Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Armando – Guarda-redes histórico do F C Porto


Armando, guarda-redes formado no F C Porto e que como sénior representou o FC Porto em finais dos anos cinquentas e depois novamente nos primeiros anos da década de setenta, é agora alvo de justa homenagem, através duma entidade de ligação ao F C Porto, por iniciativa da Casa do FC Porto de Rio Tinto.


Armando foi e é uma das minhas referências futebolísticas, nas memórias pessoais de atento adepto do FC Porto. A par do Américo, meu grande ídolo por assim dizer, pois foi já com Américo na baliza do Porto que comecei a sentir mais esse sentimento que é gostar muito do F C Porto. Armando jogara inicialmente ainda o autor destas linhas era criança de pouca idade. E haviam passado lá pelas balizas, como eu ouvia, também Pinho, Acúrcio, etc. 
E até o Roldão, que fora internacional júnior mas depois seguiu outro rumo. Mais tarde apareceu o Rui, que foi eterno suplente do Américo, e ainda outros, como o Norberto, o José Domingos, todos guarda-redes que não conseguiram subir mais perante o valor do indiscutível Américo. Enquanto isso, Armando seguia seu caminho, pois que devido à tropa, como era chamado popularmente o serviço militar obrigatório, teve de seguir um percurso alternativo por outros clubes, até que assentou posição na frente das redes do Braga, com grande sucesso. Mas sem nunca esquecer o seu e nosso Porto. Tanto que, após Américo ter saído do seu posto, devido a grave lesão, e a época seguinte ter sido de grande alternância na baliza do F C Porto, tendo defendido Rui, Aníbal, Vaz, Antenor e Frederico, havendo sido convidado Armando a regressar, de imediato aceitou, possibilitando assim que passasse também a ser o referencial que é nas memórias portistas.

= Armando, na equipa principal do F C Porto, em 1970 / 71, junto com (a partir da esquerda, em cima:) Pavão, Manhiça, Vieira Nunes, Albano, Gualter e (em baixo) Abel, Custódio Pinto, Chico Gordo, Bené e Eduardo Gomes. =

Armando Pereira da Silva nasceu no dia 11 de Outubro de 1938, na cidade do Porto. Depois de ter passado pelas escolas do Futebol Clube do Porto, Armando estreou-se na equipa principal portista na temporada de 1957/58. Logo nessa época esteve presente (como guarda-redes suplente), na Final da Taça de Portugal em que o F.C. Porto venceu o S.L. Benfica por 1-0. Depois, mantendo-se no plantel principal, Armando representou os Dragões nas duas temporadas seguintes, tendo vencido por duas vezes a Taça Associação de Futebol do Porto, fazendo equipa com outros nomes consagrados, como Pedroto, Osvaldo Silva e outros (conforme a foto abaixo), mas no final do Campeonato Nacional de 1959/60 deixou as Antas para cumprir o serviço militar e entretanto ingressou no Gil Vicente. Foi depois obrigado a seguir para a guerra colonial em Angola, onde representou o Ferroviário de Malange.

= Uma das equipas em que Armando alinhou em jogos da Taça Associação de Futebol do Porto. =

No regresso a Portugal, vestiu a camisola do Salgueiros em 1963/64. Na temporada seguinte transferiu-se para o Sporting de Braga tendo-se mantido na cidade dos arcebispos por cinco temporadas e onde venceu a sua segunda Taça de Portugal em 1965/66, havendo então sido titular na vitória sobre o Vitória de Setúbal. Em 1970/71, Armando regressou ao F.C. Porto para defender a baliza portista e substituir o antigo guardião Américo, que acabara a carreira devido a lesão. Nesse período, Armando manteve-se nas Antas até ao final da temporada de 1972/73. Até que na época de 1973/74 voltou ao S.C. Braga onde ainda jogou durante mais duas temporadas, para depois ter terminado a carreira no final de 1974/75. Armando representou ainda a Seleção Nacional Militar, a Seleção B Nacional e a Seleção A onde foi suplente em cinco partidas. Mais tarde passou a assumir o cargo de treinador em equipas dos distritais da área do Minho, inclusive tendo promovido o Grupo Desportivo de Terras de Bouro, alcançando com esse clube o título de Campeão da 2ª Divisão Distrital, na época 1983/84.. Foi agraciado com a Medalha de Exemplar Comportamento da Federação Portuguesa de Futebol, em virtude dos seus 391 jogos feitos sem qualquer castigo.


Armando foi um guarda-redes conhecido, entre a massa associativa portista, como um afeiçoado adepto da coletividade das Antas, e que passou pelo seu clube sem conhecer mais êxitos, como merecia, sendo reconhecido por seus pares como dos melhores valores dessas eras. Ele era um guardião «não espalhafatoso, mais eficiente do que artista voador». Guarda-redes que na Seleção A foi suplente, primeiro de Américo e depois de Damas, durante três anos em que foi escolhido como nº 2 na turma das quinas. Teve a curiosidade de ter chegado a ser considerado especialista a defender penaltis, especialmente do Eusébio, como em seu tempo era deveras referido nessa curiosa peleja com o pantera negra, que não o conseguiu bater de pontapé da penalidade máxima. Detendo nessa sua característica o recorde mundial de penaltis defendidos consecutivamente (4 seguidos) no jogo F C Porto x Celta de Vigo, em Caracas (Venezuela) no verão de 1971.


