No mundo do desporto das bicicletas de corrida, como era
antigamente referido o ciclismo na via popular, quanto à modalidade ciclística
de estrada e pista, Joaquim Andrade foi e é nome de referência. Embora tendo de
se diferenciar entre pai e filho, já que os dois, das duas gerações da
respetiva família, correram ao mais alto nível português. Vindo ao caso o pai, sendo
que foi o patriarca desse núcleo familiar feirense que representou o FC Porto e
como tal durante anos foi cabeça de cartaz da equipa azul e branca. No seguimento
de já antes ter feito história, passando a representar o FC Porto já de valor consagrado
e então sido mesmo chefe de fila da equipa profissional de ciclismo do FC Porto
durante três épocas, na primeira metade da década dos anos setentas. Com a
curiosidade de durante esses anos haver também, de permeio, corrido no
estrangeiro (por equipas de países com forte tradição ciclista) quando
representava o FC Porto em Portugal. Inicialmente tendo andado por estradas estrangeiras alguns dias com a camisola da equipa belga Flandria e depois correndo pela equipa francesa Gitane.
Calha a preceito assim evocar Joaquim Andrade, como grande
ciclista de outrora, agora que o FC Porto tem ciclismo vai para três épocas
também, voltando a ter ciclismo de alta competição e andando de novo pelas
estradas as camisolas azuis e brancas com o símbolo portista ao peito a
entusiasmar os adeptos do clube mais vitorioso no ciclismo português. Sendo de recordar
que durante os anos que correu com a camisola alvi-anil o Joaquim Andrade foi
sempre candidato aos primeiros lugares das provas em que a equipa das Antas
participava, sem contudo ter conseguido repetir seu anterior feito de vencedor
de uma Volta a Portugal, tendo no período que correu pelo FC Porto e nas 3 Voltas que fez de azul e branco vencido uma etapa (em 1974, na pista das Antas, contra-relógio de 2, 250 Km), mas compensando com boas prestações em diversas
corridas em França, nesses tempos, além de títulos regionais e nacionais
conquistados, mais algumas vitórias em provas do calendário do ciclismo associativo portuense e nacional, ao serviço do FC Porto, entre as quais o Grande Prémio Papéis Vouga/1974, o título de Campeão Regional de Fundo, mais títulos diversos de Campeão Nacional de Rampa (Montanha) e Perseguição (Crono), este individualmentge e por equipas, pelo FC Porto. Enquanto
em França teve ponto alto com brilhante vitória numa etapa da clássica / Grande Prémio "Midi-Libre" (além de ele referir numa entrevista uma outra, da também famosa clássica “Dauphine Liberé”, que porém não consta do oficial currículo internacional, embora seja habitual haver lapsos nos números e estatísticas).
= Recorte do jornal A Bola de 05-04-1973, referindo o facto de
Joaquim Andrade ser mais um ciclista Português a ir correr para França, então para
a equipa da “Gitane”, treinada pelo técnico Desvages. Em cuja referência
Andrade agradece ao FC Porto ter-lhe facilitado a sua participação no estrangeiro. =
Nascido a 14 de junho de 1945 em Travanca (então Vila da
Feira, atualmente Santa Maria da Feira), Joaquim Pereira de Andrade começou por correr na Ovarense, equipa
que posteriormente ao ser extinta o levou a representar o Sangalhos, sendo com a
sua camisola toda azul que em 1969 obteve a honra de vestir a camisola amarela na
Volta a Portugal e por fim declarado vencedor da correspondente edição. Entretanto
em 1971 esteve a correr em Angola pela equipa da Fagor. Até que depois em 1972 passou a
representar o FC Porto, desde princípios de 1972 até finais de 1974, havendo mais
tarde ainda representado outras equipas portuguesas. De permeio com a referida
campanha estrangeira.
= Primeiro Contrato assinado por Joaquim Andrade no Futebol Clube
do Porto quando veio de Angola, por três temporadas. No total fez três
contratos com este grande clube nortenho. Neste contrato o ordenado era de cinco mil
escudos mensais, a que acrescia uns subsídios. Folha de rosto e verso do contrato
(conf. “site” Ondas da Serra) =
Numa entrevista a “Ondas da Serra”, Joaquim Andrade recordou a
“sua” Volta a Portugal, ganha pelo Sangalhos: «No ano de 1969 ganhei a Volta a
Portugal. Cheguei a Alvalade (fim da etapa derradeira na pista desse estádio) com
a camisola amarela, mas o falecido Joaquim Agostinho nesse dia “tirou-me” a
camisola, mas depois veio a acusar doping e passados dois dias eu já era o
vencedor da Volta. Oficialmente só passado um mês ou um mês e meio é que foi
homologada. Tinha perdido a etapa final que era um contrarrelógio para ele por
uns segundos.» Ao passo que depois, já dos tempos em que corria pelo FC Porto e
fez algumas corridas em França por equipas estrangeiras, relembrou também, a
propósito da sua participação efémera numa Volta a França: «…em 1972 não passei
do primeiro dia porque tive uma infeção por causa do selim e tive que lá ficar
internado num hospital. Alias eu já lá cheguei com a infeção contraída numa
prova que vim cá fazer a Portugal, num campeonato nacional. Eu cheguei a França maltratado,
corria eu por uma equipa Belga, estive três dias parado, fiz o prólogo e aquilo
agravou-se e já não prossegui a volta. Nessa volta eu estava numa grande forma
e deixou-me uma grande amargura, porque estava bastante moralizado; tinha
andado nesse ano em várias corridas em França e tinha inclusivamente ganho
talvez a etapa rainha duma prova que se chamava “Midi Libre” (vitória numa etapa da “clássica”
Midi-Libre), onde cheguei também com quatro ou cinco minutos de avanço sobre os
grandes corredores mundiais da atualidade (ao tempo), Luis Ocaña e Zoetmelk... »
«...Além de ter ganho no Midi Libre, também ganhei uma prova que era o grande teste
para a volta a França que era a corrida “Dauphine Libere”. Nessa prova eu
cheguei a estar atrás com o Joaquim Agostinho, com oito ou nove minutos de
atraso, mas a certa altura eu arranquei, faltavam ainda duas montanhas muito
duras, iam 14 ciclista na frente já com alguns minutos e eu primeiro só não apanhei os
quatro da frente, ultrapassei-os a todos e fiz uma etapa fenomenal nesse dia. Essa
prova tinha muita montanha e é onde se disputa geralmente a Volta a França, uma
montanha chamada o "Galibier" e o "Tour Medley". Eu fugi e
disse ao Agostinho que ia atacar e ele disse que era muito difícil, mas eu
arranquei e ganhei minutos a toda agente.»
