Assinala a página informática do Museu do FC Porto que «neste
dia, há 66 anos, iniciava-se uma ligação eterna: Pedroto assinava o seu
primeiro contrato com o FC Porto, ainda como jogador. Depois veio a fase de
treinador, que o tornou Mestre e imortal...»
Foi pois ao findar agosto de 1952 que Pedroto regressou ao
Porto para jogar no FC Porto, depois de ter sido infantil no FC Porto, ao tempo
da escola de Gutkas. Tendo a sua primeira camisola sido a do FC Porto, com a
zona do campo da Constituição nas imediações do colégio onde estudava. Contudo,
com a mudança de residência familiar para Pedras Rubras passou depois pelo Leixões,
até ir para a tropa. Iniciado o serviço militar no Algarve, rumou então seus
passos futebolísticos pelo Lusitano de Vila Real de Santo António. Havendo de
seguida surgido diversos convites de clubes de topo, escolheu então o Belenenses
para a continuação de sua ascensão em Lisboa, até que em 1952 o FC Porto voltou
a tentar e conseguiu a aquisição de Pedroto, numa transferência que passou a
ser a mais cara até essa época.
E Pedroto para sempre ficou na História do FC Porto, com diversas
saídas e entradas, vicissitudes várias, mas sempre ligado ao FC Porto, de tal modo
que, assim como começou entre gente do FC Porto, também terminou e ficou a
repousar, por fim, no local sagrado do mausoléu do FC Porto, lado a lado com ourtros grandiosos nomes da vida portista, onde “Repousam
Glórias do FC Porto”.
José Maria de Carvalho Pedroto nasceu no dia 21 de Outubro
de 1928 em Lamego. Ainda criança, quando tinha sete anos, o seu pai que era
militar foi colocado num quartel na cidade do Porto e levou toda a família
consigo. Entretanto o pai morreu e então Pedroto foi para o Colégio Araújo
Lima, perto do Campo da Constituição e por ali começou a dar os primeiros
pontapés na bola, tentando imitar o seu ídolo desse tempo, o famoso Pinga, jogador
do Futebol Clube do Porto de nome Artur de Sousa e cognome de guerra Pinga, de
apelido familiar de seu remanso madeirense. De permeio, quando tinha 10 anos a família de Pedroto mudou-se para Pedras Rubras e aí depois, jovem
em crescimento, ele ajudou a fundar, juntamente com um grupo de amigos, o F.C.
Pedras Rubras, no qual o próprio era o presidente e também o capitão da equipa de
futebol.
Passada essa fase, com 18 anos de idade começou a jogar nos
juniores do Leixões, atuando já a meio-campo, posição de visão de jogo em que começou a demonstrar talento. De permeio intrometeu-se a chegada do serviço militar
obrigatório, que o levou de abalada até ao Algarve, aquartelado em Tavira, na
Escola de Sargentos Milicianos. Aproveitou então oportunidade para jogar no
Lusitano de Vila Real de Santo António, à época na 1ª divisão nacional. No
decurso dessa prestação, tendo Pedroto atraído as atenções de clubes de maior
nomeada, sobretudo e primeiramente do Belenenses que lhe ofereceu 25.000
escudos (25 contos) e mais 25.000 ao Lusitano, acabou por seguir o destino do clube lisboeta da cruz de Cristo. Apesar de entretanto ter aparecido também um convite do FC Porto,
antes ainda de assinar contrato com os azuis de Belém, tendo da parte do
Futebol Clube do Porto havido proposta de 80.000 escudos. Mas como Pedroto
já tinha dado a sua palavra aos homens do Belenenses, não voltou atrás. Evoluiu assim com a camisola azul do Restelo, até que em 1952 de novo o F.C. Porto
insistiu e ele acabou por assinar com o FC Porto para a época de 1952/53, mediante
as condições pedidas por Pedroto e aceites pela direção portista, numa soma de
150.000 escudos, algo que foi a mais cara transferência até então no futebol
português.
Eis que assim ficou a jogar pelo FC Porto, numa contribuição de muita
importância. Cuja carreira é sintetizada em sua ficha biográfico-desportiva,
como bem é narrado no blogue “Estrelas do FCP”:
«A sua estreia com a camisola dos Dragões aconteceu no dia
28 de Setembro de 1952 no Campo da Amorosa em Guimarães onde os portistas
visitaram o Vitória S.C. e venceram por 1-0, num jogo que contou para a 1ª
jornada do Campeonato Nacional de 1952/53.
