Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

segunda-feira, 14 de junho de 2021

“Coisas“ com História Azul e Branca – A minha garrafa da vitória de 27 de Maio de 1987!

 

27 de maio, aquele célebre dia de 1987, ficou mesmo a ser e é uma data inesquecível, como momento saliente na vida portista e dos portistas. Dia importante na história do grande Futebol Clube do Porto. Tal foi a final europeia de Viena. Faz agora 35 anos, que lá, no estádio do Prater, na capital austríaca das valsas musicais, Madjer, Juary, João Pinto, Frasco, toda a equipa, com Artur Jorge e tantos outros, tocaram assim musicalmente em muitos corações e colocaram o nome do FC Porto no topo do mundo. Algo que sempre se revê na retina da memória e só as lembranças desse final de tarde e entrada pela noite dentro ainda fazem arrepiar.

Ora, a conta dos 35 anos que agora se completam, neste ano de 2022, soma as chamadas bodas de coral. Cuja celebração nesse sentido simboliza o fortalecimento de uma relação. Pois como os corais marinhos levam muitos anos para se formarem, também uma duração assim ainda é mais vincada, continua bem gravada. 

Se há dias felizes e momentos especiais, por vezes, daqueles em que acontece alguma coisa desejada mas até nem muito esperada, um desses foi a 27 de Maio de 1987 (ainda os meses se escreviam em português oficial com letra inicial maiúscula). Quando o FC Porto alcançou o título de Campeão Europeu de futebol e o mundo portista sentiu uma alegria indescritível, num daqueles momentos em que se vê e comprova que o futebol não é só um jogo nem apenas um desporto, é muito mais que isso. Sobretudo, como no caso pessoal, em que estava em jogo o FC Porto, algo especial que faz que se ande no mundo sem ser só por ver os outros andarem.

Pois então aconteceu isso, coisa que há muito desejamos e por vezes sonhávamos, mas com uma ponta de realismo nos parecia quase impossível. Nomeadamente por então ser já um tempo em que no futebol dominavam os interesses dos poderosos. Bastando recordar o que acontecera três anos antes, na final da Taça das Taças, ainda existente nesse tempo, em que a Juventus de Itália, patrocinada por uma firma automóvel de grande fortuna, foi beneficiada em prejuízo do FC Porto que, apesar de ter dado lição de bola, foi autenticamente espoliado desse trofeu. Estando-se assim já muito longe de tempos em que qualquer equipa poderia ganhar quaisquer taças internacionais, visto antigamente não haver tantos jogos de bastidores premeditados e mesmo as comunicações eram reduzidas, a pontos das equipas irem jogar praticamente sem conhecerem quase nada dos adversários. Nessas eras antigas em que até a transmissão televisiva era tão rara que a chegada de imagens dos jogos das finais, via Eurovisão, eram uma espécie de imagens depois chegadas na primeira descida aos saltinhos do homem à lua…e a preto e branco.

Pois em 1987 foi já a cores!

Então se como poetou Fernando Pessoa, o homem sonha e a obra nasce, tal qual tudo vale a pena se a alma não é pequena, esse anseio que andava nas nuvens idílicas dos sonhos, tornou-se realidade. E logo com uma valsa de Viena por fundo!

Foi pois tudo isso em 1987, no Mês de Maria, das flores e dos amores. Coisa que leva mais tempo a descrever que o que sentimos num baque, sem saber já por quanto tempo até chegarmos à realidade, num final de tarde de sonho, depois entrado pela noite dentro.

Estava ali diante de nós, nas imagens da televisão, a legenda “FC Porto Campeão Europeu”. Era mesmo isso, assim. Vimos então tudo de coração arregalado para coisa que acontecia mesmo. O João Pinto beija a taça… como o Custódio Pinto beijara a Taça de Portugal em 1968. E mais tarde vimos Ademir, Gomes, Oliveira e C.ª alcançarem o Título Nacional em 1978. Depois de anos em que até o Campeonato Nacional demorara a chegar, mas chegara. E ali, nesses momentos, a Taça dos Campeões Europeus também era nossa. Valeu a pena desejar e saber esperar. E ainda bem que chegou!

Ora, de tanta coisa muito temos em coisas físicas a descrever e recordar tamanho feito. Bem como sempre temos diante dos olhos um quadro, feito pelas próprias mãos, a não deixar esquecer por um segundo tal coisa mais linda que nos aconteceu desportiva e portistamente.


