer agora, desde o anunciado recorde de um ano de luto, decretado por Luís Filipe Vieira, à intenção de transformar a zona da estátua numa espécie de mausoléu (mudar o nome do estádio é que não, porque o Eusébio pode ser um mito, mas Vieira não está disposto a abdicar dos milhões que conta encaixar com os naming rights...).


    Contudo, não alinho na onda da histeria coletiva dos media da capital, à moda da Coreia do Norte, no absurdo de quererem fazer de Eusébio uma “referência” ou “herói nacional” e muito menos em descarados aproveitamentos político-desportivos.
    Não concordo nada mesmo que seja posto no Pantão nacional, por não ser nehum heroi nacional.
    Quanto às comparações com a Amália Rodrigues, cuja transladação para o Panteão Nacional também me pareceu algo forçada, é bom dizer o seguinte: os sucessos da fadista não foram alcançados com a Amália a envergar a camisola de uma empresa, clube ou cidade e muito menos as alegrias que proporcionou implicaram a tristeza de uma parte dos portugueses.




    P.S. Para que serve o Panteão Nacional? De acordo com a lei 28/2000, as honras do Panteão destinam-se a “perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.

    Atualmente, o Panteão Nacional abriga cenotáfios (memoriais fúnebres) de grandes vultos da História de Portugal, como D. Nuno Álvares Pereira, Infante D. Henrique, Pedro Álvares Cabral e Afonso de Albuquerque, bem como, os restos mortais de alguns presidentes da República e escritores. As excepções a este perfil de personalidades são Humberto Delgado e Amália Rodrigues.

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  13. O Eusébio nunca ganhou nenhum título para Portugal, mas apenas para o Benfica. Melhor que o Eusébio fez a faz o Ronaldo que ganhou para Portugal o Europeu de seleções, ele e outros, mais o Danilo e cª, e no caso pessoal ganhou títulos e trofeus de prestígio internacional. Aliás atualmente o Cristiano Ronaldo já é de longe o melhor português e antigamente houve o Pinga, o Hernâni, o Travassos, o Peyroteo, que só não tiveram mais fama por não terem jogado no Benfica do Salazar e do facioso jornal A Bola.

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