Em 1978 acontecera finalmente o tão desejado e esperado Título, com a vitória do FC Porto no Campeonato Nacional de 1977/78. Ora de seguida, na época seguinte foi mantida a embalagem, na conquista do segundo de enfiada. Com a chamada revolução mental de Pedroto, após a Taça de Portugal de 1977 e continuada em 1978 pelo Campeonato da 1.ª Divisão Nacional conquistado ao fim de 19 anos. Para, de imediato e sem tirar o pé do acelerador das táticas e mentalizações, em 1979, ter sido alcançado pelo FC Porto o Título de Bi-Campeão Nacional de futebol. Chegando assim a confirmação de que o anterior dragão adormecido começava a lançar fogo, consumado o triunfo total, por fim, no jogo do título, em plena tarde de altas temperaturas nas Antas.
Então, foi dia de casa cheia nas Antas, com o estádio à pinha, a rebentar pelas costuras como se dizia, tal a imensa mole humana que se comprimiu por quanto era sítio das bancadas do estádio portista – a pontos que devem ter sido vendidos mais bilhetes que a lotação, como era normal por esses tempos, de modo que mesmo para os sócios, sendo Dia de Clube, foram usados bilhetes de outras divisões com carimbos apostos (como se pode ver pela imagem comprovativa).
Isso... Em ambiente de fervor clubístico e com todo o mundo a suar em
bica pelo calor da tarde estival e ânsia. Tendo a festa tido apogeu apoteótico
no claro triunfo sobre o adversário do jogo da última jornada, que, depois de
sofrimento e luta, acabou em consagração. Triunfando o FC Porto sobre o
Barreirense, cujos jogadores vinham com a lição estudada de não permitirem que
Gomes marcasse, visto estar em disputa com Nené do Benfica pela marca de melhor
goleador da prova, mas tudo redundou num esclarecedor resultado de 4-1 para os
homens do Porto. Resultado esse concretizado com golos de Oliveira, Duda e Gomes (pois mesmo assim)… mais um autogolo dum defensor do Barreiro, Frederico, que se antecipou
a Gomes nessa jogada para o avançado azul e branco não chegar à bola… sem contudo esse jogador, que depois até ingressou no Benfica, ter conseguido impedir de Fernando
Gomes chegar à Bola de Prata de melhor goleador.
Com efeito, estava uma tarde quente e ainda mais calorenta na moldura humana que enchia as bancadas do estádio das Antas. De todos os setores se ouvia enorme vozeirão de entusiasmo, enquanto o tempo demorou a passar até ao início do jogo. Estava-se no derradeiro desafio, com todo o mundo à espera do FC Porto conseguir manter o 1º lugar e vencer o campeonato em dois anos seguidos. Visto o segundo classificado, Benfica, ter empatado na penúltima jornada, escorregando em Aveiro na jornada anterior, de modo que largou o FC Porto com quem mantivera igualdade pontual na classificação quase até ao fim. Então FC Porto só dependia de si próprio para ganhar o campeonato no último jogo da época. Contra o Barreirense, nas Antas, a 17 de junho de 1979.
Como não há fome que não traga fartura, como diz o rifão popular, o FC Porto após longos anos de espera passava a ter meta de segundo campeonato consecutivo. Apenas que o adversário final, o Barreirense, vinha com algo fisgado, tal a evidente retranca com que os jogadores das camisolas do Barreiro defendiam com unhas e dentes a sua baliza, para mais sabendo-se que a equipa estava sem outro interesse pessoal na contenda, despromovida de divisão que estava. Enquanto isso, como havia ainda um outro objetivo no jogo, estando em disputa o caso de Gomes poder marcar golos para ser o melhor artilheiro da prova, em disputa com Nené do Benfica que seguia de perto na classificação dos goleadores, tal desiderato resultou em maior ferrolho ainda e sobretudo em marcação direta ao dianteiro portista em causa. Havendo na equipa das listas vermelhas alguns jogadores em contacto com o Benfica, como depois veio a suceder com Carlos Manuel e Frederico que envergaram de seguida a camisola encarnada. Contudo, conseguindo a equipa azul e branca contornar a situação, «a história começou a ser construída com um golo de Oliveira e foi reforçada por Duda ainda na primeira meia hora. Na segunda parte, os visitantes até conseguiram reduzir, mas Gomes fez o 3-1 de livre direto e Frederico definiu ao marcar na própria baliza», antecipando-se a Gomes, acabando por ser fixado o 4-1 final… Acabando com o FC Porto Campeão, melhor dizendo Bi-Campeão (com mais 1 ponto que o perseguidor Benfica, nesse tempo de 2 pontos por vitória e 1 por empate), ao passo que Gomes ficou rei dos goleadores do campeonato (com mais 2 golos marcados que Nené). Em grande para as hostes portistas!
De mais esse inesquecível dia junta-se imagens de captação fotográfica dum dos jornais do arquivo particular, no caso o histórico "Primeiro de Janeiro" – através de visualização ampla, para evitar desta vez ter de fazer digitalização aos bocados, devido ao jornal ser de formato antigo muito grande.
Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens )))
Sem comentários:
Enviar um comentário