A 6 de março de 1989 Américo, o antigo guarda-redes “Baliza
de Prata” do FC Porto, fundou uma clínica médica a que deu nome de “Clínica Boa
Hora”. Então criada oficialmente no dia de calendário em que uns bons anos
antes, no ano de seu nascimento, em 1933, ele havia sido registado civilmente e
como tal ficou a constar primeiro na Cédula, como era mais usual nesse tempo, e
depois no seu Bilhete de Identidade.
Não foi à toa a ideia desse dia, sendo o dia 6 de março, então, mais associado na
documentação como dia de seu nascimento, embora tenha na realidade nascido a 27
de fevereiro, dia em que festejava seu aniversário natalício. Facto derivado de
seu pai o ter registado dias depois da data verdadeira, como à época acontecia para
não ser paga uma multa por atraso fora de prazo. Mas para efeitos legais e oficiais contava o dia 6 de março, como tal.
Então, passados anos, cerca de vinte anos depois de ter acabado a carreira de futebolista (em 1969) e, depois de ter tido outras casas comerciais de diferentes ramos de negócios, e quando contava já 56 anos de vida, Américo Lopes lançou-se com novo e definitivo empreendimento, tendo fundado em 1989 uma clínica médica, em boa hora e a que deu o nome precisamente de Boa Hora – pelo seu bom nascimento e destinada a ser para boa hora de quem de seus cuidados precisasse. Como se tem verificado. Desde então, a partir desse dia 6 de março. Honrando sobremaneira a terra afetiva, São Paio de Oleiros, com essa dotação da Clínica que muito prestigia a vila.
Américo Ferreira Lopes teve um percurso profissional interessante: em jovem
trabalhou com o pai, que tinha uma fábrica de cortiça, na sua terra natal, em
Santa Maria de Lamas. Depois, além de jogador de futebol, Américo ainda no início da
carreira futebolística teve uma sociedade comercial de venda de motos, no
Porto, com António Teixeira, José Maria Pedroto e Carlos Vieira, colegas futebolistas
mais velhos. Depois teve uma confeitaria em Espinho e uma fábrica de
pastelaria. Mais tarde, já após o Mundial de 1966, estabeleceu-se com a Casa
Magriço, de venda de artigos desportivos, com duas lojas no Porto. Negócio que teve enquanto futebolista profissional e depois ainda, após ter acabado a carreira tutebolística. Entretanto ainda teve
negócios relacionados com construção civil. E por fim fundou e dirigiu a Clínica
Boa Hora, na terra de sua residência, em São Paio de Oleiros (também de seu concelho
de Santa Maria da Feira). Sempre com visão empresarial de acautelar o seu
futuro e de seus familiares mais chegados. Havendo depois, já em idade avançada, passado a clínica a
sua afilhada, como pessoa de confiança e que aceitou, para dar continuidade a tal empreendimento.
Américo, além de ter sido um histórico guarda-redes de
futebol do Futebol Clube do Porto e internacional pela Seleção Nacional, foi
importante cidadão de Santa Maria de Lamas, onde nasceu em 1933 e teve
residência até casar, mas também e vincadamente de São Paio de Oleiros, onde
residiu a partir de 1957. E aí viveu até falecer e repousar por fim no descanso
eterno, em 2023. Tendo esta sua terra afetiva sido deveras mais conhecida pelas
referências dele ali ter vivido. Como curiosamente, no caso pessoal, foi por
isso que tive conhecimento da mesma, a ponto que numa época a que eu presidia a uma instituição da minha terra, a Casa do Povo da Longra, aqui do concelho de Felgueiras,
e no âmbito das respetivas atividades associativas fundei um Rancho Infantil e
Juvenil (em 1994) a fazer parte da mesma instituição, como extensivamente organizava anualmente um Festival Folclórico,
convidei para participar num desses encontros etnográficos, entre os Ranchos de cartaz,
um congénere agrupamento de S. Paio de Oleiros (em 1999). Enquanto isso, como era a título de
permuta, na resposta de troca então pela primeira vez pude (em 2000) ir à terra do sr.
Américo, na ida ao Festival desse Rancho, existente ao tempo (agora nem sei, mesmo
porque entretanto já passei a pasta dessas e outras funções de cidadania
ativa). Tal como foi por me chamar a atenção, pelo nome da terra, onde vivia o
sr. Américo, que um dia eu tive conhecimento e visitei o Presépio Gigante do “Cavalinho”,
também existente por esse tempo e ainda durante mais anos…
Agora, passado já algum tempo de seu falecimento, ocorrido
no outono do passado ano de 2023, quando estava com 90 anos, e agora que passam 35 anos
de sua criação da Clínica Boa Hora, em homenagem a tudo o que representa a vida
de Américo, o grande guarda-redes do FC Porto e da Seleção Nacional, aqui se
evoca sua obra na efeméride da fundação de sua Clínica. Respigando algumas passagens
de entrevistas publicadas em jornais e revistas, em cujas conversas foi intercalado o tema
da sua Clínica.
Assim, na revista “A Bola Magazine”, no seu número de setembro
de 1990, em entrevista aos 3 grandes guarda-redes do passado da História do FC
Porto, Barrigana, Acúrcio e Américo, junto com o então titular e jovem Vítor
Baía, sendo Américo o mais novo dos antigos, ficou feita logo referência a sua clínica,
fundada no ano anterior, em 1989.
Isso, ao mesmo tempo que na mesma revista nesse tempo de publicação
extra do jornal A Bola, Américo rememorou ainda, sobre a Campanha da Seleção Nacional dos "Magriços" no Mundial de 1966 em Inglaterra;
Depois e entretanto, em 1992, aquando do jogo Sporting-FC Porto para o Campeonato Nacional de futebol da 1ª Divisão da época de 1991/1992 (que o FC Porto acabaria no dia seguinte por vencer, por 2-0, no antigo estádio de Alvalade), Américo foi entrevistado no jornal A Bola como representante histórico do FC Porto na véspera da realização desse clássico em Lisboa. Tendo sido fotografado precisamente em frente à Clínica, como ficou registado, vendo-se em fundo o “reclame” (painel publicitário da respetiva sinalética) da própria Clínica. Tinha ele aí 57anos.
Em cuja entrevista, ao longo de quatro
páginas inteiras, o “guarda-redes eterno” desfiou suas contas do rosário de memórias.
De onde se recorta uma pequena parcela, da parte referente à sua Clínica.
Armando Pinto
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