Estava uma tarde quente e ainda mais calorenta na moldura humana
que enchia as bancadas do estádio das Antas. De todos os setores se ouvia
enorme vozeirão de entusiasmo, enquanto o tempo demorou a passar até ao início
do jogo. Estava-se no derradeiro desafio, com todo o mundo à espera do FC Porto
conseguir manter o 1º lugar e vencer o campeonato em dois anos seguidos. Visto
o segundo classificado, Benfica, ter empatado na penúltima jornada, escorregando
em Aveiro na jornada anterior, de modo que largou o FC Porto com quem mantivera
igualdade pontual na classificação quase até ao fim. Então FC Porto só dependia
de si próprio para ganhar o campeonato no último jogo da época. Contra o
Barreirense, nas Antas, a 17 de junho de 1978.
Como não há fome que não traga fartura, como diz o rifão
popular, o FC Porto após longos anos de espera passava a ter meta de segundo
campeonato consecutivo. Apenas que o adversário final, o Barreirense, vinha com
algo fisgado, tal a evidente retranca com que os jogadores das camisolas do
Barreiro defendiam com unhas e dentes a sua baliza, para mais sabendo-se que a
equipa estava sem outro interesse pessoal na contenda, despromovida de divisão
que estava. Enquanto isso, como havia ainda um outro objetivo no jogo, estando
em disputa o caso de Gomes poder marcar golos para ser o melhor artilheiro da prova,
em disputa com Nené do Benfica que seguia de perto na classificação dos
goleadores, tal desiderato resultou em maior ferrolho ainda e sobretudo em
marcação direta ao dianteiro portista em causa. Havendo na equipa das listas
vermelhas alguns jogadores em contacto com o Benfica, como depois veio a suceder
com Carlos Manuel e Frederico que envergaram de seguida a camisola encarnada. Contudo,
conseguindo a equipa azul e branca contornar a situação, «a história começou a
ser construída com um golo de Oliveira e foi reforçada por Duda ainda na
primeira meia hora. Na segunda parte, os visitantes até conseguiram reduzir,
mas Gomes fez o 3-1 de livre direto e Frederico definiu ao marcar na própria
baliza», antecipando-se a Gomes, acabando por ser fixado o 4-1 final… Acabando com o FC Porto Campeão, melhor dizendo Bi-Campeão (com mais 1 ponto que o perseguidor Benfica, nesse tempo de 2 pontos por vitória e 1 por empate), ao passo que Gomes ficou rei dos goleadores do campeonato (com mais 2 golos marcados que Nené). Em grande para as hostes portistas!
De mais esse inesquecível dia junta-se imagens de captação
fotográfica dum dos jornais do arquivo particular, no caso o histórico Primeiro de Janeiro – através de visualização ampla, para evitar desta
vez ter de fazer digitalização aos bocados, devido ao jornal ser de formato
antigo muito grande.
Armando Pinto
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