Já neste blogue, há anos, foi feita um incursão pela biografia desportiva de Cristiano, o maior hoquista de sempre do FC Porto, além de diversos artigos pontuais sobre aspetos e carreira. Mas algo mais e tudo o que apareça não será demasido.
Assim apraz registar que também na página ZeroZero consta uma narrativa a memorizar sua figura, numa crónica que vindo de fora do ambiente portista mais é de apreciar e anotar (embora nesse currículo, como em fotos com dados oficiais, apareça apenas as internacionalizações e os títulos de hoquista sénior, pois Cristiano foi também Internacional Junior em 1968, 69 e 70 e Campeão Europeu na Seleção Nacional de Junioes em 1969 e 1970).
NOTA: Algumas das fotos aqui colocadas são do arquivo do autor (pois as
originais do artigo da página zerozero. pt alteraravam a formatação).
HISTÓRIA
JOGADORES
Cristiano Pereira: o Bastião da Invicta
A multidisciplinaridade podia ter feito de Cristiano Pereira um desportista de qualquer modalidade, mas escolheu o hóquei em patins, porque num certo dia de 1958, quando o FC Porto se preparava para conquistar o primeiro título regional da modalidade frente à Académica de Espinho, o pai, depois de o ter levado ao rinque dos dragões, o foi deixar em casa. Estava demasiado cheio para um jovem de sete anos. Ali nasceu a vontade de não ver o jogo de fora.
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Nascido e criado no Porto, Cristiano Pereira vivia ao lado
daquilo que um dia chamou a «Academia da Constituição». Não era apenas um
espaço, aquilo era o espaço do desporto: futebol, hóquei em campo, andebol de
11, voleibol, basquetebol, hóquei em patins, entre muitos outros.
Experimentou grande parte dos desportos, foi contemporâneo
de Fernando Gomes, presidente da FPF, no espaço. Cristiano seguiu para o hóquei
em patins. Lá em casa, todos gostavam (pai, mãe e irmão) e como tal a decisão
foi simples.
Crescer perto com o sonho longe
Cristiano Pereira ouvia o corropio desportivo ao lado de
casa desde o nascimento, mas naquele tempo não havia desporto para ‘catraios’ e
só com 13 anos é que pôde jogar alguma coisa de forma oficial.
Não havia infantis, iniciados ou juvenis, apenas juniores e
logo depois os seniores. Cristiano, simplesmente Cristiano, arrancou com 13
anos nos juniores e ainda antes de fazer 16 anos já estava na equipa sénior
portista.
Alto,
esguio, rápido, com capacidade goleadora acima da média, Cristiano era
diferente dos demais, mas jogar na cidade do Porto era um desafio constante. O
Benfica primeiro e o Sporting depois dominavam a modalidade no que a títulos
diz respeito e por uma mão cheia de vezes foi vice-campeão.
A primeira viragem de títulos surgiu quando, em 1969,
conseguiu vencer o campeonato metropolitano, a prova nacional que juntava
Portugal e as nações ultramarinas, como Angola e Moçambique.
Único na seleção
O sinal da diferença de Cristiano para grande parte dos
outros jogadores foi público no início dos anos 70. A seleção nacional passou a
ser uma realidade. Torcato Ferreira, selecionador nacional viu nele o homem
certo para atacar as balizas adversárias e durante anos foi o único jogador a
‘furar’ convocatórias onde Benfica e Sporting preenchiam quase na totalidade.
Venceu dois mundiais e quatro europeus nesse período e
esteve num jogos de maior impacto, no que a seleções diz respeito: Mundial de
82, que Portugal venceu em Barcelos, na primeira fase de grupos, quando a
seleção nacional goleou a Guatemala por 29x0.
