Como vêm da ilha da Madeira as estrelícias, flores naturais
com imagem de requinte, apropriadas a eventos refinados (associando-se essa
flor à Madeira, embora de origem sul-africana, mas dando-se bem com a aragem
madeirense, sendo espécie muito cultivada na ilha); bem como o vinho Madeira, também
de classe comprovada; mais as saborosas bananas, muito apreciadas; entre
características que lhe dão o epíteto de Pérola do Atlântico; também da Madeira
brota de sua espécie humana bons valores, entre gente saliente nos diversos
campos da sociedade. E, dentro de tal galeria, igualmente no desporto, desde
Ronaldo e Pinga, no futebol de agora e antes, como no hóquei José Ricardo, geralmente
considerado o melhor, mais José Castro, guarda-redes histórico do hóquei em
patins.
Ora, como tal e atestando bem o lugar que representa,
Castro, que um dia veio para o continente português e durante anos representou
o F C Porto, teve uma carreira desportiva de realce, em que se salienta ser o
mais internacional hoquista oriundo da Madeira, detendo o maior número de
chamadas à seleção portuguesa, somando internacionalizações na seleção júnior e
na sénior.
José Manuel Castro nasceu a 17 de Março de 1950, na Freguesia
de S. Pedro – Funchal, em plena ilha da Madeira, ao largo do território
português banhado de todos os lados pelo Atlântico. Em cujas entranhas
telúricas desde cedo se dedicou a jogar sobre patins, tendo começado logo aos 8
anos a praticar hóquei em patins nas camadas principiantes do Marítimo. Mas
(conforme o próprio contou um dia numa entrevista ao jornal O Porto) como
sempre desejou ser guarda-redes e o equipamento era muito pesado, teve de
interromper essa sua atividade (de permeio com outros desportos, tendo também
corrido em atletismo e jogado futebol nas camadas jovens) para depois haver
regressado ao hóquei pelos 13 anos. Ali no Marítimo do Funchal se manteve
durante quatro épocas, principiando em 1963, já a guarda-redes (numa equipa em
que alinhava também Jorge Câmara a médio, colega mais novo e que anos depois o
voltou a encontrar no Porto).
Conta o amigo Jorge Câmara: «O Castro também praticou
atletismo e futebol com a camisola do maior clube desportivo das Ilhas
(Marítimo), modalidades que abandonou, para se dedicar em exclusivo ao hóquei
em patins. Era necessário arranjar espaço, para que depois das aulas fossemos
para a Quinta Bianchi, que vulgarmente era chamada de Quinta Vigia. Havia por
ali três quintas, separadas por pequenos caminhos (Quinta Vigia, Quinta Pavão e
Quinta Bianchi). Onde dava para treinar com bolas de ténis, durante horas da tarde, sensivelmente das 15 às 18 horas, debaixo das ordens do nosso treinador
particular Agostinho Zacarias (Fôfo) o homem dos sete instrumentos, roupeiro,
mecânico, massagista, treinador e cozinheiro privado. Até que chegou o ano de
1967 e o Sr. Gil Câmara, decidiu convocar o Castro para a seleção sénior da
Madeira para defrontar a Seleção de Lisboa, relegando assim Ricardino Jasmins
para o banco de suplentes.»
= Principiantes do C.S.Marítimo, do início de carreira de Castro
(em cima, primeiro à direita da foto; estando em baixo Jorge, também à direita).
Acompanhados pela grande figura Agostinho (Fofo) o homem dos sete instrumentos.
=
Entretanto Castro subira ao escalão de juniores, numa
ascensão que levou a que chamasse as atenções, a pontos de, ainda com idade de
júnior, em 1967, ter sido escolhido então para a Seleção da Madeira que, em
representação da Associação do Funchal, defrontou a Seleção de Lisboa.
= No jogo da Seleção da Madeira com a congénere de Lisboa =
Até que em
1968, com 17 anos, veio para o F C Porto junto com Ricardo, respondendo
afirmativamente a convite para reforçar a equipa portista. E logo no mesmo ano,
já como hoquista do F C Porto, e ao lado do colega de equipa Cristiano, foi
chamado à Seleção Nacional de Juniores que representou Portugal no Europeu,
disputado em Vigo (classificando-se a equipa portuguesa no 2º lugar em
igualdade pontual com a formação espanhola, com quem Portugal empatou e apenas
ficou no 2º posto por diferença do total de golos).
