Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

sábado, 27 de setembro de 2025

Homenagem de Parabéns ao histórico guarda-redes Rui, célebre eterno suplente de maior duração!

 

Para quem acompanha a vida do FC Porto e quem conhece a história do clube há muito ou pouco tempo, o nome de Rui é sempre associado ao antigo guarda-redes de futebol portista que, além de ainda ter sido titular da baliza do FC Porto algum tempo, foi o suplente mais duradouro da história azul e branca. Esse mesmo, Rui Teixeira, que durante muitos anos foi suplente de Américo, o eterno Américo “Baliza de Prata” e por diversas vezes considerado o melhor jogador do Campeonato Nacional - para se ver como Rui tinha então difícil aspiração à camisola n.º 1, como era ao tempo também sempre o número do guarda-redes que alinhava na equipa principal, na numeração das equipas de 1 a 11. Depois, com o fim da carreira de Américo, após um ano atípico duma lesão sofrida por Rui e partilha da titularidade com vários guarda-redes (Aníbal, Vaz, Antenor e Frederico), seguiu-se durante algum tempo ter sido dividida a camisola n.º 1 do FC Porto com Armando, até que Rui foi titular e de permeio voltou a dividir a defesa das balizas do FC Porto com outros colegas e inclusive como suplente de Tibi, Torres e Fonseca, numa epopeia em que se manteve sempre fiel ao FC Porto, onde acabou por fim como treinador de guarda-redes das camadas jovens. Tendo antes de acabar a carreira ainda sido Campeão Nacional, havendo jogado na parte final do último jogo do Campeonato Nacional de 1977/78, no dia da conquista do título nacional ganho ao fim de 19 anos de espera.

Ora Rui Teixeira está hoje em dia de parabéns, na data da publicação deste artigo em sua homenagem. Ele que nasceu em 1942 a 27 de setembro.

Parabenizando o fiel guarda-redes portista, em jeito de prenda pessoal, aqui se recorda algo de seu Currículim Vitae de guarda-redes do FC Porto.

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Em contos de encantamento, com princesas e príncipes, sempre houve entre fadas e duendes, reis e rainhas, também histórias metendo personagens simpáticos em planos seguintes, desde acompanhantes de realeza até guardadores de sonhos e outros que tais. Ao jeito do que, saltando à realidade histórica desportiva, como quem pula entre os postes duma baliza de futebol, se chega a uma bola saltitante como que a resgatar a memória relacionada com um guardador da baliza. 


Tal o que aqui recordamos desta feita, lembrando o caso do guarda-redes Rui, que em sua longa carreira desportiva foi um segundo guarda-redes de luxo do FC Porto durante muitos anos, enquanto suplente da equipa principal do futebol portista. Sendo ao longo de sua vida futebolística no escalão sénior, sempre como elemento do FC Porto, muito apreciado pela sua fidelidade clubista.


De nome completo Rui Fernando de Sousa Teixeira, nasceu a 27 de Setembro de 1942 na Mealhada, esse que foi guarda-redes que durante largo tempo pertenceu aos quadros do FC Porto, onde chegou em 1958 para incorporar a equipa de Juniores e a partir de 1961/1962 fez parte do plantel dos seniores, até 1978/1979. Bem como mais tarde foi ainda treinador de guarda-redes das camadas jovens.


Tendo de permeio, no começo, sido internacional pela seleção portuguesa de juniores em 1960, Rui ganhou galões de campeão europeu, como integrante da equipa que conquistou em 1961 o Torneio Internacional de Juniores, como ao tempo era chamado o Campeonato Europeu da mesma categoria; e, já como sénior e entretanto tendo alcançado o posto de suplente na equipa principal do FC Porto, foi ainda internacional pela Seleção Nacional Militar, que ao tempo disputava torneios dessa especialidade. Além de, em 1964/65, ter chegado a ser suplente, também, na Seleção Nacional A em dois jogos da fase de apuramento para o Mundial de Inglaterra.


Entretanto e posteriormente, no decurso de 18 anos ao serviço do FC Porto como jogador, teve participações nas vitórias alcançadas pelo FC Porto na Taça de Portugal de 1967/68 e 1976/77, assim como foi campeão nacional utilizado no Campeonato de 1977/78.


Rui Teixeira teve início de carreira no mundo do futebol nas camadas jovens do clube da sua terra natal, Grupo Desportivo da Mealhada, havendo merecido a atenção do abade local e portista Padre Ferreira Dias, pároco de Casal Comba, pela classe que já evidenciava na Mealhada. Então o Padre Cénego Ferreira Dias indicou-o ao F.C. do Porto, em decisiva ocorrência na sua transferência para a cidade invicta.


