Dentro do período comemorativo ainda dos 125 anos do FC
Porto e no âmbito da grandiosidade que o FC Porto tem até por ser um clube
verdadeiro em todos os aspetos, sem necessidade de invenções, é com elevado
apreço clubístico que se pode afirmar mesmo que o FC Porto é verdadeiramente o
clube mais antigo a praticar futebol de alto nível em Portugal.
Ora, como se está então no espaço cronológico dos 125 anos
de vida do FC Porto, temporada em que se esperava que algo de impacto
assinalasse tal época – fosse a prometida ampliação do Museu do FC Porto com a
tal cava do Dragão para albergar tudo o que está guardado em armazém, pois
todos os troféus conquistados têm história também, representam esforço, como
dedicação, mais reconhecimento e quaisquer outros adereços terão
representatividade evidente; fosse um monumento também que simbolize
exteriormente a grandiosidade do clube Dragão, por exemplo; e embora ainda haja
esperança que qualquer coisa fique em imponência visível, sabendo como o
Presidente-Dragão sabe elevar a moral das hostes em momentos certos – é pois
este um tempo de vincar e atestar que o FC Porto tem mesmo 125 anos, agora. Por
mais que custe a alguns adversários o facto do FC Porto ser dos grandes o mais
antigo clube português, e não só, também o mais idoso dos que praticam futebol
a sério.
Para o efeito até nem é preciso ir muito longe (além do que
é do conhecimento geral de constar nas páginas do Diário Ilustrado e do Jornal de
Notícias de 1893), bastando recuar na cronologia do antigo órgão informativo e
historiador do FC Porto, o jornal O Porto. Órgão criado em 1949, tendo existido
desde Maio de 1949 até setembro de 1986 (substituído pela revista Dragões,
entretanto iniciada em Abril de 1985) e que, pelo meio, em 1956 publicou alguns
artigos com provas de que o Futebol Clube do Porto já existia em 1893.
Curiosamente numa época em que entre os redatores principais do jornal O Porto estavam
uns Delfim Pinto da Costa, autor do célebre livro Caravana da Saudade, e
Fernando Sardoeira Pinto, mais tarde histórico Presidente da Assembleia do FC
Porto já do tempo da recolocação histórica.
Pois então, nesse ano de 1956, estando no Brasil o
articulista d’ O Porto que seria transmissor público da novidade, apareceu um
ilustre compatriota diante desse alguém que depois escreveu, então integrado
naturalmente na representação do clube que havia ido ao outro lado do Atlântico.
Tendo na ocasião sido entregue alguma documentação que estava na posse do
referido portista, por sinal um contemporâneo da fundação do FC Porto. Por
dedução aqui do autor destas linhas, isso deve ter acontecido à época da
digressão que a equipa principal de futebol do FC Porto efetuou pela América do
Sul, iniciada no Brasil em Junho de 1956. Referindo-se esta possibilidade por quanto no que se pode ler (pelo menos nos jornais a que tivemos acesso) apenas ser
apontado ter sido no Brasil, ao correr desse ano em que foi depois publicada a
afirmação. Havendo, com efeito, sido «o Brasil o ponto de partida de uma
digressão sul-americana do FC Porto.» (Em que) «no primeiro jogo, os Dragões
goleiam o Fluminense (6-3) e pulverizam o recorde de receitas do bem conhecido
Maracanã: 2.899.258 cruzeiros, 300.000 acima do máximo anterior, curiosamente
num jogo em que participou o Benfica.»
Assim, decorrido bom tempo, saíram no jornal do clube uns
quantos artigos bem escritos a narrar o que aparecera, assim. Entendendo-se que
deve ter havido muita celeuma de prós e contras analisados e discutidos, para
ter demorado ainda esse tempo todo até o tema ter sido levado à publicação no
jornal O Porto, em Novembro seguinte. Passado já quase meio ano. O que, por outro lado, até nem
terá sido demasiado, para os anos que antes e depois levou ao conhecimento
efetivo e ao reconhecimento público e oficial.
Atente-se então nisto – Eis os comprovativos documentais, do
que foi publicado no jornal O Poto, em suas edições de 14 e 28 de Novembro de
1956 (aqui em recortes digitalizados, para facilitar a leitura):
Posto isto, que dizer mais? As provas são muitas. Não há dúvidas. Tal como dizia Pedro Homem de Melo em seu poema Aleluia: - Dúvida? Não. Mas luz, realidade...!
