A 1 de Setembro de 1931 nasceu Hernâni, o popular “Hernâni
do Porto”. Nome carregado de simbolismo portista, sendo, junto com Pinga,
Araújo, Valdemar Mota, Soares dos Reis, Virgílio, Américo, Fernando Gomes e Vítor
Baía, dos maiores símbolos referenciais do FC Porto, no rol dos maiores ídolos
onde cabem natural e felizmente muitos mais jogadores, desde Siska, Carlos Mesquita,
António Santos, Correia Dias, Barrigana, Arcanjo, Ângelo Carvalho, Carlos Duarte, Monteiro da Costa, Acúrcio, Pedroto, Custódio Pinto, Alberto Festa, Francisco Nóbrega, Jaime Silva, Pavão, Rolando, Oliveira,
Rodolfo, Duda, Freitas, Jorge Costa, Deco, Paulinho Santos, Bruno Alves, Lucho, etc. etc. etc.
Passa assim nesta data, quando aqui escrevemos e publicamos esta refrência memorial, a conta de 87 anos desde que Hernâni Silva nasceu. Perfazendo mais um ano no aniverversário sentimental que sua memória transporta, fazendo lembrar esta data do nascimento de Hernâni, ele que continua vivo no afeto dos portistas que têm os que melhor serviram e personificam o FC Porto como familiares pelo coração portista.
Hernâni dispensa muitas apresentações, por ter sido dos que
permanecem como ícones do futebol portista, embora a nível nacional, apesar de
ter sido dos grandes valores do futebol português, não seja lembrado como merece, por quanto sua
aura representou na iconografia portuguesa, obviamente por ter sido
representante do FC Porto e os meios informáticos lusos estarem por costume ao serviço
dos clubes de Lisboa e com maior incidência a mando do clube do sistema
encarnado.
No dia em que ocorre a data de nascimento de Hernâni Silva,
justifica-se assim esta remembrança evocativa, como homenagem a esse grande
nome do mundo azul e branco que personifica os melhores valores portugueses. Tal
como os nobres da região do Condado Portucalense tiveram grande ação na criação
da nação portuguesa, também enobrece os portistas serem fiéis à gesta da
nacionalidade, sendo que do Porto houve nome Portugal.
Ora, Hernâni Ferreira da Silva nasceu no dia 1 de Setembro
de 1931 em Águeda. Tendo começado a jogar futebol no Recreio de Águeda e desde cedo
despertou interesse dos grandes clubes portugueses, com o Futebol Clube do
Porto a levar Hernâni para a cidade Invicta, através de ação do então diretor
Soares dos Reis, antigo guarda-redes internacional do clube.
Representou sempre o F.C. Porto, tendo só uma curta incursão
pelo G.D. Estoril Praia na época de 1952/53, quando foi obrigado a cumprir o
serviço militar na zona de Lisboa, mas com a condição de não defrontar os portistas. Além de um
efémero empréstimo do FC Porto ao Sporting, para reforçar a equipa leonina de Lisboa numa
digressão ao Brasil...
... E ainda também num jogo pelo Nacional da Madeira, a reforçar aquela equipa insular num jogo contra a equipa espanhola de Las Palmas, por empréstimo momentâneo pedido pela equipa madeirense ao FC Porto...
Tal era o seu valor, que fazia com que todas e quaisquer equipas, ainda que episodicamnte, o quizessem em suas fileiras!
Jogador polivalente em todo o campo, era distribuidor de
jogo e transportava a bola para levar a equipa sempre para a frente, tanto
jogando a meio campo como jogava no ataque. Marcou mais de centena e meia de golos, perto dos duzentos, em toda a
sua carreira e deu muitos a marcar, havendo feito parte da geração dourada dos
anos cinquentas, pois foi de um tempo em que nas equipas do FC Porto sobressaíam nomes como Virgílio, Carlos Duarte, Barbosa, Pedroto,
Miguel Arcanjo, Monteiro da Costa, Jaburu, Noé, Luís Roberto, Gastão, Teixeira,
Perdigão, etc.
Venceu dois Campeonatos Nacionais, em 1955/56 com o técnico
brasileiro Yustrich e em 1958/59 com o húngaro Bela Gutmann. Tendo Hernâni
apontado 10 golos no primeiro título e 15 no segundo. Conquistou ainda duas
Taças de Portugal (1955/56 e 1957/58), sempre com golos seus nas respetivas finais;
e a Taça Associação de Futebol do Porto por sete vezes. A nível de seleções,
além das vezes que jogou pela seleção nacional A e B, em tempo de fraca
realização de jogos, foi também internacional pela seleção militar, tendo sido
Campeão Europeu Militar com a seleção portuguesa das forças armadas em 1958 (em
equipa que também incluiu os portistas Miguel Arcanjo e António Barbosa).
