Em tempo decisivo do período de transferências de verão do
futebol profissional, nos dias que correm, nada mais propício que recordar
aquisições noutros tempos incisivas para o futuro do clube, no passado histórico
do FC Porto. Vindo a talhe, depois de se ter relembrado (no artigo anterior) a
vinda de Pedroto em finais de agosto de 1952, com a repercussão que faz parte
da história sempre presente, também outra muito importante, como foi, ainda antes,
a entrada de Monteiro da Costa no grande clube portuense. Sendo o FC Porto por
esses tempos já a coletividade mais
representativa do Norte do Portugal, com nome da capital do Norte, como se dizia
nesse tempo, à época com casa de jogos
no campo da Constituição, na parte urbana tradicional da Invicta. E esse mesmo
António Henrique Monteiro da Costa, junto com Hernâni, Virgílio, Pedroto e
tantos mais da geração de diamante da década de cinquenta, ficaria com nome
associado a esse período dourado do futebol portista e nacional.
Ora, conforme um dito popular, para se ser lembrado é preciso
ser visto; devendo assim, por outras palavras, haver algo que faça por isso. Tendo calhado a
preceito, para o efeito, o que é lembrado, desta vez e neste dia, na newsletter "Dragões Diário”:
Com efeito, então… «Há 69 anos, o FC Porto contratava
Monteiro da Costa à Oliveirense, com a receita de dois jogos particulares a
acrescer ao valor da transferência». Tendo, no decurso da sua carreira e pelo
que perdura nos anais do futebol portista, ficado esse mesmo, conhecido por «o
“torpedo” de São Paio de Oleiros», em posição assinalável, como comprova o caso de haver transposto «a barreira mítica dos 300 jogos
com a camisola azul e branca, fazendo 97 golos e distinguindo-se como o
terceiro melhor marcador dos Dragões em clássicos com o Benfica (com 10 golos), tabela em
que só é superado por Pinga e Gomes (com 12 cada um). Jogou em várias posições, ganhou
dois campeonatos e duas Taças de Portugal, lia Agatha Christie e sofria com as
saudades da família geradas por estágios e digressões.» Juntando caso especial de ainda ser o detentor da marca de mais golos nos clássicos Porto-Benfica disputados no Porto, com oito golos com o FC Porto como anfitrião.
= Campeões de 1955/1956
Esse célebre Monteiro da Costa, que não descendia do
refundador e segundo presidente do clube (José Monteiro da Coata) mas tinha o mesmo apelido familiar,
embora provindo dos últimos nomes de seus pais, é pois merecedor desta evocação,
na pertinência da efeméride, provocando achega de afinidade ao momento que
passa…
Monteiro da Costa inicialmente fora um ponta-de-lança temível e depois distinguiu-se como médio, só lhe faltando praticamente ter sido guarda-redes, havendo jogado em algumas das melhores equipas de sempre do FC Porto, ao lado de Pedroto, Hernâni, Virgílio, Perdigão, Miguel Arcanjo ou Jaburu. Com diversas curiosidades associadas, entre as quais permancece ainda a de goleador-mor portista contra o Benfica nos jogos em casa do FC Porto.
A sua biografia foi inicialmente descrita em pequeno livro
que lhe foi dedicado pela coleção Ídolos do Desporto, de E. Carradinha, em
1956. Através de cuja brochura se sabe melhor antigos pormenores particulares,
neste como em tantos casos, sendo que nesse tempo, com tais edições publicadas
sobre figuras públicas do desporto, foi dado conhecimento interessante que certamente se
teria perdido. Algo que hoje em dia infelizmente anda arredio das publicações, de
ideias responsáveis mais viradas ao imediatismo.
Do mesmo, anos volvidos, há uma biografia superiormente
descrita pelo grande portista Fernando Moreira em trabalho rotulado de “Dragões
de Azul Forte”, incluído entre os dossiers do blogue “Bibó Porto carago”. Que
engloba praticamente o que ficou para dizer sobre esse grande valor portista,
nascido em São Paio de Oleiros, do concelho de Santa Maria da Feira, terra que
mais tarde passou a ser residência do grande guarda-redes Américo e é torrão
natal do ciclista António Carvalho, neto de Alberto Carvalho. Sendo assim
António Monteiro da Costa deveras ligado a meios comuns portistas com auras superiores,
sendo que posteriormente viveu em Arcozelo, do concelho de Gaia, onde ficou em descanso eterno, sepultado que está na terra de Santa Maria
Adelaide, em cuja capela-museu se encontra a camisola com que Juary jogou na final de
Viena.
«Monteiro da Costa – António Henrique Monteiro da Costa (n.
