A Taça de Portugal da época de 1967/1968 conquistada pelo FC
Porto foi algo especial. Tão importante, nos acontecimentos grandes da vida
portista no período futebolístico do regime BSB, que a sua memorização é das
poucas conquistas de antes do 25 de Abril com lugar em vitrinas do atual Museu
do FC Porto.
É da história toda a envolvência dessa grande vitória, cuja
data de 16 de Junho de 1968, da final dessa vitoriosa jornada, ficou nos anais
da História Gloriosa do FC Porto. E puxando ao caso pessoal, nessas eras em que
o ciclismo ia compensando o deserto de títulos do futebol sénior no mundo azul
e branco, foi na verdade essa obtenção da Taça de Portugal a vitória que
conheci em futebol nos meus tempos juvenis de Portismo, qual lança metida na
áfrica do regime, após anos de espera por algo desde a infância até à puberdade.
Tendo sido também a vitória do tempo dos meus grandes ídolos de infância, com
Américo a cotar-se com um dos grandes heróis, em autêntica tarde de glória.
Ora, como sobre esta Taça de 1968 já aqui publicamos
diversas recordações, havendo a mesma merecido outras evocações, desta feita,
na pertinência da passagem da respetiva efeméride, fazemos um justo tributo
memorial a três sobreviventes, dos que jogaram na final, estando ainda vivos felizmente três antigos
jogadores desse naipe de grandes vencedores – Américo, Rolando e Valdemar.
Américo Lopes, aquele valoroso guarda-redes Américo que o
famoso Di Stefano disse publicamente que foi um dos melhores guarda-redes que
viu jogar… mais Rolando, Rolando Gonçalves, o louro do Porto que tanto
entusiasmava ver jogar de pernas arqueadas a dominar e distribuir jogo… e Valdemar
Pacheco, o do pontapé canhão do livre que deu o empate que viria a tornar possível
a reviravolta no resultado (quando o Porto estava a perder desde os primeiros
minutos, até Valdemar ter disparado aquela bola de grande distância, que só
parou no fundo da redes da baliza). Para depois Nóbrega, o já falecido
Francisco Nóbrega, ter marcado o golo da vitória na conclusão dum canto
apontado pelo brasileiro Djalma também já falecido, e por fim, na apoteose, Custódio
Pinto, o capitão desse tempo e entretanto igualmente falecido, ter beijado a
taça; e, enquanto tudo ainda parecia um sonho, a ter levantado bem alto, agarrando-a com a força de milhares de adeptos que então a viam em mãos do Porto, além de quem à
distância parecia também estar a ver aquilo perante o que se ouvia pelo relato radiofónico (já que
a RTP, única televisão desse tempo, contrariamente aos anos em que na final
estiveram clubes de Lisboa e sobretudo não estivera o Porto, nesse ano preferiu transmitir uma tourada)!
Contou aí que o FC Porto venceu, triunfando sobre o Vitória de Setúbal por 2-1. Perdendo o Setúbal a segunda das suas quatro finais consecutivas em que esteve presente no Jamor.
Contou aí que o FC Porto venceu, triunfando sobre o Vitória de Setúbal por 2-1. Perdendo o Setúbal a segunda das suas quatro finais consecutivas em que esteve presente no Jamor.
Na amplitude do que foi essa vitória, recorda-se ainda toda
a campanha que levou a essa final, e toda a galeria memorável correspondente ao
sucedido, através de apontamentos ao tempo coligidos por um jovem de cerca de 13
anos… conforme se pode rever pelas anotações manuscritas, em letra pessoal,
nesse tempo.
Foi pois uma grande alegria conseguida, finalmente, a
ocorrida a 16 de Junho de 1968. Ficando associados a essa final vitoriosa os
onze que alinharam: Américo, Atraca, Valdemar, Rolando, Bernardo da Velha,
Pavão, Eduardo Gomes, Jaime Silva, Custódio Pinto, Djalma e Nóbrega. Recordando-se aqui todos, agora na presença ainda viva de Américo, Valdemar e Rolando, os
sobreviventes, por ora.
Nunca será demasiado recordar estes e outros nomes eternos
da vida do FC Porto. Embora isso da eternidade seja relativa e mesmo a
posteridade não seja muito longa na memória habitual. Bastando ver como hoje
grandes nomes como Pinga, Valdemar Mota, Soares dos Reis, Araújo, Hernâni, Virgílio e uns
quantos mais já vão sendo pouco recordados, dos grandes vultos do passado, por
exemplo. E doutras gerações poucos saberem também do valor duns
Américo, Valdemar e José Rolando. Assim como daqui a anos gerações mais novas
dirão que nos melhores porventura não caberão alguns dos nomes dos campeões
europeus e mundiais de 1987 e 2004, vencedores da Supertaça Europeia, como da Taça Uefa e Liga Europa, sabe-se lá.
Pois a Taça de 1968, sensivelmente quase a meio do século XX,
foi algo que para o tempo, mediante as muito piores condições em que o FC
Porto competia perante os rivais de Lisboa, foi algo como uma competição
internacional de épocas posteriores. O que dirá muito, a quem também sentiu e
viveu o áureo período final do século XX e início do século XXI.
Honra então a Américo, Rolando e Valdemar, personificando
nesses ídolos de sempre toda a geração portista que jogou e lutou pelo FC Porto
nos anos da grande vigília. Tendo a Taça de 68 compensado muito todo esse muito
tempo de demorada espera. E a Taça foi finalmente nossa, ali na alegre tarde desse
domingo 16 de Junho de 1968. Precisamente num domingo, em Junho de 1968, como no dia da passagem
desta efeméride ao correr de 2019. Quando sabemos estarem vivos, dos que nos
deram tamanha alegria, Américo, Valdemar e Rolando. Para eles: um abraço de
parabéns e agradecimento portista!
Armando Pinto
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