Além das suas qualidades invulgares como futebolista,
Hernâni tinha também um forte caráter e, como tal, era porta voz dos
interesses do clube, diante das prepotências do sistema BSB reinante no futebol
português.
Por esse tempo, estando ligado ao exército português, foram
também conhecidos os «problemas que tinha com o treinador Yustrich no FC Porto,
que chegaram mesmo a confrontos físicos, quer junto ao banco dos suplentes e responsáveis, na linha lateral do campo, como à entrada para os balneários (ainda por
trás da baliza da superior sul do Estádio das Antas) em 1958. O chefe
do exército, Santos Costa, ordenou então que Hernâni se apresentasse sempre nas
Antas fardado, e assim foi... a farda era o escudo de Hernâni contra os maus humores
de Yustrich. Ainda num Sporting CP-FC Porto marcou um grande golo que foi
anulado pelo árbitro por, segundo tentou dizer, já ter apitado para o… intervalo (o árbitro um tal de
Inocêncio Calabote, mais tarde irradiado), e então Hernâni furioso chamou-lhe de tudo o que lhe veio à
cabeça, tendo valido uma rápida intervenção do colega Pedroto, mais o receio do
árbitro perante alguma opinião pública, para não ser expulso.»
Entre momentos marcantes da história da evolução do futebol
em Portugal e com maior incidência no FC Porto, sendo do tempo da transição à
chegada do profissionalismo do futebol e entrada das equipas nacionais em provas
internacionais oficialmente criadas, Hernâni foi um dos jogadores titulares na
equipa portista que se estreou nas competições europeias ao defrontar os espanhóis
do Athletic Club Bilbao para a 1ª eliminatória da Taça dos Clubes Campeões
Europeus na época de 1956/57.
Hernâni que jogou nos Dragões durante 13 temporadas,
disputou 332 partidas oficiais, marcou 187 golos e conquistou 11 Títulos.
Vestiu ainda a camisola da Seleção Nacional com a qual
disputou 28 partidas, tendo apontado 5 golos, pela seleção A, mais uma vez e com 1 golo pela seleção B, ao que soma nove vezes que jogou pela seleção Militar com marca de 4 golos. Foi ainda capaitão da Seleção Nacional A e da Militar.
Retirou-se da carreira de futebolista em 1964, e quando José
Maria Pedroto foi convidado para ser o treinador do FC Porto em 1966/67 exigiu que Hernâni
fosse o diretor de futebol. Mais tarde continuou ligado ao F.C. Porto em cargos diretivos.
Entre frases máximas que fizeram memória, Hernâni disse um
dia: «Até Eusébio tinha grande admiração por mim, tratava-me por "Senhor Hernâni"». E o próprio Eusébio, em diversas entrevistas, também referiu isso, dizendo
que o via diante de si como alguém superior.
Hernâni estava “de bem com a vida”, em agradável ambiente
familiar e social, quando a morte o levou, a 5 de Abril de 2001. Ficando
sepultado, por fim, em jazigo-capela de família no cemitério da Lapa, campo
santo de grande valor patrimonial na ambiência da cidade Invicta.
Sua biografia mereceu dois livros da coleção Ídolos do
Desporto, em 1956 e 1963 (cujas imagens das capas ilustram o cimo deste
artigo). Para além de diversas publicações, em seu tempo que o desporto colhia
atenções de iniciativas editoriais. Assim como já depois de haver falecido
ficou a constar na Enciclopédia do Desporto, edição Quidnovi, no seu volume 6 publicado em 2003 – conforme aqui juntamos recortes da correspondente entrada.
O seu falecimento foi ainda devidamente assinalado na
revista oficial do FC Porto, de cujo número da Dragões relembramos o que ficou
impresso na sua edição de Abril de 2001.
Palmarés
2 Campeonatos Nacionais da 1ª Divisão (Portugal)
2 Taças de Portugal
7 Taças Associação de Futebol do Porto
Sobre Hernâni já por diversas vezes aqui ficaram artigos a
ele dedicados – como se pode rever e recordar através de um compacto
(clicando no link)
Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens )))
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