São Paio de Oleiros, Santa Maria da Feira, 20 Ago.1928 / m. Arcozelo, V. N.
Gaia, 2 Out.1984), representou o Sp. Espinho (1946-48) e a Oliveirense
(1948-49) antes de ingressar no FC Porto, em 1949. Um dos chamados "pau para toda a
obra", jogador polivalente, ocupou todas as posições exceto de
guarda-redes.
• Para se aquilatar do seu valor e polivalência, veja-se o
que se escreveu numa edição da revista “Cavaleiro Andante” dedicada a este
extraordinário jogador do FC Porto: “Monteiro da Costa é a energia
personificada. De temperamento combativo, sempre em ação, lutador destemido, o
excelente “crack” do FC Porto derrama vigor em cada lance em que intervém. E de
tal maneira se afirma a sua garra que, algumas vezes, dizem que ele chega a ser
violento. Tem conhecido todos os lugares dentro da equipa do FC Porto. Foi
avançado-centro, interior, extremo, defesa lateral e central, e hoje, graças à
insistência do seu treinador, é médio. E foi neste último lugar que mais se
puderam vincar as qualidades que o distinguem”.
• De facto, dando crédito ao que acima se leu, alinhou
frequentemente como defesa-central, evidenciando segurança e qualidade. Outras
posições em que tinha alto rendimento eram as de médio-ofensivo ou avançado.
Concretizava inúmeros tentos nas balizas adversárias e, nos treze anos em que
serviu o FC Porto (1949 a 1962), só no campeonato fez 72 golos em 270 jogos (enquanto no total das diversas provas marcou 97 golos em 328 jogos). Em
Janeiro de 1951 foi o herói da extraordinária vitória por 2-0, sobre o Benfica,
no Campo Grande em Lisboa, pois marcou ambos os golos.
• Atuou nas equipas excecionais que, nos anos 50, ganharam 2
Campeonatos e 2 Taças de Portugal. Colaborou com vários treinadores entre os
quais os campeões Yustrich e Guttmann, jogou com excelentes futebolistas como
Barrigana, Virgílio, Miguel Arcanjo, Osvaldo Cambalacho, Pedroto, Carlos
Duarte, Jaburu, Carlos Vieira e Hernâni.
= Campeões de 1958/1959!
• O seu nome figura na lista dos "capitães" mais
carismáticos da história do FC Porto, onde jogou ao longo de 12 épocas!
Percorreu três décadas a jogar de camisola azul-e-branca vestida, pois
ingressou no Clube em 1949 e acabou a carreira de jogador em 1962!
= Na função de capitão de equipa, na fase de transição da geração de cinquenta para a de sessenta.
• Jogador voluntarioso foi de uma entrega e dedicação
inexcedíveis, nada regateando ao seu amado clube. Após a carreira de
futebolista, nele perdurou a disponibilidade para ajudar o FC Porto. Em
momentos difíceis da equipa aceitou comandá-la, como treinador (em parte das
épocas 1974-75 e 1975-76).
• Internacional 6 vezes (duas na Seleção B e quatro pela A), tal como no seu
clube usou de extraordinária abnegação com a "camisola das quinas"
vestida. Nos “AA” estreou-se em jogo disputado no Estádio das Antas, ante a
Áustria (1-1), em 23 Nov.1952, com os também portistas Barrigana e Ângelo
Carvalho a fazerem parte da equipa. A última partida foi contra a Irlanda do
Norte (1-1), em 16 Jan.1957, no Estádio José Alvalade (Lisboa). Nesse jogo
alinharam pela Seleção Nacional cinco jogadores do FC Porto: além de Monteiro
da Costa, também Virgílio, Pedroto, Hernâni e Fernando Perdigão.
= Num Festival noturno no estádio das Antas, empunhando a fâmula do futebol sénior, na frente, como capitão de equipa. Ladeado nas filas por Barbosa e Virgílio, reconhecendo-se ainda (e pouco mais, pela fraca visibilidade) entre outros, também Américo. =
• Depois de terminada a carreira de futebolista, Monteiro da
Costa foi treinador. Eis o que, atestando o carácter e integridade moral de um
grande Homem e desportista, diz dele um ex-pupilo: “Monteiro da Costa para além
de jogador íntegro do FC Porto, foi um HOMEM que passou pelo Salgueiros e que
para além de treinar os seniores, treinava com muito orgulho os juniores. Os
treinos dos juniores começavam às 7 horas (da manhã) e ele esperava por nós,
equipado, a correr à volta do velho campo Eng.º Vidal Pinheiro. Como Homem
transmitiu valores que ainda hoje guardo e revelo a honra de lhe ter chamado
“Mister”. Obrigado Sr. Monteiro da Costa”.
