A 8 de outubro, «em 1950, no Campo da Constituição, o FC Porto
de Anton Vogel recebia e vencia o Benfica por 5-2 em jogo da quarta jornada da
Liga, mesmo sem Hernâni, a contratação e sensação do momento que não entrava
nas contas do treinador romeno nascido em Viena e radicado em Birmingham. Vital
e Monteiro da Costa bisaram e Nelo fez o resto, de pouco valendo aos
“encarnados” os dois golos de José Águas.»
= Equipa do FC Porto dessa época, com alteração de dois
jogadores: em vez de Sanfins e José Maria, nesse jogo alinharam Vital e Araújo.
Nesse Porto-Benfica de boa memória, disputado no Campo da
Constituição, Vogel fazia a sua estreia como treinador do FC Porto. Como tal
naturalmente ainda não conhecia bem o Hernâni, em fase de transição de ter
estado a maior parte do tempo na tropa, em serviço militar obrigatório. Mas
sobressaiu Araújo, ao tempo o grande craque do FC Porto, mas que por motivos de
doença ligada ao centro de medicina, esteve em momentos alternados ausente,
impedido de jogar. Coisas que só aconteciam ao FC Porto… como sempre,
infelizmente!
Desse jogo há uma narrativa que descreve o panorama em que se desenrolou, conforme consta da obra "Vida e Glória de 3 Gigantes", edição do jornal A Bola e texto de António Simões, um dos poucos jornalistas que naquele periódico salvavam a honra da casa.
Na calha da ocorrências, outras derivadas se propiciam avivar. Tais como na linha de recordação, a propósito, se recorda a estada de Vogel no clube portista.
«Anton Vogel é um nome compreensivelmente pouco conhecido da história do FC Porto. Este treinador passou pelo clube durante poucos meses, em 1950, e não teve tempo para conquistar qualquer troféu, mas dirigiu a equipa numa vitória importante sobre o Benfica. No Campo da Constituição ao intervalo registava-se um empate a um, mas no fim o marcador já tinha subido até aos 5-2 a favor da equipa da casa.»
Em vista disso, como realmente não há muito mais por onde se pegue no assunto em livros e revistas de publicação saída nos últimos trinta ou quarenta anos, por exemplo e pelo menos, deitamos olhos ao que consta da coleção da antiga revista lisboeta Stadium, para efeito de memorização mais ilustrada.
E, ao correr da memória escrita, pode recordar-se algo mais aqui da história desse triunfo, concretizado através de golos portistas apontados por Nelo Barros, um, e Monteiro da Costa e Vital, dois cada um. Mas, além da boa prestação também de todos os outros, desde Barrigana, passando por Virgílio, Carvalho. Joaquim Machado, Pinto Vieira, Alfredo Pais e Carlos Vieira, o destaque foi para Araíjo.
Então, nesse jogo aconteceu o regresso de António Araújo à competição, depois de longa ausência por motivo de ter estado impedido pelo Centro de Medicina Desportiva, derivado a uma velha lesão, e, em nobre atitude de desportivismo daqueles tempos, o Benfica saudou o retorno do grande craque desse tempo com um ramo de flores entregues antes do jogo – cujo momento deu azo à capa da revista lisboeta Stadium, à época.
Estava-se aí na 4ª jornada do Campeonato Nacional de 1950/51 e o encontro motivou uma enchente no campo da Constituição, tendo o jogo proporcionado a Araújo assinalar sua reentrada na equipa com uma grande exibição, que muito ajudou ao concludente resultado com que o FC Porto brindou o Benfica – como a mesma revista deixou impresso à posteridade na sua página de análise à jornada.
António Araújo nesse jogo, com efeito, fez uma grande exibição, como também está relatado no livro “História dos 50 Anos do Desporto Português”, editado pel' A Bola, e se repete aqui: «Grande jogo de Araújo, que foi autorizado a jogar sob vigilângia médica, uma vez que ainda se suspeitava de padecer de uma nefrotapia crónica. Na partida nada se notou. Antes pelo contrário...»
Pois então, por toda essa envolvência, tal o caso de Araújo, e como nota de registo da passagem de Vogel pelo FC Porto e no futebol português, o jogo merece ser revivido na memória, através das imagens coevas, pelas gravuras que foram publicadas na revista Stadium, em seu número seguinte ao jogo.
Armando Pinto
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