Cristiano e Castro, ambos da equipa sénior azul e branca,
embora com idade para a seleção júnior, foram assim os primeiros internacionais
juniores do hóquei em patins do F C Porto.
= Aspeto da homenagem que foi prestada a Castro e Cristiano pela Associação de Patinagem do Porto e pelo F C Porto, no rinque da Constituição. Vendo-se, em representação do clube, o capitão de equipa Alexandre Magalhães. =
Volvido um ano, Castro voltou à seleção portuguesa de
juniores e a disputar novamente o Europeu da categoria, outra vez na companhia
de Cristiano, e então com mais dois outros colegas hoquistas do F C Porto,
Fernando Barbot e António Júlio, conseguindo enfim o título. Sendo os juniores
portugueses desse campeonato de 1969 Campeões Europeus.
Bem como, a nível de
competições nacionais, Castro obteve com a equipa sénior do F C Porto o
Campeonato Regional da Associação de Patinagem do Porto e o Campeonato
Metropolitano (de campeão da metrópole), ficando depois em 2º lugar no
Nacional, em fase final disputada com equipas das então províncias
ultramarinas. Tal como seguidamente obteve mais títulos, nas edições seguintes
do Regional e no Campeonato de Reservas da APP, assim como na fase da Zona
Norte do Metropolitano, em 1970 e 1971. Até que o serviço militar, em tempo da
guerra colonial, veio interromper essa auspiciosa carreira, sendo Castro
mobilizado para ir para Angola.
De tal facto, ilustramos a ocasião com (imagens de) recortes
jornalísticos, extraindo d’ O Porto uma crónica do jogo que serviu de despedida
temporária e duma entrevista correspondente ao momento:
Durante a prestação da comissão de serviço militar Castro
representou o F C de Luanda, ao tempo filial principal do F C Porto em Angola.
Após o regresso, Castro foi finalmente chamado a representar a seleção
principal de Portugal, fazendo então parte da equipa das quinas vencedora do
Campeonato Europeu de seniores em 1975.
= Apontamento do jornal O Porto de 24-7-1975 =
Assim como mais tarde, já entrada a
década dos anos oitenta, Castro incluiu a equipa do F C Porto que obteve o
primeiro título internacional do F C Porto, com a conquista da Taça das Taças
da Europa, em 1982, que então era também a primeira taça europeia da
presidência de Jorge Nuno Pinto da Costa.
Castro, com uma assinalável permanência nos quadros do hóquei patinado do F C Porto tornou-se um guarda-redes emblemático, um referencial na história do F C Porto.
Numa carreira brilhante e recheada de medalhas, placas, salvas e trofeus, contando correspondentes taças de guarda-redes menos batido do
Campeonato da Europa dos Juniores de 1968 e guarda-redes menos batido no Torneio
do Árbitro Internacional Carlos Bica, em 1981; mais os troféus de guarda-redes menos batido do Torneio de Nova
Lisboa (Angola)-1973 e o de menos batido do Torneio Internacional de Espinho-1979 (veja-se as imagens da sua coleção pessoal), o seu currículo desportivo fala por si.
Palmarés:
- Pelo C. S. Marítimo
> Campeão Regional da Madeira de Juvenis - 1966.
Pelo F C Porto
> Campeão Regional do Porto - 1969
> Campeão Metropolitano 1969
> Campeão da Europa de Seleções de Juniores 1969.
> Campeão Regional do Porto 1970
> Campeão Regional de Reservas 1970
> Campeão Regional do Porto 1971
> Campeão Regional de Reservas 1971
> Campeão da Europa de Seleções Seniores 1975
> Vencedor da Taça das Taças 1981/1982
> Campeão Nacional 1982/83
> Vencedor da Taça de Portugal 1983
> Campeão Nacional 1983/1984
> Vencedor da Supertaça 1982/1983
ARMANDO PINTO
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))
Boa tarde.
ResponderEliminarGostava de saber como posso contatar o Castro?
Agradecido
Viva, amigo sr. Luís Duarte. O Castro pode ser contactado por facebook, possivel meio mais fácil. Para tal contacto com o comum amigo Castro pode enviar-me por comentário, para aqui, como o que fez, o seu e-mail ou outro modo de contacto pessoal privado (que agora não publicarei) e na resposta, de igual forma, em mensagem privada, lhe indicarei o facebook do Castro. Ok.
ResponderEliminarSempre ao dispor
Armando Pinto