Depois de uma curta passagem antes verificada pelo Belenenses, à experiência, Rui chegou no ano de 1958 aos juniores do Futebol Clube do Porto. Tendo começado desde logo a brilhar na baliza dos jovens Dragões, o que lhe valeu chamada à Seleção Nacional de juniores que em 1960 participou no Torneio Internacional da UEFA disputado na Áustria. Onde Rui fez a sua estreia em jogo empatado a zero (0-0) frente à Itália, numa competição em que Portugal foi 3º classificado. Seguidamente, continuando dono da baliza dos juniores portugueses, em 1961 alcançou algo mais, na Seleção júnior então treinada por José Maria Pedroto, com a conquista do Torneio da UEFA / Campeonato Europeu que teve lugar em Lisboa e no qual alcançou a vitória em tal torneio de maior nomeada do escalão júnior europeu, ao tempo. Os jovens portugueses, selecionados por David Sequerra e orientados por Pedroto, conquistaram a prova depois de vencerem a Polónia, na final, por 4-0. Essa vitória no Campeonato da Europa foi o trampolim perfeito para Rui vir a assumir um lugar no plantel principal do FC Porto da época seguinte.


Assim foi natural que na temporada de 1961/62 e com apenas 19 anos já fizesse parte do plantel superior do FC Porto, embora como suplente, mas como “sobresselente” principal (como à época era vulgar dizer), visto haver mais guarda-redes à espera de oportunidade. Sendo porém titular da equipa de Reservas, na qual conquistou depois diversos títulos da Taça da Associação respetiva. Contudo sem grandes possibilidades de maior ascensão, porque encontrou a concorrência de Américo, guarda-redes de grande valia muito querido dos apoiantes; e então Rui raramente saiu do banco de suplentes.


Desse tempo, sensivelmente, foi uma apresentação formal saída no jornal O Porto de 1 de junho de 1963, em género de apresentação então feita aos sócios e adeptos portistas, quando começava a entrar nas vistas dos assistentes aos jogos da Reserva do clube (equipa B) e se sentava no banco lateral ao relvado, como suplente de Américo na equipa de honra.

E, já com algumas oportunidades de ter defendido a baliza portista, havendo de permeio chegada a idade da tropa, em 1964 foi incluído na Seleção Militar de Portugal, ao lado de alguns colegas titulares da equipa principal do FC Porto, conforme notícia que se respiga da edição de O Porto de 19 de fevereiro de 1964.


Assim e entretanto, entrado no serviço militar obrigatório, o mesmo guarda-redes suplente do FC Porto foi chamado a representar a Seleção Nacional Militar, por diversas vezes. Totalizando, entre jogos pela Seleção júnior e pela Seleção Militar, 9 internacionalizações.


Na Seleção Militar Rui teve primeiramente a companhia dos seus colegas de equipa Pinto, Nóbrega e Jaime, mais Atraca, e noutros encontros (como mostra a foto abaixo) a dupla Pinto e Nóbrega, emparceirando com Eusébio e Simões do Benfica, José Carlos e Pedro Gomes do Sporting, Ribeiro do Belenenses, Jaime Graça do Setúbal e outros mais.


Mesmo assim ainda chegou na primeira época de sénior a defender a baliza portista, tendo entrado como substituto num jogo, para o lugar de Américo que se lesionara, e assim manteve-se titular em mais 2 jogos para o campeonato e 1 para a Taça de Portugal; bem como nas seguintes temporadas fez mais alguns jogos – 4 para a Taça de Portugal e 1 na Taça das Cidades Com Feira, em 1962/63; e em 1963/64 mais 2 no Campeonato Nacional, 4 para a Taça e 1 na internacional Taça das Cidades com Feira (antecessora da Taça UEFA/Liga Europa). 


Depois em 1964/65 já o jovem guarda-redes teve oportunidade de jogar com regularidade, após lesão de Américo e (como os números das camisolas eram de 1 a 11) então Rui vestiu a camisola n.º 1 do FC Porto em 14 jogos do Campeonato, 2 da Taça e 1 da tal das Feiras, dividindo a titularidade da baliza portista com o "monstro sagrado" Américo. Em cuja pertinência Rui foi selecionado para os trabalhos da seleção principal portuguesa, tendo estado como suplente da Seleção A Nacional nos jogos contra a Turquia e Checoslováquia de apuramento para o Mundial de 1966.

= Vitória do FC Porto pela segunda vez no Troféu Luís Otero, em Espanha.


Após essa “alvazelha”, tudo voltou à situação anterior, tendo nas temporadas seguintes Rui regressado ao banco de suplentes, com mais alguns jogos de permeio efetuados – 9 em 1965/66, no total das diversas competições da época, mais 8 em 1966/67 e 2 em 1967/68, sendo que parte de um desses foi na Taça de Portugal que depois veio a ser ganha pelo FC Porto. 


Até que em 1968/69, tendo jogado em 7 jogos do Campeonato e 1 na Taça, foi titular na parte final da época após o histórico afastamento de Américo, Pinto e Gomes, e por fim devido ao Américo ter tido recaída de lesão que o vinha apoquentando e o obrigou a terminar a carreira.