Ora, não se entende, agora à posteriori, como pode ter sido isto, afinal. Saírem tais artigos no jornal do clube e… como é que com tanto material, com tão vincado testemunho vivo, enfim, no clube não tenha sido feito nada para repor a verdade dos factos, nesse tempo. Assim como não se entende que anteriormente tenha havido descrições que oficializaram o ano de 1906, quando a data de 2 de Agosto nem correspondia ao dia de semana que foi avançado. Era escusado as gentes ligadas à refundação terem esquecido que o clube vinha de 1893. Tendo depois, como foi sendo escrito e redito remontar a 1906 (curiosamente, ano que inicialmente não constava nos cartões dos associados, mas apenas foi aposto já com tudo em evolução), e especialmente por entretanto haver livros escritos, faltou coragem e sinceridade para definir historicamente o enquadramento correto.
Ora, não se entende, agora à posteriori, como pode ter sido isto, afinal. Saírem tais artigos no jornal do clube e… como é que com tanto material, com tão vincado testemunho vivo, enfim, no clube não tenha sido feito nada para repor a verdade dos factos, nesse tempo. Assim como não se entende que anteriormente tenha havido descrições que oficializaram o ano de 1906, quando a data de 2 de Agosto nem correspondia ao dia de semana que foi avançado. Era escusado as gentes ligadas à refundação terem esquecido que o clube vinha de 1893. Tendo depois, como foi sendo escrito e redito remontar a 1906 (curiosamente, ano que inicialmente não constava nos cartões dos associados, mas apenas foi aposto já com tudo em evolução), e especialmente por entretanto haver livros escritos, faltou coragem e sinceridade para definir historicamente o enquadramento correto.
Até que houve um grande portista e sobretudo historiador
atento e disciplinado, muito mais tarde, que procurou chamar à razão. Graças à
Fotobiografia do FC Porto, por Rui Guedes, foi finalmente em 1987 dado
conhecimento mais alargado de tal facto, com o impacto que teve no caso desse
livro ter sido lançado aquando da ida à Final de Viena. E finalmente em 1988, à
segunda tentativa, foi reconhecido e aprovado em Assembleia Geral do FC Porto que
a fundação do FC Porto era a que constava na imprensa da época, mais
documentação guardada na Biblioteca Nacional em Lisboa, desde setembro de 1893.
Assim sendo, podemos afirmar e confirmar mesmo que o FC
Porto foi fundado em 1893. Sendo falso mas é que que não possamos proclamar isso,
como certa gente ainda pretende. Aliás fala por tudo e todos o testemunho em
boa hora transmitido por esse bendito Kendall, através de seu testemunho em
1956. Sem menosprezar evidentemente o que foi escrito nas histórias dedicadas
ao clube, sabendo-se da dificuldade dos pioneiros em desbravarem terreno. Pois,
apesar da distância referente a 1893, ainda no século XIX, se não fosse os
diversos volumes escritos e publicados de Rodrigues Teles, quer o primeiro de
1933 como os seguintes de 1955, não haveria hoje tanta informação e sobretudo
fotografias e documentação dos primeiros anos e seguintes do século XX.
Naturalmente para a incúria verificada anos a fio, como
acontece quantas vezes ao longo dos séculos, contribuiu por certo algo de diversas ocorrências. Quão pode ter acontecido mesmo depois. Como com as sucessivas mudanças de instalações, desde sedes
sociais, arquivos, até campos e estádios do clube, falando-se em testemunhos de boca
sobre diversos acasos.
Em suma, com tão importante testemunho direto por base, de
Alfredo Kendall, e divulgação dum redator do jornal O Porto de 1956, fica aqui,
assim, algo mais. Para que não aconteça como ainda vai sucedendo, quando em cada
sócio conhecedor que morre podem morrer histórias destas. Valendo a pena sempre
haver quem tente manter a história deste clube intacta e imorredoura.
O FC Porto tem 125 anos. Conta que está ainda a comemorar
desde setembro de 2018, para proximamente em setembro deste ano de 2019 passar
a ter 126. E por aí adiante, no decorrer dos tempos. A vencer desde 1893!
Armando Pinto
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