Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Quando - em 1963 - um jornalista venezuelano considerou Américo guarda-redes de defesas suicidas («que não conhece o medo», «algumas vezes com um arrojo suicida»)… sentido depois alterado numa publicação portuguesa!

Quem conhece os pequenos livros dos “Ídolos do Desporto”, que fizeram história em anos recuados, deve estranhar o título atribuído ao famoso guardião portista Américo no primeiro livrinho escrito sobre ele, em 1964 (sendo que mais tarde houve um segundo, em reconhecimento de sua valia). Não devendo haver muita gente até hoje a saber o porquê de tal epíteto deveras bizarro. Havendo ideia que quem escreveu o livro quis fazer um trocadilho, em choque de cotovelo (sabendo-se que essa coleção era editada em Lisboa…). Quão de certo modo foi, mas por alteração de ideia à afirmação de quem primeiro lhe atribuiu um gabanço (em 1963) com palavras idênticas mas sentido diferente.

Pois então, no primeiro livro da coleção Ídolos do Desporto a biografar o guarda-redes Américo Lopes, do FC Porto, apareceu e lá está ao cimo um título algo estranho: “AMÉRICO – o guarda redes suicida !” E durante muitos anos ficou interrogação sobre aquilo. Até que volvidos anos, teve um mais interessante título no segundo sobre ele: “AMÉRICO – o guarda-redes «eterno»” !  E o porquê de tal título primeiro a dar ideia dele ser suicida? A tal troca da ideia, em forma de jogo de palavras. Pegando num elogio, como era, dito e escrito duma forma, para de modo diferente alterar o sentido, fazendo parecer outra coisa… Quando, conforme o elogio que esteve na origem, devia ser e era de afirmar que o Américo não tinha medo, por fazer defesas de maneira destemida, num arrojo suicida… O que era e é diferente!

Essas edições, de 1964 e 1968, tiveram certo impacto, efetivamente, por quanto Américo era apreciado entre admiradores do excelente guarda-redes portista. Mas também por esses pequenos livros, ao género de revista de bolso, terem muita procura, a pontos de ainda haver muitos colecionadores da mesma publicação, que teve séries várias ao longo de anos consecutivos.

Com efeito, esse foi um tempo em que os seguidores do desporto eram brindados regularmente com publicações colecionáveis a historiar a vida dos clubes desportivos, mais as carreiras anuais das equipas de futebol e das provas de ciclismo, por exemplo, e especialmente sobre as biografias de desportistas salientes. Tendo havido assim uma coleção deveras popular, intitulada “Ídolos do Desporto”, que registou os percursos de diversos atletas entre as décadas dos anos 50 a 70, embora como sendo de Lisboa tivesse dado à estampa muitos mais casos de desportistas dos clubes de Lisboa, desde o futebol e ciclismo, passando por atletismo, basquetebol, hóquei etc. Enquanto, por exemplo, do FC Porto, quase só tiveram direito a constar nessa coleção jogadores de futebol, e em muito menor numero que os colegas dos outros clubes, e doutras modalidades apenas dois ciclistas do FC Porto ficaram assim à posteridade. Quão foi na realidade o interesse dessa coleção, através da qual hoje ainda se conhecem pormenores biográficos dos ídolos de tempos idos.

= Américo, de fato oficial com o emblema do clube, tal como os colegas, na comitiva portista à saída para a digressão à Venezuela, em agosto de 1963. Junto com Carlos Duarte, Azumir, Joaquim Jorge, Hernâni, Festa, Miguel Arcanjo, Paula, Rui, Custódio Pinto, Carlos Batista, Jaime, Atraca, Jorge Gomes e Mesquita, mais treinador, massagista e diretores, no tempo da presidência de Nascimento Cordeiro.

Mas então, quanto ao que esteve na origem do tal título inserto na capa do nº 5 da 3ª série da “Colecção Ídolos do Desporto", de 1964… Foi que numa deslocação do FC Porto à Venezuela, para disputar o “Torneio de Caracas”, vulgo Pequena Taça do Mundo ou Mundialito, em agosto de 1963, o guarda-redes Américo fez tão boas exibições que nos jornais desportivos de Caracas “disseram muito bem” de Américo, entre outras apreciações simpáticas a elementos portistas e à própria equipa azul e branca. Apesar dos resultados nem terem sido famosos, também por haver tido pela frente adversários mundialmente cotados, em dois jogos com o Real Madrid de Espanha e o S. Paulo do Brasil. Tal como depois foi transcrito no jornal O Porto, em setembro seguinte:

Tendo um jornalista de "La Esfera", o crítico Lorenzo Mascarill, afirmado que Américo foi o melhor, sendo «um guarda-redes que não conhece o medo. Defendeu tudo que era possível defender. Saiu de sua baliza, algumas vezes, com “arrojo suicida”».


Armando Pinto

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