Há momentos inesquecíveis que por mais tempo que passe não
passam da memória, jamais saem das lembranças mais felizes, permanecendo pelos
tempos adiante. Como, entre tantos e bons momentos de alegrias portistas, felizmente
vividas, está o célebre golo que deu o empate mais saboroso da história, aquele
empate que impediu uma derrota que seria frustrante e sobretudo injusta. Quando,
depois de um autogolo que colocou o FC Porto a perder no jogo que não podia
perder, em tempo de decisões do campeonato Nacional de futebol de 1977/1978, chegou
finalmente um golo do Porto, o golo que deu o empate, chegado quase no fim do
jogo, já. O seu autor foi Ademir, o herói que repôs a justiça, quando o FC
Porto passara quase todo o tempo à procura de marcar um golo e o adversário,
toda a gente da equipa do Benfica, se remetera à defesa, fechando espaços diante da baliza. Até que, quase com todo o estádio em desespero, surgiu enfim
esse remate que levou a bola a beijar as redes, pelo lado de dentro.
Pois, passados tantos anos, depois dessa inesquecível tarde
de 1978, Ademir, o marcador do golo do título de 1978, foi o grande
entrevistado do Porto Canal. Tendo sido entrevistado por Rui Cerqueira, no seu
programa “Universo Porto Entrevista. Cuja conversa foi para o ar em primeira
visão pública no sábado dia 20 de julho de 2019 e depois disso já revimos
diversas vezes, em gravações dos diversos modos possíveis. E quem não viu
poderá ainda ver e também rever, pois as entrevistas do Porto Canal têm
emissões de repetições ao longo de algum tempo, pelo menos, bastando haver
atenção à programação, além das gravações possíveis.
O slogan que deu para recordar isso referiu, em apresentação,
tratar-se de “um golo e um avançado
inesquecíveis” E foi. Tendo toda essa carga envolvente estado com Ademir no
Porto Canal.
Foi um sofrimento grande todo o decorrer desse jogo, com
todo o mundo portista a vibrar e quase por fim começar a descrer. Tal como o
autor destas linhas sentiu. Sim, porque também estive ali, eu estava lá.
Havendo o dia começado em tons alegres, num autêntico
ambiente de romaria em redor do estádio, perante tendas e barraquinhas de
vendas de cachecóis e bandeiras, mais estendais de revistas e jornais, assim
como adereços diversos. Não chegando a meia missa o material que se vendia
também no guichet do clube, sito por trás das bilheteiras, com galhardetes e
flâmulas. Passando pela atmosfera familiar, vendo-se famílias inteiras e amigos
a comerem seus farnéis, como era uso nesse tempo comer os
merendeiros levados de casa, em jeito de piquenique, fazendo refeições
partilhadas com o pessoal sentado à volta de toalha onde havia de tudo o que o
povo gosta. Até que, com o estômago saciado, se ter entrado ainda cedo para as
bancadas, que o estádio depressa encheu e ficou a abarrotar… para depois ter-se ficado a arrotar perante as ocorrências.
Decorrido o jogo, estava quase a acabar, faltando qualquer
pouca coisa como uns sete minutos, quando, eis que finalmente o estádio explodiu, e
toda a gente saltou e gritou em uníssono: - Golo do Porto!
“Adémir vai levantar para o outro lado, seria para o Simões…
corte… para Ademir… rematou… É golo!!! Que
felicidade… Ademir restabelece a
igualdade! É golo… o meu time é a alegria da cidade. Ademir, Ademir o herói da
partida!” – Assim relatou e deu música o Gomes Amaro na rádio, em pleno relato
do tradicional programa radiofónico Quadrante Norte de Ilídio Inácio, dos
Emissores do Norte Reunidos.
Estava uma tarde quente, sufocante. E a garganta já cansada,
de gritar e algo seca pelos cigarros fumados. Era o tempo em que eu fumava
cigarros da marca Porto, que o Porto estava em tudo connosco. E sem nos
podermos mexer do sítio, com tudo apinhado por quanto era espaço.
Ainda parece que ainda sentimos isso… como tudo aquilo mexeu e
ainda mexe. Leva mais tempo e custa mais a descrever do que o que instantaneamente
os olhos viram e não interessou descrever, então, mas sim sentir, como
sentimos.
Esse dia foi dia de comprar muitas recordações, pois eram
tempos em que se vendia muito material alusivo ao FC Porto em modo popular. E
depois essa campanha ficou registada em livros e discos, como temos grande
prazer em ter e guardar.
Ficou célebre uma canção com os nomes de todos os Campeões e
proliferaram fotos grandes em calendários de parede e posters, entre muitíssima
coisa de variados géneros, de grande apreço memorial.
Pois agora tudo isso voltou à memória, de olhos e outros sentidos,
diante do ecrã com as imagens do Porto Canal. Perante o modo de Rui Cerqueira conseguir
puxar pelo entrevistado.
Recordando tudo o que se passou antes e depois. Desde que
veio para o FC Porto “com a maior fé no meu futebol".
Recordamo-nos de quando ele veio para o FC Porto e o vimos
chegar às Antas para o jogo de apresentação do plantel. Tendo nessa altura
vindo também Dinis, que o FC Porto conseguira ir buscar ao Sporting esse que
era autêntico ídolo de Alvalade.
Estando o FC Porto ao tempo com outros bons valores, como Cubillas, Oliveira, Gomes, com tais reforços adveio uma aura de grande
esperança. Tendo contudo os resultados não sido ao nível das expetativas e
mesmo Ademir só conseguiu assegurar um lugar no onze principal anos depois, na
época que afinal seria a sua última com o emblema do Porto.
