Em Janeiro de 1974 chegou ao Porto o célebre futebolista Teófilo Cubillas, tendo aterrado no aeroporto portuense a 10 de janeiro, já com contrato assinado com o FC Porto. O popular "Cubilhas" (como se diz em português). Tempos antes esse internacional peruano, que ficara muito conhecido no mundo do futebol perante suas exibições em pleno Campeonato Mundial de 1970, viera antecipadamente ao Porto ver in loco tudo, para verificar se lhe agradava o clube, bem como as condições, tendo depois assinado contrato ainda na Suíça, onde estava ao tempo. Havendo entretanto rubricado oficialmente o compromisso na presença do Diretor do Departamento de Futebol do FC Porto, Jorge Vieira. Depois disso foi então concluída essa sensacional transferência com a chegada do ídolo das multidões, acompanhado pela esposa, Betty, perante apoteótica receção no Aeroporto de Pedras Rubras. E, após visitas e cumprimentos da praxe, no estádio das Antas, logo no dia seguinte começou a efetivação de sua presença no mundo portista, primeiro com exames médicos de vistoria e de imediato nos primeiros contactos com os colegas e treino.
Então, a 11 de janeiro, em manhã húmida de inverno, Cubillas logo passou a trabalhar junto com os colegas. Dando também para a ocasião ter sido aproveitada, em estilo de promoção, a apadrinhar o começo da existência de Cachecóis à Porto, típicos adereços em malha fofa de apoio com listas azuis e brancas, numa iniciativa que estava a começar a ser comercializada então pela dupla Guedes e Rolando, dois dos futebolistas do plantel portista que tiveram a feliz ideia, a implementar o facto no seguimento do que já anos antes se via pelo estrangeiro, nomeadamente através das imagens televisivas que iam chegando do público assistente dos jogos na Inglaterra e outros países.
Rolando e Guedes, os dois futebolistas da defesa da equipa principal do FC Porto, desse tempo, haviam começado a anunciar pouco antes essa tal iniciativa, incluindo anúncios na imprensa com aviso de possibilidade de comercialização através de envios por correio, também, a quem desejasse (pois à época ainda não havia lojas do clube, mas apenas um postigo em frente ao estádio, junto às bilheteiras, de venda de fâmulas e literatura portista). Tendo nesse início sido de imediato adquirido um cachecol aqui pelo autor destas lembranças, o histórico e tão estimado cachecol que tenho ainda, o meu primeiro cachecol do FC Porto também – que se mostra, aqui, em imagem junto ao Livro de Ouro do FC Porto, com a foto da ocasião do apadrinhamento de Cubillas ao empreendimento dos colegas, no pioneiro movimento de implantação dos cachecóis de uso para apoio ao FC Porto.
Antes disso, e até aos inícios dos anos 70, do século XX, era com bandeirinhas nas mãos ou ao ombro que os assistentes mais apoiantes das equipas apareciam nas bancadas, em manifesto entusiasmo nos jogos de futebol. Vendo-se nas tardes domingueiras dos jogos de futebol, na habitual tradição horária de tempos idos, multidões com essas bandeirinhas, ostentando simbologias e cores estampadas em panos presos a pequenas hastes de madeira, vulgo paus roliços, bem como nas cabeças predominavam bonés de pala ou mesmo de papel e cartão, em modo passageiro. Chegando, por fim, a moda dos cachecóis, mais apelativa, inicialmente ainda junto com as pequenas bandeiras, e depois mais prevalecente. Tendo sido então por aí, em Janeiro de 1974, por assim dizer, o início do aparecimento de cachecóis de apoio nos estádios de futebol em Portugal, pouco tempo antes ainda do 25 de Abril, mas quase já na onda de transformação que vivia o país. Denotando quão toda essa interligação merece registo memorando.
Armando Pinto
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