Hoje faz anos Valdemar, como simplesmente esse nome diz muito no sentimento portista. O Valdemar Pacheco que foi um grande defesa do FC Porto, autor do primeiro golo do FC Porto na inesquecível final da Taça de Portugal que foi também a primeira grande conquista do FC Porto chegada à minha memória, ainda em tempos da longa travessia dos anos sessentas.
Na história do FC Porto e no futebol portista tinha havido
já um Valdemar, o olímpico Valdemar Mota dos anos vinte e trinta. Até que a meio
da década de sessenta passou a haver esse outro, o do pontapé de canhão que abriu
caminho à vitória do FC Porto diante do Setúbal na tarde de 16 de junho de
1968, no estádio do Jamor.
«Estreou-se na equipa principal do FC Porto em 1965 e manteve-se no clube durante nove temporadas. Foi referência da defesa das Antas nos 231 jogos que efetuou pelo FC Porto, mas o seu grande ´momento´ foi no ataque, ao marcar o primeiro golo dos dragões na final da Taça de Portugal de 1967/68. Na altura empatou o encontro que Nóbrega haveria de desempatar (2-1), garantindo a conquista do troféu.» Como ficou e está na história, na gravação eterna dessa memorável jornada que merece um espaço especial no museu do FC Porto, inclusive com livro oficial da final com história também especial…
Valdemar de Barros Pacheco nasceu no dia 26 de Outubro de
1943 no lugar de Vinhal, freguesia de Lordelo, concelho de Paredes. Iniciado no
mundo do futebol no clube da sua terra, o Aliados Futebol Clube de Lordelo, depressa
seu valor se expandiu e ainda júnior chegou ao Futebol Clube do Porto. Na
categoria de júnior fez parte do plantel que disputou o Torneio Internacional de
Juniores da UEFA de 1961, embora sem ter disputado a final. Nesse mesmo ano,
Valdemar subiu ao escalão sénior e incluiu o plantel portista. Contudo, por
necessitar de rodar, para ganhar experiência, atendendo a haver outros
jogadores à sua frente no lote principal do clube, foi emprestado durante uma
temporada ao União de Lamas. De permeio com ida para a tropa, obrigado a
cumprir o serviço militar, tendo regressado às Antas entretanto, até que em
1965 começou a jogar na equipa principal.
A sua estreia com a camisola azul e branca na principal equipa
do FC Porto aconteceu no dia 19 de Setembro de 1965, em jogo disputado no
Estádio do Mar em Matosinhos, onde os portistas venceram o Leixões por 3-2, a
contar para a 2ª jornada do Campeonato Nacional de 1965/66.
Nessa época, que seria de afirmação já, Valdemar venceu em 1965/66 o Prémio da Juventude, com que foi distinguido pelo jornal “O Mundo Desportivo” de Lisboa, tendo recebido o prémio aquando do jogo que o FC Porto efetuou no estádio da Luz.
Valdemar venceu a Taça Associação de Futebol do Porto na
temporada de 1965/66, entrando depois mais vincadamente para o história com o
ponto alto da sua carreira, que foi a Final da Taça de Portugal de 1967/68 em que
o F.C. Porto venceu o V. Setúbal por 2-1, com Valdemar a apontar o golo do
empate através de portentoso remate de livre direto (a repor então a igualdade, visto os setubalenses terem aberto o marcador antes, e dali ter havido maior garra para a reviravolta depois acontecida).
Além disso, e de ter sido um dos valores que estiveram prestes a ser campeões nacionais no campeonato de 1968/69 perdido ingloriamente por acontecimentos internos, esteve depois ainda presente em momentos importantes para o F.C. Porto.
Entre outras ocorrências dignas de registo, Valdemar esteve
incluído na caravana portista que em Janeiro de 1970 foi ao Brasil participar
na festa de inauguração do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, em jogo festivo terminado
num empate diante do São Paulo, no novo recinto do Morumbi. Bem como em
Setembro de 1972 foi um dos titulares nos dois jogos da 1ª eliminatória da Taça
UEFA em que os Dragões derrotaram o F.C. Barcelona por 3-1, nas Antas e 1-0 em
Camp Nou.
= Plantel do FC Porto da época de 1970/1971, contendo autógrafos de alguns jogadores, entre os quais o de Valdemar (gravura aqui da coleção particular do autor deste blogue)
No final da temporada de 1973/74 deixou de jogar no F.C.
Porto. Deixando Valdemar um rasto brilhante de durante 9 temporadas, em que teve o
símbolo do dragão ao peito, ter participado em 231 partidas oficiais de competições nacionais e internacionais (sem contar as provas de Reservas/Equipa B. mais Torneios) e, apesar
de sua missão de defesa, ter ido à frente marcar 5 golos.
Após isso, em 1974/75 ingressou no Sporting de Espinho,
passou depois pelo Salgueiros, de seguida ingressou no Paços de Ferreira e por
fim regressou ao Aliados Futebol Clube de Lordelo, onde terminou em beleza a
sua carreira de futebolista. Tendo depois ainda experimentado a carreira de treinador, nomeadmente no Rio Tinto.
Palmarés: 1 Taça de Portugal e 1 Taça Associação de Futebol do Porto.
Nunca entendi porque é que tendo o Valdemar esse remate forte e colocado, os treinadores que passaram pelo Porto no seu tempo não lhe deram mais possibilidades de ser ele o marcador de serviço dos livres diretos, porque das poucas vezes que teve essa oportunidade marcou. Há coisas difíceis de entender e muito por explicar.
ResponderEliminarCurioso o facto aqui referido das provas oficiais nacionais/internacionais e as outras, porque não se entende como na contabilidade do clube, livros e jornais não contam os jogos de Reservas que também eram oficiais.
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