Ora, evocando esses tempos, ilustra-se esta menção honrosa, desse antigo representante do FC Porto, com imagens de postais dos
contemporâneos Joaquim Andrade e Luís Ocanã: O do Andrade autografado na própria
frente da gravura (com acrescento de correção pelo punho dele mesmo na parte de
trás, também) e o do Ocaña no verso – como se pode verificar pelas imagens.
Juntam-se ainda outras imagens, sendo as do jornal O Porto e os postais de
arquivo pessoal do autor destas linhas e as restantes, com a devida vénia, do “Site”
Ondas da Serra.
= Fotografia de Joaquim Andrade Campeão Nacional de Pista, em
perseguição individual e por equipas ao serviço do Futebol Clube do Porto, em
Novembro de 1972. =
Oficialmente o seu palmarés enquanto ciclista do FC Porto, conforme consta da relação internacional, é:
Em Portugal:
1972
Campeão Regional de Rampa da Associação do Porto
Campeão Regional de Rampa da Associação do Porto
Campeão Nacional de Rampa (escalada/montanha)
Campeão Nacional de Perseguição (pista)
Vencedor da 5ª etapa do “Grand Prix du Midi libre”
2º na clássica portuguesa Lisboa-Porto
3º no Campeonato Nacional de Estrada
5º na Volta a Portugal
5º na Volta a Portugal
1973
Campeão do Porto / regional
Campeão do Porto / regional
Campeão Nacional de Perseguição
Campeão Nacional coletivo, em perseguição, por equipas,
2º no Campeonato Nacional de Rampa (Escalada)
5º na Volta a Portugal
5º na Volta a Portugal
1974
1º no Grande Prêmio Papeis Vouga
3º no Campeonato Nacional de Rampa / Escalada
3º no Nacional de Estrada
No estrangeiro:
Volta à França / Tour de France
1972: desistiu
1973: em 64º lugar
Volta à Espanha / Vuelta de España
1974: 26º classificado
=Recibo, referente a janeiro de 1974, do vencimento de Joaquim
Andrade ao serviço do Futebol Clube do Porto. Segundo o mesmo «naquele tempo
7.000$00 (sete mil escudos) era muito dinheiro. Este foi o último ano do contrato.» =
Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens )))
Não me canso, amigo Armando Pinto. Tem de escrever a história do ciclismo do FCPorto. Combine isso com o clube.
ResponderEliminarUm abraço
Sobre o tema que o amigo sr. Eduardo Lopes sugere, inclusive com maior apreço meu pela ideia sabendo que é um expert do ciclismo (com a particularidade de até ser adepto de outro clube, mas sabendo discernir tudo), se a secção de ciclismo do FCP ou alguém do clube mostrarem vontade disso, estarei obviamente disponível. Mas sei que geralmente esses papéis são destinados a jornalistas profissionais que se movimentam nos meios do setor e tem de haver interesse do clube em que seja produto oficial.
ResponderEliminarArmando Pinto
Ao Portista anónimo que costuma comentar à sua maneira, que voltou à carga neste artigo, embora sem publicar o respetivo comentário por motivos óbvios, acrescento que também eu gostava de ver todos os trofeus do FC Porto expostos no meuseu do Dragão, para se ver e sentir mesmo todos os trofeus e tudo o que foi conquistado e tudo o que pertence ao património do FC Porto, pois se algo foi conquistado é para estar à vista da memória do FC Porto. Acredito que tal ainda venha a acontecer, quando não faço ideia. Mas para denunciar esses e todos os casos que tem na ideia, da forma como sempre apresenta as coisas, aconselho o referido Portista a criar uma página apropriada, num blogue próprio, para o efeito. Deve ter a coragem que quer atirar para os outros, que eu não considero assim, aliás.
ResponderEliminarArmando Pinto
Grande Andrade já não existe ciclistas assim abraço parabéns Rui Serpa
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