O hóquei patinado entrou já tarde no FC Porto, muito depois
de fazer parte de outros clubes de nomeada, embora na maioria dos casos fosse
praticado por clubes de menor dimensão eclética, sobretudo por emblemas mais
dedicados às modalidades amadoras. Tendo mesmo o FC Porto passado a ter hóquei
patinado quase a pedido, pelo menos depois de certo movimento nesse sentido,
para que a modalidade evoluísse no Norte, onde as melhores equipas eram de
clubes não ligados ao futebol, logo sem despertar atenções do grande público. E,
à segunda tentativa (depois duma episódica primeira experiência em 1944), com
definitiva implantação em 1955/56, após um início quase a tentear-se sobre os
patins, em 1956, a partir que entrou Acúrsio na equipa azul e branca foi
sentida rápida melhoria (cativando o então guarda-redes da equipa principal de futebol do
clube também para o hóquei, que já praticara anteriormente). Situação contudo
ainda passageira – em virtude do mesmo Acúrcio Carrelo, entretanto selecionado
para a seleção portuguesa em 1957 e assim tornado o primeiro hoquista
internacional do FC Porto, ter depois enveredo a tempo inteiro pelo futebol, na chegada do
profissionalismo ao desporto-rei português.
Evoluindo assim o hóquei em patins
algo lentamente, andou anos ao nível da disputa do Campeonato Regional. Até que
já em finais da década de sessenta saltou de vez para a ribalta. Tendo sido,
com efeito, em 1968 que houve um significativo pulo na escala de valores, ao ser
alcançado o 2º lugar no Campeonato Metropolitano (nesse tempo a prova maior da
Metrópole, sendo o Nacional em fase final com os clubes das províncias ultramarinas).
Nesse surpreendente comportamento da equipa sénior do FC
Porto, incluindo alguns elementos com idade júnior, sobressaía o jovem Cristiano, que
junto com outros prometedores valores reforçava a equipa em que pontificavam
Alexandre Magalhães, Joaquim Leite, Hernâni Martins e Branco, nomeadamente. Além de então terem entrado
dois madeirense valorosos, Ricardo e Castro, cujas aquisições animaram as
hostes. E, perante algum espanto, o FC Porto goleou mesmo o campeão nacional da
temporada, tendo vencido surpreendentemente o Benfica por 6-0, no encontro disputado
no Porto entre os contendores que terminaram em 1º e 2 na classificação final. Era
praticamente a “sticada” que faltava, passando o hóquei a ser visto como
modalidade em que o FC Porto podia andar em cima, também. Deixando para trás
clubes que anteriormente andavam por cima na tabela, tendo ficado abaixo o Valongo,
em 3º e seguidamente Campo de Ourique, Carvalhos, Cuf, Académica de Espinho e
Parede.
Desse célebre encontro ficou guardado em arquivo pessoal, do
autor destas linhas, uma crónica de análise pessoal, segundo o que então fora
ouvindo pelos relatos radiofónicos do “Norte Reunidos” (como popularmente era
simplificado o nome dos Emissores do Norte Reunidos) e respetivos registos.
(Arquivo esse só agora recuperado, final e felizmente – em
devolução que me foi feita por um amigo dos tempos de colaboração no jornal O
Porto, aquando do recente Dia do Clube – pois emprestara essas páginas para a
elaboração da biografia do Cristiano para a coleção Ídolos, publicada em 1980, e não mais lhe
pusera a vista, pensando até estar isso perdido. Por de permeio ter deixado essa colaboração gratuita, após o verão quente das Antas... Podendo agora, enfim, haver futuramente
mais assuntos e documentação para partilhar, neste cantinho de memória
portista.)
Ora, então desses apontamentos, eis o que consta desse
arquivo manuscrito do então jovem entusiasta do hóquei portista, aí ainda com
14 anos e muitos já de Portista…
Alcançado esse estatuto, estando então a ombrear já com os
melhores no panorama do hóquei nacional, e dentro do que ficara acordado na
aquisição dos dois hoquistas madeirenses, o FC Porto entretanto deslocou-se
também à Madeira, tendo ali vencido o Torneio Quadrangular que assinalou essa
visita festiva.
De tal caravana de amizade ficou essa mesma ida à Pérola do
Atlântico também devidamente anotado no dito arquivo pessoal:
Recorde-se que desta digressão à Madeira já aqui foi
lembrada tal deslocação, com artigo evocativo no ano da passagem de cinquenta
anos dessa primeira ida duma embaixada hoquista do FC Porto à ilha jardim
portuguesa. Como se pode relembrar (clicando) em
Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))
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