Vi e ouvi bem atentamente a entrevista de Adriano
Quintanilha transmitida no Porto Canal esta quarta-feira, 13 de outubro de
2021, do ano de começo da saída das restrições da pandemia. Com admiração por
esse amigo conterrâneo do concelho de Felgueiras e figura pública ligada ao FC
Porto, clube que para mim sempre foi algo especial. Tal como me lembro de sua
presença aquando da apresentação do meu até agora mais recente livro,
precisamente no último dia (a 7 de março de 2020) antes do surgimento das
medidas restritivas da pandemia Covid. Daí que, a mim, a entrevista além de
confirmar ideias, mais proporciona um motivo de prolongamento à admiração por
esse senhor. Que eu em tempos idos conhecia de longos anos apenas de vista, mas
ficara a prezar quando pelos anos de transição 70 / 80 o vi a comandar a equipa
do Várzea então participante numa corrida de atletismo na Longra, passando pelo
acompanhamento ao futebol de Felgueiras quando ele foi presidente do histórico
FC Felgueiras, bem como quando criou a equipa de ciclismo W52
Quintanilha-Felgueiras, até que depois o fiquei a conhecer melhor e
pessoalmente desde a apresentação do meu livro sobre as ligações ciclísticas
felgueirenses. Revelando a entrevista um Adriano Quintanilha em corpo de grande
vulto, enquanto o programa ganhou contornos de forte audiência, tal o impacto
de imediato assomado nas redes sociais e meios de comunicação.
Vi no computador o anúncio e depois pela televisão a
entrevista, e tenho de aqui registar por ser algo que quero mesmo realçar, porque
como tenho por lema gosto de valorizar o que tem valor.
No meu livro “Ciclistas de Felgueiras” falo (por escrito)
dum tio meu na minha ligação antiga ao ciclismo. Livro esse em que Adriano
Quintanilha também foi e está incluído, como homem do ciclismo, contando que além
dos corredores se podem considerar ciclistas não são só os que correm em cima
das bicicletas, mas também os que fizerem mover tudo o que rodeia esse mundo
encantador. E a propósito do que o amigo senhor Quintanilha diz agora sobre sua
conversão portista (algo que muito me toca cá dentro!), leva-me a recordar
a terna memória de um outro meu tio, irmão do anteriormente aludido. Como
adiante vou contar, enquanto por ora tenho de seguir pelo princípio, sobre a
entrevista recolhida por Rui Cerqueira e dada por Adriano Teixeira de Sousa
“Quintanilha”, presidente da W52-FC Porto, para o programa “Vencedores como
sempre” do Porto Canal – “Programa de entrevista aos Campeões do FC Porto nas
diversas modalidades”.
Pois então, em mais uma das grandes entrevistas conduzidas
por Rui Cerqueira, feitas com grandes senhores do mundo dragoniano, desta vez coube
ser com o homem forte do ciclismo azul e branco, o obreiro da equipa que tornou
possível o projeto W52-FC Porto. Dando a conhecer a todo o universo portista o
personagem envolto na figura de Quintanilha, através de conversa
proporcionadora de alguns pormenores de sua vivência. Ressaltando desde logo a
sua confissão de já se sentir dragão, ele que era sportinguista assumido
anteriormente, mas que ao inteirar-se do que é o Futebol Clube do Porto
interioriza já o sentimento de gostar de algo assim, como é o FC Porto, o clube
Dragão. Onde ficou a saber o que é isso de sentir Portismo. E passou a gostar
de ser da mesma equipa. Como referiu alto e bom som:
«Ser parceiro do FC Porto é uma grande responsabilidade. O
FC Porto está habituado a vitórias, habituado a ganhar e eu sou uma das pessoas
que não gosto de perder em nada, também gosto de ganhar, logo acho que se
juntou a fome à vontade de comer… Então somos uma parceria que não gostamos de
perder.»