Assim há 35 anos alcançámos a imortalidade entre a realeza do velho continente. A 27 de maio de 1987 pintámos o Danúbio de azul com um triunfo de proporções bíblicas diante do gigantesco Bayern de Munique. No relvado do Prater a final da Taça dos Campeões Europeus começou por sorrir desde cedo ao colosso alemão, que foi para o descanso em vantagem, por 1-0. Numa segunda parte absolutamente sublime, o calcanhar de Madjer repôs a igualdade (1-1) e a vitória portista (2-1) surgiu como um relâmpago graças à pontaria de Juary. A valsa extraordinária dos Dragões de Artur Jorge valeu a conquista do primeiro de sete troféus internacionais nas vitrines do grande baluarte desportivo da Invicta. João Pinto recusou-se a largá-lo, mas ninguém o pode condenar, assim até ficou mais para lembrar, gracejar e contar em modo interessante.

E tal como o João Pinto sentiu e se comportou, sem querer largar, esse foi um brinquedo que chegou e sentimos ser nosso!

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Maio, como mês de cerejas tem lembranças tais, também, a virem umas com as outras, sendo um período de muitas e boas memórias viçosamente azuis e brancas, como tem sido lembrado ao longo de muitos dos dias quentes de temperatura primaveril como de fluxo cardio-portista. 


Pois se o mês é assim, também o dia 27 do mesmo tem sido cheio de motivos oportunos de evocação interessante. Como, por exemplo, foi o caso de a 27 de Maio de 1928 Valdemar Mota se ter tornado o primeiro atleta olímpico do FC Porto, ao alinhar e marcar contra o Chile no primeiro jogo da seleção portuguesa de futebol nos Jogos Olímpicos de Amesterdão; bem como na mesma data mas de 1956 o FC Porto ao bater o Torreense por 2-0, com dois golos de Hernâni, venceu a primeira Taça de Portugal das até agora 18 da nossa história. Temas já aflorados, por vezes, e mesmo evocados aqui anteriormente neste espaço de memória portista. E depois, como cereja no topo do bolo, houve em 1987 a vitória na final de Viena de Áustria.


Pois então, a 27 de Maio de 1987 o FC Porto venceu o poderoso clube bávaro Bayern de Munique em Viena, conquistando o nosso primeiro título internacional de futebol ao mais alto nível: a Taça dos Clubes Campeões Europeus.


Efetivamente foi esse um dia inesquecível, depois de algum tempo de entusiasta expetativa pela chegada da hora do jogo desse mesmo dia. E durante o próprio dia, num misto de confiança e receio, porque nada é certo e nem sempre há justiça, chegou enfim a hora da verdade. Tendo assistido em minha casa, pela televisão e a cores, obviamente, junto com dois bons amigos que quiseram viver esse jogo comigo. Algo que eles por certo terão bem presente. E eu tenho, de tal modo que, depois de durante o jogo ter barafustado mais até que o costume, no final foi o máximo, como algo desejado que finalmente foi conseguido. Tendo também comigo o meu filho, jovenzinho mas já ali como eu com olhos de sentimento. Pois que, tendo nós sofrido um golo alemão sem eles merecerem, inclusive num deslize da nossa equipa, e depois de uma exibição de gala sem que a bola entrasse do outro lado, por fim, quase na última dezena de minutos houve enfim a ansiada reviravolta e o FC Porto conseguiu vencer os germânicos mais que favoritos.


Desse jogo, para ilustrar o acontecimento, deitamos olhos a  publicações que, passados estes anos, recordam tal feito.


Tudo o que se possa dizer ou descrever sobre tudo aquilo leva mais tempo e espaço a narrar que a lembrar. Bastando referir que então, embora em casa, e já definitivamente de pé quase encostado ao televisor a ver bem tudo, foi especial ver o João Pinto a receber e beijar aquela taça, algo que quando víamos antes com outros parecia irrealizável para nós… E então, ali, ao ver os nossos a agarrar essa taça (quando o João Pinto deixava...), foi como se lá estivéssemos também a deitar-lhe as mãos. E tudo o mais, que nem vale a pena tentar discorrer por escrito, pois está de viva memória cá dentro.


Futebol Clube do Porto: Campeão Europeu! Eis a legenda que finalmente apareceu nas imagens televisivas e deu tão grande prazer ver e sentir. Tal como no dia seguinte aparecia nos jornais que comprei e com estima guardei. Como ainda em dias imediatos veio nalgumas revistas, igualmente  merecedoras de ficarem guardadas. Pois o nosso FC Porto alcançou o título de melhor da Europa!


Armando Pinto

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