Costuma-se dizer que sem passado não haveria presente nem
futuro. E mesmo que possa também dizer-se haver noções diferentes, por outras
ideias, havendo quem diga não se dever muito olhar para o que está para trás, a
verdade é que se fosse para esquecer quaisquer situações antes conseguidas, não
valeria a pena haver esforço para as obter, visto passados momentos de qualquer
situação tudo ser já algo passado. Tal como se for para esquecer, seja o que
for em jogo, nem haveria interesse na concretização. Sendo assim de valorizar
tudo, como qualquer taça ganha, um simples diploma obtido, uma medalha
recebida, como uma honra e uma marca atingida. Como disse o poeta da Mensagem, tudo vale a pena se a alma não é pequena.
Entre factos a enaltecer, assim, estão algumas categorias
obtidas. Como na circunstância do desporto é o facto das internacionalizações,
referentes a participações internacionais em representação do país, quando
acontece escolha para jogar ao serviço da seleção representativa de Portugal, nas
diversas modalidades. Vindo ao caso o hóquei em patins e o escalão de juniores.
Em futebol os primeiros representantes do FC Porto tiveram essa honra a meio da
década de cinquenta, quando começou a haver jogos desse escalão antecessor dos
seniores, tendo sido os guarda-redes Norberto e Roldão que em seu tempo representaram
o FC Porto nas primeiras escolhas (com a curiosidade de então serem colegas de equipa e ao mesmo tempo de seleção). Obviamente muito depois de ter começado a
realizar-se jogos de seleções de seniores, tendo o FC Porto tido o primeiro
internacional, Artur Augusto, em 1921 na equipa de honra, chamada Seleção A. Mas
em juniores foi realmente muito mais tarde, conforme a cronologia também da
realização de jogos correspondentes. Tal como no hóquei patinado o FC Porto
tivera o avançado Acúrcio Carrelo internacional já pela seleção portuguesa em
1957, mas em juniores igualmente foi muitos anos depois, tendo isso ocorrido já
em 1968 – faz precisamente agora, em setembro de 2018, cinquenta anos.
Com efeito assim foi. Tendo sido o guarda-redes José Castro
e o avançado Cristiano Pereira os primeiros internacionais juniores do hóquei
do FC Porto. Duo que antes disso, ainda com idade de juniores, já tinham sido
convocados para os treinos da Seleção A. Pois, como já jogavam nos seniores,
fazendo parte da equipa principal do FC Porto que nesse ano tivera
comportamento surpreendente no Campeonato do continente português (o chamado Metropolitano,
antes da fase final do Nacional com as equipas das então províncias ultramarinas),
e como aqueles jovens foram autênticas revelações ao nível dos seniores, figuraram
logo na escala do então selecionador nacional António Raio para os treinos da
seleção principal, com vista ao Campeonato do Mundo que se realizava de seguida
no Porto, no pavilhão dos Desportos do Palácio de Cristal. Naturalmente não
tendo depois integrado o lote dos dez que formaram o grupo da fase final, além
da grande valia dos mais velhos (como eram uns Vítor Domingos, Brito, Adrião, Solipa, Salema, Livramento,
Leonel, Jorge Vicente, Rendeiro e Casimiro), também por no horizonte já se contar com necessária utilidade na ida de Cristiano e Castro à
seleção de juniores, pouco tempo depois.
= Os dez selecionados da equipa portuguesa presente no Europeu de Juniores de 1968.
Assim sendo, chegado Setembro de 1968, o FC Porto passava a
ter também hoquistas internacionais da seleção júnior. Facto agora a evocar. Passando
a efeméride de 50 Anos dos primeiros internacionais juniores do hóquei em
patins do FC Porto.
= Cristiano e Castro na comitiva ida em 1968 até Vigo, para a disputa do Europeu da categoria de juniores
Ora o Campeonato Europeu de Juniores de hóquei em patins
teve lugar em Vigo, na Galiza (Espanha) e começou a 10 de Setembro. Tendo no
fim Portugal ficado em 2º lugar embora empatado com a Espanha, sendo
vice-campeão pela diferença de golos, apenas (na regra do “goal-average”). Cristiano foi o segundo melhor marcador da prova, também, havendo feito o golo do empate (1-1) no Portugal-Espanha que foi mais favorável aos anfitriões, por terem marcado mais golos na soma dos restantes jogos.
= Seleção Portuguesa do Europeu Júnior em Vigo-1968
Nessa seleção, escolhida pelo selecionador Guilhermino
Rodrigues de Lisboa, além de Castro e Cristiano, do FC Porto, jogou também Manuel
José Azevedo, que passados anos (em 1977/78) jogou no FC Porto, e o Zé
Fernandes que jogava na Cuf e passado um ano e tal veio também para o Porto, em
1970. A equipa espanhola era formada à base de hoquistas que também já jogavam
nas principais equipas do Réus e Mataró, clubes que ao tempo dividiam entre si
campeonatos espanhóis e taça dos campeões europeus.