O estatuto de ‘estrela’ fez de Cristiano um dos avançados
mais desejados do hóquei em patins europeu. Jogou em Itália, no ASD Viareggio,
e em Espanha, na Corunha, no Liceo. Regressou a Portugal pela porta do Benfica,
mas não perdeu a oportunidade de terminar a carreira na casa partida, o FC
Porto, e com dois títulos de campeão nacional, numa altura em que os dragões
começavam o ‘reinado’ de Jorge Nuno Pinto da Costa e os títulos que se seguiram
a partir daí.
Patins travados e um treinador campeão
Cristiano Pereira nem necessitou de ter um ‘período de nojo’
para atacar a carreira de treinador. Deixou uma e abraçou logo a outra. Em
1985/86, ficou do lado de fora, a ver os amigos dentro da pista, aqueles de
quem tinha sido colega de equipa. E fê-lo à grande. Essa foi a maior temporada
de títulos de uma só equipa em Portugal. Ganhou tudo: campeonato, taça,
supertaça, Taça dos Campeões Europeus, a primeira do FC Porto, e por fim a
supertaça europeia.
A prova
europeia é relatada como sendo algo estoico. Em Novara, Itália, e com um
ambiente completamente adverso, os dragões levavam uma vantagem da primeira-mão
de dois golos e o jogo não chegou ao fim. O Novara, potência da modalidade na
altura, não conseguiu inverter o resultado e os adeptos invadiram o terreno de
jogo a quatro minutos do fim. O árbitro deu o jogo como terminado e foi no
balneário que os dragões receberam a taça.
Ganhou no FC Porto e continuou a ganhar quando saiu das
Antas. Em Barcelos, voltou a sentir-se ‘midas’ ao dar aos minhotos mais um
título europeu.
Um Portugal imparável
A olimpo da fama era intocável para Cristiano. Continuou a
ganhar nos dragões, até que a seleção nacional chamou por ele. O desafio era
enorme: Ser Campeão do Mundo em casa.
O cenário era o melhor de sempre: FC Porto e OC Barcelos
tinham sido os últimos campeões europeus, o Benfica tinha ganho a Taça CERS.
Portugal tinha os melhores jogadores do Mundo. No emblemático Palácio de
Cristal, na cidade do Porto, Portugal venceu de forma implacável. Melhor
ataque, melhor defesa e uma festa imensa.
Não havia dúvidas da forma de trabalhar e abordar o jogo.
Cristiano Pereira conseguia tirar dos jogadores o melhor de cada e os elogios
eram dos próprios jogadores.
Depois de ter estado, e ter ganho novamente no FC Porto,
voltou à seleção nacional e voltou a ganhar em casa. O Europeu de 1998 foi
durante anos o último conquistado por Portugal e foi Cristiano Pereira um dos
obreiros da conquista.
Sair a ganhar
Voltou ao FC Porto após a morte de António Livramento, numa
altura em que a modalidade começaava a ganhar outro crescimento físico. Mas até
aí Cristiano se soube adaptar. Os dragões já estavam num outro patamar
organizacional, os jogadores tinham outra carga de treino e a forma de olhar
para a modalidade passou a ser outra.
Mesmo assim, conseguiu ganhar e apenas os problemas de saúde
o obrigaram a parar. Apareceu anos mais tarde na seleção italiana, num projeto
menos intenso, mas nessa altura o hóquei italiano já tinha sido ultrapassado
por todos os outros.
É presença assídua em vários pavilhões. Gosta de andar pelo
Infante Sagres a observar os mais novos que podem aparecer na modalidade.
Talvez um dia possa descobrir algum novo Cristiano...
Segundo mensagens de amigos leitores, a versão de computador e a de telemóvel não aparecem iguais, no tamanho deste artigo, pois no telemóvel parece que falta texto (segundo me dizem, pois nisto da blogosfera só uso computador, não costumo ir ao telemóvel). Eu sabia que a apresentação era tipo mais compacta, mas não sabia que havia essas lacunas. Fica o aviso.
ResponderEliminarAP