Corriam dias românticos de finais da década dos anos
cinquentas, a meio do século XX. O desporto e particularmente o futebol em
Portugal ainda não tinha estatuto profissional, a pontos de alguns desportistas
da alta competição desse tempo praticarem oficialmente mais que uma modalidade
desportiva. O que aconteceu então com Acúrcio, guarda-redes de futebol do FC
Porto, que anteriormente já jogara hóquei em patins entre as defesas que ia
fazendo diante das balizas de futebol. Por sinal com destaque que levara a ser
considerado dos melhores valores da modalidade jogada sobre patins. E, já no
Porto, estando então o FC Porto a começar a dedicar mais atenção ao hóquei em
patins e tendo ali à mão um valor daqueles, foi o mesmo convidado a voltar a
calçar os patins, aí em representação do FC Porto, como no futebol.
Nessas e outras particularidades, já lhe foi prestada
homenagem através de referências que lhe dedicamos em diversos artigos neste
blogue.
Nessa envolvência, a sua estreia foi acontecimento de atração,
como é lembrado agora em “Dragões Diário”, na efeméride do dia, respeitante a 8
de maio, numa recordação de 1957:
«Há 61 anos, centenas de portistas reuniram-se para uma
cerimónia diferente do habitual: Acúrsio, guarda-redes da equipa de futebol
desde 1955, era apresentado como elemento da formação de… hóquei em patins! Tal
como outros atletas da sua geração, Acúrsio, que como futebolista foi duas
vezes campeão nacional e venceu duas Taças de Portugal, destacou-se em duas
modalidades, tendo em ambas alcançado o estatuto de internacional.
Curiosamente, enquanto nos relvados se exibia na baliza, nas pistas brilhava
como avançado.»
De setique na mão e a rolar de patins com a camisola do FC Porto, Acúrcio depressa foi selecionado para jogar também na seleção nacional do hóquei patinado. Tudo muito depressa, como reflexo de seu valor e extensão da situação. Mas como tal, também depressa passou essa fase.
Com a implantação do profissionalismo no futebol, depois, Acúrcio
(nome que ao tempo era escrito como “Acúrsio”), o avançado de hóquei e
guarda-redes de futebol, teve de optar entre o hóquei amador e o futebol profissional, acabando por ser unicamente futebolista, tendo até se sagrado
campeão nacional como titular da baliza na conquista do célebre campeonato de
1958/59. E para sempre ficou com curiosas histórias para se contar, desde ter
sido o primeiro guarda-redes português a marcar um golo, até ter jogado hóquei
e futebol e em ambas ter sido internacional, bem como, especialmente, haver sido o
primeiro internacional do hóquei em patins do FC Porto.
Armando Pinto
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