O desporto português cada vez se torna mais espelho do ambiente
político-social do país quanto à falsa justiça ou justiça de um só olho e outro
fechado, com um de esguelha para onde convém ao centralismo e capitalismo
elitista. Conforme se tem visto com os casos do Campeonato do Estorilgate, Campeonato
do túnel, Campeonato Palhinha, etc. À imagem do que se tem visto nos sucessivos
casos sociais que têm metido banqueiros e política, etc. e tal. Enquanto no
desporto se viu mais recentemente com a perseguição aziada e invejosa à equipa
de ciclismo W52-FC Porto e agora com a suspensão de 2 jogos ao estádio do Dragão
para o Sporting não vir jogar ao Porto… Enfim… Tanto que como se costuma dizer,
quem for honesto não se safa…
Pois isso da união da capital, desde os dois e os três clubes
históricos sulistas e elitistas juntos, ou do poder político que mete uma
senhora benfiquista a ter na mão a vingança contra o FC Porto, não é de hoje. Nem
a aliança que o Benfica de Vieira fez ao Sporting no tempo de Bruno de Carvalho,
como o próprio anterior presidente do Sporting afirmou, ainda não há muitos
anos. Bem se sabe que antigamente, no tempo do sistema BSB, das presidências
federativas só de Benfica, Sporting e Belenenses, o Campeonato era ganho à vez,
com três para o Benfica e um para o Sporting, de quatro em quatro anos, em
ciclos sucessivos, enquanto o Belenenses tinha lugar reservado na Seleção Nacional
para um ou dois jogadores seus, pelo menos. Assim como o Sporting teve o caso escandaloso
do árbitro que foi à China com a equipa que beneficiou dias antes, com o país e
instâncias jurídico-desportivas a assobiar para o lado. Tendo a chamada “santa
aliança” tido apoteose no estádio no Jamor em plena final da Taça de Portugal que
foi autenticamente tirada ao FC Porto…
Isto para dizer que o facto do Sporting estar já a ser beneficiado,
esta época, na pré-época, apenas é de estranhar por ser tão cedo, ainda antes do Campeonato da
Liga começar. Havendo um exemplo que jamais se pode esquecer, como exemplo
entre muitos. Quão foi a expulsão do guarda-redes Américo, em 1966, porque o Sporting não conseguia marcar os golos que necessitava para continuar à frente do Campeonato, estando o Américo a defender tudo o que lhe aparecia diante da baliza. Até que isso só aconteceu com uma falta sobre o guarda-redes, que o árbitro validou como golo... levando a protestos do guarda-redes lesado. Havendo o árbitro, por isso, aproveitado para arrumar do campo o adversário-mor, de modo a resolver a questão que o estava a preocupar. E então (como nesse tempo ainda não havia substituições, tendo de ir para a baliza um outro elemento da equipa), sem o guarda-redes do FC Porto em campo e com um jogador da frente a ter de fazer de guarda-redes, já os do Sporting ganharam à vontade e conseguiram até marcar quatro… Conforme ocorreu, sendo
árbitro João Calado, do Entroncamento, que era sportinguista doente como todos
os seus conhecidos sabiam e o seu conterrâneo Virgílio afirmou perentoriamente…
mas de nada valendo. A não ser que, para cúmulo, os do sistema BSB deram ao
Américo um castigo de 8 jogos – para assim ele não poder jogar mais durante
muito tempo e, como tal, não repetir vitórias anteriores em prémios e
distinções de menos batido e regularidade, para outros de Lisboa ganharem.
Isto não se pode esquecer e tem sempre de ser lembrado. Conforme as imagens ilustrativas que se juntam (na sequência de fotos publicadas no jornal O Norte Desportivo, em sua edição de 28 de abril de 1966, referentes ao jogo disputado a 24 de abril) – quais pedaços de cibos históricos.
Armando Pinto
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