Como elemento de cúpula da equipa W52-FC Porto e por
inerência homem do clube, embrenhou-se também e bem na mística à Porto. Nuno Pinto
da Costa já havia adiantado numa das conversas do recente programa “Ironias do
Destino” que o senhor Quintanilha, como ele também se lhe referiu, embora fosse
anteriormente sportinguista, antes de se unir na parceria com o FC Porto (após
não ter sido bem tratado pelo Sporting nos contactos então havidos), já era agora
mais portista que outra coisa. E Adriano Quintanilha confirma, diante das câmaras
e microfones do Porto Canal, perante o entrevistador e naturalmente portista
sorridente de satisfação, como chega aos olhos e ouvidos portistas pelo ecrã
televisivo:
«Hoje eu considero-me um grande dragão. Hoje sofro quando
vejo a Porto a jogar, porque eu quero que o Porto ganhe, eu quero que o Porto
faça os melhores negócios do mundo, eu quero que o Porto passe por cima das
outras equipas todas. E eu senti isso quando o Sporting veio para o ciclismo: quando
o Sporting chega ao ciclismo eu não queria que o Sporting ganhasse uma única
etapa, sequer uma meta volante, não deixava o Sporting ganhar nada, não queria
que o Sporting ganhasse nada…. Aí é que senti que neste momento sou um dragão,
sou mais um dragão»!
Não sendo muito usual as mudanças de simpatias de clubes, é
caso que apraz muito registar este. E transporta-me nas asas do pensamento, num
voo do tempo até há muito tempo, a tempos em que o tal meu tio, que referi,
tentou que alguém mudasse de clube. Esse meu tio, irmão do apaixonado pelo
ciclismo aludido no livro, era portista de gema e gostava de andar muito
comigo, e eu com ele, por sentirmos muita afinidade em diversos aspetos. A
ponto de quando ele não sabia ainda o resultado do Porto, nos jogos da bola que
ele ouvia pelo seu rádio azul a pilhas, mas quando por qualquer motivo não
tinha podido estar de ouvido alerta, mal me via ele sabia pela minha cara se
tínhamos ganho ou não. Pois esse meu tio, o meu tio Zé Moreira da Longra, uma
vez tentou que uma pessoa de nossa família, que se deixara influenciar por
outros, passasse também para o Porto, se tornasse portista. E chegou a fazer um
acordo de papel assinado, comprometendo-se a pagar-lhe uma merenda, para o
efeito. Só que da outra banda depois da barriga cheia a promessa ficou por
cumprir… para desgosto desse meu tio, que acabou por dizer que os adeptos dos
outros clubes não tinham palavra, em nada que se parecesse com os portistas.
Ora, o caso de Adriano Quintanilha é mesmo de aplaudir.
Aliás eu, pelas conversas que tenho podido ter com ele, sei que é homem de
palavra. E mais, é pessoa que inspira confiança. Gerando admiração em quem o
fica a conhecer, porque incute seriedade. Qualidades essas aliadas e
complementadas pelo seu elevado quociente de inteligência, dotado de espírito
de iniciativa e liderança, dum modo que o faz um empresário de sucesso e
cidadão respeitado. Autêntico Doutor Honoris Causa da vida. Bem como
Felgueirense que até tem num restaurante do concelho de Felgueiras (no Caffé-Caffé,
da Refontoura) um espaço que lhe é dedicado, a sala “Comendador Adriano
Quintanilha”.
Assim, a entrevista transmitida no Porto Canal neste princípio de outono de 2021, é mais um momento alto do programa “Vencedores como sempre”. Que até revelou algumas curiosidades, como a esperança de possível boa sentença no caso Alarcón, inocente mas a precisar de ser mesmo inocentado oficialmente; e no prolongamento futuro do vínculo da W52 com o FC Porto. E sobretudo revelando o homem sincero e aberto que é Adriano Quintanilha, amigo de seu amigo. Também “grande amigo” – como ele me trata a cumprimentar sempre que nos encontramos e eu tenho gosto de o considerar.
Armando Pinto
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