Com um currículo detentor da conquista de duas Taças de Portugal, uma pelo F C Porto como suplente e outra pelo Braga na qualidade de efetivo, o percurso deste carismático guardião merece maior desenvolvimento. Estando historicamente na linha de grandes guarda-redes como Américo, Vítor Baía, Barrigana e Siska, bem como Tibi, Fonseca, Zé Beto, Mlynarczyc, Helton e Casillas, entre outros obviamente.


Armando Pereira da Silva, nome completo do guarda-redes conhecido por Armando e também referenciado na comunicação social como Armando Silva e até Armando Pereira, formou-se no FC Porto, nas camadas jovens que evoluíram no Campo da Constituição, a partir das escolas e seguiu natural ascensão. Tendo então feito parte da Seleção de Juniores da Associação de Futebol do Porto, cuja formação incluía também, nesse tempo, um jovem defesa portuense que atuava no Infesta… e dava pelo nome de Jorge Nuno (Pinto da Costa). Então o jovem guarda-redes continuou pelos juniores, em cujo último ano, em 1958, na transição para sénior, foi escalado para suplente do jogo da final da Taça de Portugal, no Jamor, conquistada pelo FC Porto através de saborosa vitória sobre o Benfica por 1-0, com célebre golo de Hernâni. Logo a seguir, foi com a equipa principal em digressão a Angola e Moçambique, e durante dois anos fez parte do plantel sénior, tendo mesmo jogado três jogos na 1ª equipa e ainda sido suplente de Acúrcio, em 8 jogos. Com incorporação no serviço militar pelo meio, acabou por ser dispensado, em 1960, ingressando então no Gil Vicente, de Barcelos, para logo de seguida ter sido mobilizado para a guerra colonial, indo para Angola, onde ainda chegou a representar o Ferroviário de Malange, ajudando a conquistar o título provincial.


Após o regresso à vida civil, representou durante um ano o Salgueiros, para depois ingressar no Braga. Aí conquistou o seu maior triunfo como titular, ao serviço do Sp. de Braga, quando a turma arsenalista do Minho ganhou a final da Taça de Portugal, em 1966, por 1-0, contra o Setúbal.


= Foto da equipa inicial do jogo Vasco da Gama, 0 - FC Porto,1, com golo de Flávio, em 1971, no Brasil, sendo treinador Paulo Amaral.
Em cima (da esquerda para a direita): Rolando, Pavão, Valdemar, Leopoldo, Gualter e Armando; em baixo (da esq. p/ d.ta): Seninho, Bené, Flávio, Abel e Ricardo. =

Dez anos depois de ter saído das Antas, em 1970, regressou ao FC Porto, no início da temporada de 1970/71 (após a saída do Américo e, da transição da época 1969/70, em que o clube experimentou diversos guarda-redes). Tendo começado como titular, viveu diversas fases, até que acabou por regressar a Braga três anos depois, para ali acabar a carreira.

= Formação do F C Porto da época de 1972 / 73 - Em cima, a partir da esquerda para a direita: Armando Silva, Manhiça, Valdemar, Manuel Guedes, Dr. José Santana (Médico), Celso, Gualter, José Rolando, Rui Teixeira e Jorge Vieira (Diretor - chefe do departamento de fut.). Em baixo pela mesma ordem: Costa Almeida, Flávio, António Oliveira, Ricardo, Abel, Pavão, Malagueta e Hélder Ernesto. =

Entretanto, durante a sua carreira, havia sido selecionado para diversas formações representativas, como foi o caso de, além de ter representado a Seleção Júnior da Associação de Futebol do Porto, também ter  jogado pela Seleção Militar do Norte (em desafio contra a do Sul), como também pela Seleção da Associação de Braga (contra a do Porto), em seniores. E, internacionalmente, jogou pela Seleção B Nacional (diante da França B), até que na Equipa A foi suplente contra a Roménia (em Lisboa), Suíça (Lisboa e Berna), Roménia (Bucareste), Grécia (Antas-Porto) e México (Lisboa).


Após o abandono do futebol, como se referiu, foi reconhecido pela Federação Portuguesa de Futebol com a Medalha de Comportamento Exemplar. De permeio, nos últimos tempos de futebolista do FC Porto, começou a embrenhar-se no mundo dos negócios, no ramo do vestuário. Por fim, em Braga, seguiu novos rumos profissionais, tendo durante algum tempo exercido funções de treinador em diversas equipas, entre as quais teve enorme sucesso no Grupo Desportivo de Terras de Bouro, tendo levado este clube ao título de Campeão da 2ª Divisão Distrital de Braga, na época 1983/84, promovendo-o ao 1º Escalão da Associação de Futebol de Braga. Até que, na continuidade duma vida de bem, concluiu seu percurso profissional com a aposentação, já merecedor do descanso de guerreiro.

Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))

= Para rever

Recorde-se anteriores artigos sobre Armando, em

(clicando nos links)


e

A. P.

1 comentário:

  1. O Armando merece essa homenagem. Merecia mais, que fosse o F C Porto a fazê-la, porém desta forma será igualmente sentida vindo de pessoas que amam o FC Porto e têm amizade pelo Armando.
    Deste post tão completo e pormenorizado, gostei muito de tudo e da foto da equipa do FCP a entrar em campo, mostrando como era naqueloe tempo, ainda sem o espetáculo organizado de hoje.

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