• Monteiro da Costa, o mais versátil futebolista de sempre
do FC Porto, um grande exemplo de "amor à camisola", um coração
azul-e-branco, um Homem de integridade perfilhada, uma grande glória do Clube!
Carreira no FC Porto ( como jogador)
1949-50 a 1961-62
Palmarés
2 Campeonatos Nacionais (1955-56, 1958-59)
2 Taças de Portugal (1955-56, 1957-58)»
Como treinador, passou por alguns clubes e chegou mesmo a
ser treinador adjunto e principal do FC Porto, neste caso interinamente – tendo, em
momentos difíceis da equipa sénior do FC Porto, aceitado o comando como
treinador responsável, em parte das épocas 1974/75 e 1975/76.
Ressalta por entre tão importante carreira, em suma, o facto assinalável de Monteiro da Costa ser o melhor marcador da história dos jogos entre FC Porto e Benfica com os Dragões na qualidade de visitados.
Efetivamente, entre os jogos entretanto realizados dos FC Porto-Benfica para a Liga portuguesa (contabilizando apenas os jogos com os Dragões como anfitriões), aflorando uma questão sobre quem quem é o maior goleador de sempre deste clássico – podendo pensar-se em mais recentes grandes goleadores, como Fernando Gomes, Jardel ou até Domingos – há que recuar na história e trazer à memória o nome de Monteiro da Costa.
Efetivamente, entre os jogos entretanto realizados dos FC Porto-Benfica para a Liga portuguesa (contabilizando apenas os jogos com os Dragões como anfitriões), aflorando uma questão sobre quem quem é o maior goleador de sempre deste clássico – podendo pensar-se em mais recentes grandes goleadores, como Fernando Gomes, Jardel ou até Domingos – há que recuar na história e trazer à memória o nome de Monteiro da Costa.
Tratando-se de António Henrique Monteiro da Costa, médio/avançado que entre as épocas 1949/50 e 1961/62 jogou por 328 vezes marcou 97 golos com a camisola do FC Porto. Chamavam-lhe Homem Canhão e participou nas conquistas de dois Campeonatos Nacionais (1955/56 e 1958/59) e duas Taças de Portugal (1955/56 e 1957/58).
Em 11 jogos em que participou dos classicos FC Porto-Benfica marcou oito golos, dos quais lhe advém o título de maior goleador nesse confronto em jogos disputados com o FC Porto como clube visitado do rival vermelho, para a mais importante prova do futebol nacional. Bisou no duelo de 1950/51 e depois, já nas Antas, apontou mais seis golos aos lisboetas, entre as temporadas 1952/53 e 1957/58.
“Atleta pundonoroso, enérgico e esforçado. António Henrique Monteiro da Costa é, incontestavelmente, um dos elementos mais representativos do futebol – no nosso Clube e no Desporto Nacional”, lê-se, numa publicação datada de 1960. O Homem Canhão jogava em qualquer posição (só lhe terá faltado a baliza) e é uma espécie de protótipo do chamado jogador à Porto. Foi capitão durante vários anos e ainda treinador interino e treinador adjunto nos anos 1970. Faleceu em agosto de 1984» (na terra da considerada santa Maria Adelaide, em Arcozelo, onde está a camisola com que Juary marcou o golo da vitória de Viena).
«Monteiro da Costa, que foi por quatro vezes internacional português pela seleção principal – num tempo em que os jogos de seleções eram muito mais raros – foi contemporâneo do guarda-redes Barrigana, de Miguel Arcanjo, Hernâni, Jaburu, José Maria Pedroto e Virgílio, o leão de Génova.»
Ora, Monteiro da Costa, que em parte da sua carreira foi médio e distribuidor de jogo, como se diz em linguagaem desportiva, além de ter ainda sido defesa, começou por ser avançado e, na posição dianteira do campo, foi pois o futebolista que até hoje mais golos marcou ao Benfica. Depois de em 1949 ter aportado ao FC Porto, em chegada que se revelou feliz, após sua aquisiçaão confirmada em finais de agosto desse ano.
ARMANDO PINTO
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Caro amigo Armando Pinto, muito obrigado pela citação neste seu magnífico trabalho.
ResponderEliminarÉ um gesto que eu agradeço e sinto-me muito honrado. Sobretudo por vir de um grande estudioso e historiador do nosso amado Clube.
Jamais esquecerei que foi graças ao seu estímulo e exemplo que comecei a escrever no blogue. Muito obrigado por tudo. Abraço e... BIBÓ PORTO!