Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

sábado, 17 de julho de 2021

Memorandas simpatias infantis ressaltadas desde atenções pelo ciclismo dos anos 60 e mais… em Portugal... até setenta e tal!

Meio de julho, com agosto já no horizonte. Perante a canícula dos dias correntes, de um verão por vezes idêntico ao de outros tempos, as tardes estivais presentes fazem-nos recuar na lembrança a tempos de infância… quando um jovenzinho em idade escolar, durante as férias grandes desse tempo (de quem aqui escreve isto – eu), acompanhava as provas antecedentes à Volta a Portugal em bicicleta e depois com entusiasmo vivia particularmente o período quinzenal da Volta Portuguesa. Na linha do que era o ambiente geral do interior nortenho do país, chegado esse período em que o desporto de alta competição ficava mais perto de tudo e todos, por via do ciclismo desportivo, cujas corridas nacionais andavam por perto e sobretudo a “Volta” passava próximo ou mesmo às terras de cada qual. Em Portugal, do regime chamado Estado Novo, a cair de velho.

Então, evocando pessoalmente, os elementos mais velhos da prole, mais amigos e conhecidos (no caso particular meus irmãos mais velhos e seus colegas e vizinhos) acompanhavam a par e passo a Grandíssima Volta a Portugal através dos jornais, reservados antecipadamente para todo o decurso da mesma corrida maior. Os quais eram lidos depois da chegada do trabalho, enquanto os mais novos, eu e companheiros amigos, andávamos atentos às transmissões via relatos radiofónicos, visto ao tempo as emissoras dos canais das rádios mais importantes darem normalmente notícias a toda a hora, em acompanhamento de cada etapa. Sendo com emoção que se ouvia, de ouvidos afilados e olhares absortos pelo que dali saía, tudo o que os relatadores iam transmitindo por entre roufenhos sons emanados dos transístores.

O ciclismo era algo atraente, atendendo a não haver a batotice futeboleira dos árbitros e seus mandantes fazedores de resultados, nem a cambada de dirigentes mais selecionadores e treinadores federativos que levavam às seleções ditas nacionais do futebol português por norma quase só representantes dos clubes do sistema BSB... Tudo levando a que isso das bicicletas de corrida tivesse como que um íman nas atenções apaixonadas. Enquanto a pequenada do meu tempo brincava à maneira da felicidade infantil, metendo passatempos derivados do ciclismo aqui na minha terra, na Longra, em paradisíaco sítio da freguesia com S. Tiago como orago, por mor de ter sido ponto de passagem duma das vias antigas dos Caminhos de Santiago, por terras do concelho de Felgueiras (rumo a Compostela, em peregrinação até ao túmulo do Apóstulo da Penínsiula Ibérica). Decorrendo a vida de permeio calmamente no remanso local de afetos, por aqui.

Então, enquanto os ciclistas percorriam estradas do país, passando às portas de boa parte da população em Portugal e nos jornais eram vistas suas caras e se liam loas de seus feitos, a criançada da minha igualha, eu e meus amigos de brincadeiras, tínhamos na cabeça os nossos ídolos que corriam pelo nosso clube do coração. Dos quais colecionávamos recortes dos jornais e mesmo cromos que por vezes apareciam. 

Com tudo isso no sentido, logo pela manhã, mal saíamos da cama, íamos a correr buscar o jornal diário, para os adultos, nossos irmãos mais velhos geralmente, lerem na vinda do emprego à hora do almoço, deitando nós antecipadamente a vista com olhos de ver bem pelo que lá dizia dos nossos corredores, os ciclistas que ansiávamos que ganhassem. Passando depois o santo dia em brincadeiras de costume dessas eras, por caminhos e carreiros de nossos hábitos pueris, apenas com intervalo para a reunião familiar à mesa almoçadeira. Continuando depois pela tarde dentro a jogar às corridas de tampinhas com nossos corredores, as populares sameiras ou capsulas de bebidas engarrafadas, vulgo "caricas". Quer durante o dia em percursos desenhados em terra, riscados no chão dos sítios normais das brincadeiras, ou depois em casa nas tábuas do soalho a servir de estradas. Com as mesmas tampas de garrafas de cerveja ou sumos devidamente identificadas com as caras de nossos ciclistas, que impulsionados com toque de dedos da mão, à vez entre concorrentes, eram lançados na corrida em busca da vitória. Costumando eu correr com “caricas“ com imagens do Sousa Cardoso, Mário Silva, Joaquim Leão, Ernesto Coelho, e um ou outro mais dos meus preferidos. Como no exemplo da imagem, de uma dessas “coisas” de meu tempo e feliz infância desportiva, a meu gosto.

Armando Pinto

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