Na entrevista em apreço, «Ademir, jogador do FC Porto de
1975 a 1978, afirma que quando veio para a equipa azul e branca acreditava no
seu futebol e veio com o intuito de "trabalhar para ser titular",
mesmo sabendo que teria companheiros à altura. Conta que "a adaptação foi
boa" e "o acolhimento maravilhoso", agradecendo ainda ao FC
Porto toda a experiência portista que viveu.»
Ademir Vieira nasceu no dia 21 de Outubro de 1951 em Santo André, Estado de São
Paulo, Brasil. Tendo na sua terra natal começado a jogar futebol de nível
competitivo já espigadote. Havendo-se estreado a nível profissional no Esporte
Clube Santo André, com uma rápida ascensão, até que foi contratado pelo S.C.
Olhanense, vindo para Portugal no início da época de 1972/73. Depois, em
resultado de seu bom desempenho, tendo dado nas vistas, em 1975/76
transferiu-se para o Futebol Clube do Porto.
A estreia oficial com a camisola do FC Porto decorreu
durante o Torneio Início da Associação de Futebol do Porto, no último fim de
semana de Agosto de 1975, em jogo diante do Vilanovense, com vitória portista
por 7-0. Tendo aí Ademir entrado a substituir Cubillas, aos 59 minutos de jogo. Depois
a estreia em jogos da Federação Portuguesa de Futebol, ainda como suplente utilizado, aconteceu no jogo inaugural
do Campeonato Nacional seguinte, a 7 de Setembro de 1975 no Estádio das Antas,
quando os portistas receberam e venceram o União de Tomar por 6-1, à 1ª jornada
do Campeonato Nacional de 1975/76.
Teve entretanto algum tempo de espera, devido a ter diante de si
valores com tarimba, e foi depois da saída de Cubillas que começou a aparecer mais
na equipa principal do FC Porto. E já na temporada de 1976/77 conquistou a Taça
de Portugal, tendo sido titular durante alguns jogos das eliminatórias e
suplente na final – em que o F.C. Porto venceu o S.C. Braga por 1-0. Ademir
apesar de não ter sido utilizado nesse jogo, participou em 4 partidas e marcou
2 golos na caminhada que levou os portistas até ao encontro da festa do futebol,
nesse ano realizado no estádio das Antas, com o então Primeiro-ministro Mário
Soares a honrar a ocasião com a entrega do troféu ao capitão Oliveira.
Na época seguinte, já com lugar na equipa principal, após
Pedroto o ter colocado em funções de levar mais a bola do meio campo da frente,
ganhou novo estatuto. Sendo assim que na época de 1977/78 «Ademir entrou na
história dos Dragões e nunca mais saiu da memória de todos os portistas que o
viram vestido de azul e branco. Nessa temporada o F.C. Porto sagrou-se Campeão
Nacional e foi Ademir o autor do golo que fez as bancadas do Estádio das Antas
explodirem de alegria quando apontou o golo que empatou o jogo aos 83 minutos
contra o S.L. Benfica na antepenúltima jornada do campeonato e que valeu o
Título Nacional, que foi confirmado 15 dias mais tarde.
No decorrer dessa época o Boavista conseguiu levá-lo a
assinar um pré-acordo, motivo porque no final da mesma temporada em que
se sagrou Campeão Nacional, Ademir deixou o F.C. Porto. Mas em última jogada,
os responsáveis do FC Porto conseguiram que houvesse entrada na corrida do Celta
de Vigo, acabando o brasileiro Ademir por rumar à Galiza, sem ter jogado no Boavista.
Havia representado os portistas durante 3 temporadas, mas só
se conseguiu impor na última. Entretanto, conquistou 2 Títulos nacionais, um
Campeonato e uma Taça de Portugal, enquanto disputou 68 partidas oficiais e marcou 26
golos. Além dos títulos e golos que não aparecem nas estatísticas conhecidas,
como foram as Taças do Torneio Início da A. F. Porto.
Após ter estado em Espanha em representação do Celta de
Vigo durante cinco épocas, em 1983/84 regressou a Portugal e ao Olhanense.
Depois ainda passou pelo Louletano e terminou a carreira no Imortal, em 1987.
Pois sim, entre isso tudo, ressalta que foi o jogador que
pôs fim à travessia dos 19 anos do FC Porto sem o título de campeão, ao ter
marcado o golo do empate, 1-1. frente ao Benfica, cujo desfecho permitiu ao F.C. Porto
continuar à frente do campeonato e depois sagrar-se campeão. O herói disso foi o homem que agora vimos e ouvimos, já com a fisionomia da passagem dos anos, mas
sempre com o seu semblante de pessoa de quem ficamos sempre a gostar. Como foi
mais uma vez possível vislumbrar em mais uma das entrevistas sempre bem
conseguidas por Rui Cerqueira, a vincar a memória portista de sempre.
Desta vez com espaço final algo apoteótico, tendo apresentado o guarda-redes Fidalgo, entrado na conversa em tom de recordação, sentando-se ali ao lado o guarda-redes benfiquista que sofreu aquele tal golo de nosso grande consolo e desconsolo encarnado.
Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))
Obrigado, Armando por esta excelente postagem que me permitiu recordar esse grande momento que foio o golo do Ademir. Eu também vi entrevista do Rui Cerqueira ao Ademir e simplesmente adorei. Eu fui daqueles que sofreram com a travessia dos 19 anos de jejum do nosso clube e que sabe dar o valor e sopesar devidamente todas as grandes conquistas do F. C. do Porto. Se há um moneto charneira na vida do F. C. do Porto, o golo do Ademir é esse momento. Simplesmente épico e prenunciador de todas as conquistas que têm vindo a acontecer e que hão-de continuar, se Deus quiser.
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