= Castro e Cristiano, junto com dois dos colegas da seleção, à mesa no restaurante do hotel...
Então, esse Europeu Júnior de 1968 ficou assinalado com a
inauguração do Pavilhão de Vigo. E mereceu mesmo outra novidade, como foi ter
dado oportunidade também à inauguração do Hotel Samir, onde ficaram todas
equipas e respetivos responsáveis, mais dirigentes. E, pela proximidade da Galiza
com o Norte de Portugal e por quanto despertava a participação daqueles dois
hoquistas do FC Porto, levou que fosse seguido pelos responsáveis do FC Porto, a
tal ponto que se deslocaram propositadamente a Vigo o chefe secção, que era
Jorge Nuno Pinto Costa e pelos seccionistas Professor Miranda e sr. Arlindo
Sousa, os quais acompanharam o campeonato do princípio ao fim, tendo visitado a
representação nacional no hotel – como a imagem seguinte documenta…
Na embaixada de apoio, em romagem hoquista à histórica capital
do povoamento céltico peninsular, além do diretor Jorge Nuno e dos seccionistas
referidos, foram também outras pessoas acompanhantes, entre as quais a esposa
de Pinto da Costa, D. Manuela Carmona, e os pais de Cristiano. Cujo grupo ficou
registado em pose fotográfica com os elementos do grupo da seleção portuguesa dos
juniores de hóquei, na ocasião – ficando à posteridade em foto de recordação,
oferecida ao autor deste blogue pelo selecionador sr. Guilhermino, em agradecimento
a palavras de admiração à época expressas no jornal O Porto (na rubrica de Correspondência
dos Leitores, antes uns anos de ter passado a colaborador efetivo do mesmo órgão informativo do clube) …
... Em cujo verso ficaram anotados, pelo punho de Guilhermino Rodrigues, os nomes dos hoquistas componentes da equipa presente no Europeu Júnior / 1968:
Começado a 10 de Setembro, o Europeu Júnior em apreço durou toda a semana seguinte, ao longo de sete dias, com a participação de oito seleções, jogando todos contra todos. Em 1968, ou seja há 50 anos.
Começado a 10 de Setembro, o Europeu Júnior em apreço durou toda a semana seguinte, ao longo de sete dias, com a participação de oito seleções, jogando todos contra todos. Em 1968, ou seja há 50 anos.
Na chegada ao Porto, após o regresso a casa, os dois hoquistas do FC Porto foram homenageados pelo clube azul e barnco e pela Associação de Patinagem do Porto, em festival realizado no rinque do campo da Constituição - a que se reportam as imagens juntas, em que se vê o presidente associativo, sr. Fernando Barbot (pai) a entregar recordações alusivas aos novos internacionais, que no fim ouviram grande ovação, perfilados em frente às equipas, com o capitão da equipa do FC Porto, Alexandre Magalhães, a acompanhar de perto essa distinção aos mesmos, seus jovens colegas à época.
Depois disso, volvido um ano, voltou a haver repetição, igualmente em Espanha e também em Vigo, e
aí, no seguinte Europeu de 1969, já Portugal venceu e convenceu, com o
FC Porto ainda representado por Cristiano e Castro, a que se juntaram mais Fernando
Barbot e António Júlio. Na companhia também de Fernandes, que quase de imediato
faria as malas para se fixar no Porto. Mas isso, como se diz, já são outras
histórias, para comemorar a seu tempo. Nos diversos percursos da história dos honrosos pergaminhos portistas.
ADITAMENTO – O cinquentenário em apreço foi comemorado neste
dia, com os dois primeiros internacionais de há 50 anos rodeados por alguns
colegas de tempos idos, juntando-se em ambiente dum cenário marítimo e ali de
seguida à mesa de um restaurante junto à praia. Espraiaram-se então pelo
horizonte das recordações as memórias do acontecimento de 10 de setembro de 1968,
quando Castro e Cristiano, como titulares da seleção júnior portuguesa,
entraram em rinque com a camisola das quinas.
Do encontro juntamos, a propósito, algumas fotos da
comemoração dos 50 anos da internacionalização dos 2 primeiros internacionais
portistas do escalão júnior, estando junto aos homenageados os antigos
hoquistas Fernando Barbot, Hernâni Martins, Jorge Câmara e José Fernandes (este
igualmente internacional de há 50 anos, mas então ainda não sendo hoquista do
FC Porto, como depois foi). Todos amigos e colegas de equipas do FC Porto e de
seleções, quer de equipas representativas da Federação Portuguesa de Patinagem,
como ainda da Associação de Patinagem do Porto, também.
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))
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