Na época de 1955/56 o F.C. Porto, sob o comando técnico de
Dorival Yustrich, terminou com um jejum de 15 anos sem vencer o campeonato
sangrando-se Campeão Nacional e também conquistou a Taça de Portugal ao vencer
na final o S.C. União Torreense. Pedroto alinhou em 24 jogos e marcou 2 golos.
Na época de 1956/57 os portistas disputaram a Taça dos
Clubes Campeões Europeus, na primeira presença do clube azul e branco nas
provas europeias. Pedroto foi um dos jogadores titulares da equipa que
defrontou os espanhóis do Athletic Club Bilbao na 1ª eliminatória que os bascos
venceram.
Em 1958/59 repetiu a conquista no campeonato nacional, já
com Bela Guttman a treinador tendo José Maria Pedroto alinhado em apenas 5
partidas.
No final da temporada de 1959/60, pôs um ponto final na sua
carreira de jogador.
Esteve no Futebol Clube do Porto oito temporadas onde foi
Campeão Nacional por duas vezes e venceu uma Taça de Portugal.
Passou imediatamente a treinador tendo assumido o comando
técnico das camadas jovens do F.C. Porto e também dos juniores da Seleção
Nacional onde conquistou o Torneio Internacional da UEFA. Passa depois para
treinador da Académica de Coimbra onde esteve duas épocas, seguindo-se depois o
Leixões S.C. e o Varzim S.C. em 1965/66.
Na temporada de 1966/67 realizou o seu sonho ao tornar-se
treinador da equipa principal do Futebol Clube do Porto. Esteve três épocas nas
Antas onde conquistou uma Taça de Portugal em 1967/68 ao derrotar na final o
Vitória de Setúbal por 2-1.
Logo depois da saída algo atribulada do F.C. Porto, Pedroto
ingressou no Vitória de Setúbal onde permaneceu no comando técnico da equipa
por 5 épocas. Sob o seu comando, os sadinos não conquistaram nenhum título, mas
ficaram por uma vez em segundo lugar, três terceiros lugares e um quarto lugar,
e atingiu por duas vezes os quartos de final da Taça UEFA.
Na época de 1974/75 mudou-se para o Boavista F.C. onde
permaneceu duas épocas. Nessas duas épocas acumulou o cargo de treinador da Seleção
Nacional.
Na temporada de 1976/77 Pedroto regressa ao Futebol Clube do
Porto e vence a Taça de Portugal ao derrotar o S.C. Braga na final.
Na época seguinte sagrou-se Campeão Nacional e o F.C. Porto
quebrou o longo jejum de 19 anos sem ganhar o campeonato.
Em 1978/79 levou o F.C. Porto ao título de Bicampeão.
Na época seguinte ficou em segundo lugar a escassos dois
pontos do Sporting C.P. que ganhou o campeonato. No final dessa temporada,
Pedroto foi afastado do comando técnico dos portistas pelo então Presidente Américo
Sá.
Em 1980/81 ingressou no Vitória de Guimarães já com o
campeonato na 9ª jornada mas ainda assim levou a equipa ao 5º lugar no final da
época.
Na temporada seguinte continuou ao serviço dos vimaranenses
e terminou o campeonato com um quarto lugar.
Para a época de 1982/83 e já com Jorge Nuno Pinto da Costa
na presidência do Futebol Clube do Porto, Pedroto regressa ao clube das Antas.
Na época seguinte conquista a Taça de Portugal ao vencer na
final o Rio Ave F.C. por 4-1. No entanto à 10ª jornada do Campeonato Nacional,
Pedroto foi obrigado a deixar de orientar os portistas por causa de lhe ter sido diagnosticado um cancro. Em Janeiro de 1984 foi para Londres onde viria a ser
internado, e deixa o comando dos Dragões a António Morais. Em Maio e já em
casa, assistiu à final da Taça dos Vencedores das Taças entre o F.C. Porto e a
Juventus F.C. de Itália, onde os transalpinos foram mais felizes.
No dia 7 de Janeiro de 1985 e com 56 anos de idade, José
Maria Pedroto acabou por não conseguir vencer a doença que o levou do mundo dos
vivos. Ficou sepultado no cemitério de Agramonte, no mausoléu do Futebol Clube
do Porto.
Palmarés como jogador
2 Campeonatos Nacionais da 1ª Divisão de Portugal
1 Taça de Portugal
3 Taças Associação de Futebol do Porto
Palmarés como treinador
2 Campeonatos Nacionais da 1ª Divisão de Portugal
5 Taças de Portugal»
É esse e este Pedroto que para sempre fica na História do FC
Porto. Como está em livros, cromos e recortes de peças guardadas nos arquivos do
autor deste blogue e, de modo especial, no afeto dos Portistas.
Armando Pinto
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