= Plantel do FC Porto em pose de conjunto, na parte final da época 1968/69 (já quando Américo se encontrava a contas com a lesão que o afastou da prática do futebol) - Ao tempo estava interinamente, como treinador substituto, António Morais.=

Américo Lopes tivera uma carreira deveras longa, a pontos que na coleção Ídolos do Desporto, em voga nesses tempos de romantismo desportivo, ter sido intitulado num dos livros a ele dedicado como "Guarda-redes Eterno". Ora Rui, eternizado como seu substituto, pode-se dizer que ficava na memória como "Eterno suplente-efetivo", pela efetiva longevidade, como tal.


Assim sendo na temporada de 1969/70 Rui foi novamente titular, mas então também ele se viu a contas com uma lesão que o obrigou a dividir a baliza com colegas de posto, à época, e como período de transição que era, à nova realidade, isso levou a experiências e situações que resultaram numa classificação pouco condizente aos pergaminhos do clube, tendo nessa época o F.C. Porto utilizado um total de 5 guarda-redes (Rui, Aníbal, Vaz, Frederico e Antenor) e acabado o campeonato em 9º lugar.


No ínterim desses tempos, Rui foi chamado também a jogar na seleção representativa da Associação de Futebol do Porto algumas vezes, em jogos que nessas eras aconteciam em intercâmbio das respetivas organizações.


Na temporada de 1970/71, empreendida uma natural renovação na equipa (com a vinda de Abel, Manhiça, Bené, regresso de Lemos, entre diversos exemplos, e regressado que foi às Antas o guarda-redes Armando, que se notabilizara no Braga, depois de ter sido formado no FC Porto), então Rui começou a época como suplente de Armando, que jogou na digressão efetuada à Venezuela e restantes jogos da pré-época, tendo Rui depois voltado à titularidade a partir da quinta jornada do campeonato, embora de permeio alternando mais algumas vezes com o mesmo Armando Silva, seu colega de posto. Enquanto nas duas temporadas seguintes já Rui Teixeira vestiu a camisola nº 1 do clube na maior parte dos jogos.


Passado esse período de regular utilização, no final do campeonato de 1973 e sobretudo em 1973/74 Rui voltou ao posto de suplente, depois da entrada de Tibi. E com esse novo colega Rui teve que gerir a permanência como segundo guarda-redes; até que também a partir da última parte do campeonato de 1976 voltou a jogar de início, mas logo em 1976/77 retornou a suplente, perante a entrada de Torres, aquando do empréstimo de Tibi (em período sabático fora do clube). Sendo como substituto, pronto para o que desse e viesse, que Rui foi nº 12 na conquista da Taça de Portugal da época 1976/77 – como ficou mesmo registado na pose da equipa da final, com efetivos e suplentes conjuntamente.


Por esses lustros Rui foi alvo de uma ação de gratidão do clube, através dum jogo em sua homenagem disputado no Estádio das Antas a 1 de Junho de 1977, por meio dum género de festival em que se realizaram jogos entre FC Porto-Equipa de ex-jogadores do clube e Gondomar-Rio Tinto (clubes do concelho de sua residência). De cuja festa se dá à estampa uma imagem do respetivo bilhete, que na altura custou 50 escudos!


Rui ainda marcou presença nos Dragões durante a seguinte temporada de 1977/78, em que disputou parte de 1 jogo, na consagração da vitória do campeonato finalmente conquistado (era então Fonseca o titular) e continuou em 1978/79 a fazer parte do plantel, embora sem ter jogado oficialmente. Pondo aí ponto final na carreira de futebolista. Enquanto ficava com honroso currículo de ter sido Campeão Nacional, sendo um dos vencedores do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1977/78, e vencido também pelo FC Porto duas Taças de Portugal, em 1967/68 e 1976/77, assim como cinco Taças Associação de Futebol do Porto, de Reservas (Equipas B), correspondentes às épocas de 1961/62, 1962/63, 1963/64, 1964/65 e 1965/66, no decurso de longa estada no clube, sempre com o emblema do FC Porto na sua camisola.


Com efeito, Rui esteve todas as 18 temporadas que realizou como sénior ao serviço dos Dragões, o que é uma raridade e um exemplo de dedicação ao clube. No qual mais tarde continuaria sua vida, regressando em 2010 como treinador de guarda-redes dos escalões de formação.


Rui foi então, por fim, treinador dos guarda-redes da equipa de Sub-19 do FC Porto até 2017.


Recordamos assim este que foi célebre suplente na história do FC Porto, o guarda-redes Rui. Não sendo vulgar o facto de um jogador representar um clube durante tanto tempo e na sua condição, como Rui que permaneceu no FC Porto durante 18 épocas consecutivas, e quase sempre como suplente. Sensacional. Bonito e sintomático.











Armando Pinto
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