Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

sábado, 27 de junho de 2020

Recordando Siska, na efeméride da sua despedida de guarda-redes de futebol


A 27 de junho de 1933 dizia adeus à carreira de futebolista o célebre guarda-redes Miguel Siska, um dos maiores guardiões da baliza na história do FC Porto e do futebol português. Então, esse ídolo dos tempos românticos do futebol luso, abandonava os relvados, pondo um ponto final diante das balizas em jogo com o Sporting, de desempate da meia-final do ao tempo chamado Campeonato de Portugal, género de taça por eliminatórias. Tendo aí esse famoso húngaro Mihály Siska, nacionalizado português como Miguel Siska, defendido pela última vez a baliza portista, na qual deixou um legado muito elevado. 


Havia sido a 23 de Novembro de 1924 que Siska disputou o seu primeiro jogo pelo FC Porto. E, passados nove anos, a 27 de junho de 1933 fazia o último.

Tinha então Siska ainda 18 anos «quando se estreou na baliza portista, e, um ano decorrido, alcançaria o seu primeiro título de Campeão de Portugal…», como é narrado no livro “FC Porto figuras & factos 1893-2005”. Com 27 anos largava por fim as luvas e passava a estar ligado ao futebol noutras funções, continuando dentro do FC Porto.

= “O grande guarda redes do Football Club do Porto, MIGUEL SISKA” capa de revista do tempo: Revista "o az", nº 26, de 7 de Abril de 1929. =

Nascido em 1906 na sua cidade natal de Budapeste, na Hungria, Siska veio para o Porto aos 18 anos, oriundo do Vasas de Budapeste para o Futebol Clube do Porto. E logo reforçou a equipa portista com sua valia à frente das balizas, de tal modo que era considerado um dos melhores jogadores europeus na sua posição, ficando conhecido por "meia-equipa" perante sua importância no jogo coletivo e defesa do  seu reduto.


Depois, a 12 de Março de 1926 Mihály Siska naturalizou-se português, passando a chamar-se Miguel Siska, nome que ficaria gravado a ouro como um dos mais relevantes de mais de um século de história azul e branca.»

Portugal vivia ainda aqueles tempos algo conturbados de finais da Primeira República, mas ainda sem ter chegado o tempo da ditadura que apareceria quase dois meses e meio depois, perante o golpe militar encabeçado por Gomes da Gosta, secundado por outros, como Mendes Cabeçadas. Conforme é da história. E o futebol português ainda dava primeiras correrias atrás da pesadona bola de capa, com jogadores que chutavam e davam cabeçadas trajados de camisolas largas e calções pelos joelhos, mais botas artesanais de travessas nas solas, a engrossar o couro. Sendo que ao final desse mesmo mês o organismo organizativo da modalidade, criado em 1914 como União Portuguesa de Futebol, passou a ter outro nome, mudando de UPF para Federação Portuguesa de Futebol.  


= Ação publicitária, atendendo à visibilidade da imagem de marca que Siska transmitia !

Siska viera então reforçar o futebol do Futebol Clube do Porto e depressa se impôs, tendo-se afeiçoado à cidade do Porto de tal modo que depois se naturalizou português, como agora evocamos. E durante anos foi o grande guarda-redes que povoava o imaginário dos admiradores do jogo da bola. 

= Da revista “A VIDA DO GRANDE CLUBE NORTENHO”, Extra Seleções Desportivas, publicação de 1978, por Luís César =

Num caso desses, então, um dos seus admiradores era um jovem que ao tempo ansiava também um dia defender a baliza do seu FC Porto, o qual dava pelo nome de Américo Ferreira Lopes. Como era relatado no livro biográfico anos mais tarde dedicado na coleção Ídolos do Desporto ao guarda-redes Américo, que conseguira mesmo chegar à camisola nº 1 do FC Porto:

«SOB O SIGNO DE MIHALY SISKA
Quando Américo nasceu, em 1933, Portugal desportivo vibrava de entusiasmo com as proezas de um outro guarda-redes que defendia a baliza do F. C. Porto e que era, nessa altura, justamente considerado o melhor “Keeper” existente no país. Era húngaro de origem, chamava-se Mihaly Siska e viera jovem para o Porto…»


Pois Siska foi mesmo um grande guardião do FC Porto, merecedor de ser eternamente lembrado. Como neste espaço de Memória Portista entretanto tem sido aconchegado memorialmente. E tal como se evocou anteriormente na data comemorativa de sua estreia e por outras ocorrências, também a oportunidade da efeméride da sua naturalização fez jus a mais uma lembrança. Entremeando com algumas imagens de ilustração e inclusive recortes de fichas de seu currículo em publicações reportadas a fastos do FC Porto. Como desta vez se reforça, na efeméride de sua despedida de guarda-redes. 

= Do livro “FCPorto figuras & factos 1893-2005”, de J. Tamagnini Barbosa e Manuel Dias =


Após se ter radicado em Portugal e haver naturalizado português, já como Miguel como nome adotado, não chegou contudo a ser selecionado para a seleção portuguesa de futebol, embora tido popularmente como melhor guarda-redes de seu tempo a atuar no campeonato luso. Contudo foi então o guardião da seleção da Associação de Futebol do Porto e da seleção do Norte, em jogos que ao tempo eram habituais entre equipas representativas das associações e das regiões.


Entretanto Siska em sua saliente carreira desportiva em Portugal ao serviço do FC Porto era mesmo considerado como carismático guarda-redes. A pontos de fazer parte do imaginário memorial do mundo portista pelos tempos adiante.

= Equipa do FC Porto que alinhou no último jogo de Siska, no Campo do Arnado em Coimbra.

Com a camisola de guarda-redes do FC Porto conquistou dois Campeonatos de Portugal e nove Campeonatos Regionais do Porto, antes de vencer mais competições como treinador dos Dragões. Um percurso vencedor, que iniciou uma linhagem histórica de guardiões, a começar por seu substituto Soares dos Reis, que seria depois o primeiro guarda-redes do FC Porto a ser chamado a jogar com a camisola da Seleção Nacional A de futebol.


Tudo isso num percurso acrescido de ter sido ainda treinador Bi-campeão pelo FC Porto, também, em duas épocas de conquistas do título nacional.

Armando Pinto
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