Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Lembrando Custódio Pinto – o Cabecinha de Diamante do FC Porto nos anos 60 e Capitão da Taça de 1968!

 

A 9 de fevereiro de 1942 nasceu Custódio João Pinto, futebolista que do Montijo rumou ao Norte do país e depressa se tornou iconizado como o “Pinto do Porto”. O Custódio Pinto que na data desta lembrança completaria 79 anos.

Chegou ao FC Porto em 1961/62 e rapidamente impôs o seu génio com os 14 golos que marcou em 29 jogos, logo na época inicial. Manteve-se no grande clube das Antas até 1970/71, vivendo momento alto na final da Taça de 1967/68 quando, sendo capitão, subiu à tribuna do Estádio do Jamor para receber e levantar o troféu após o triunfo sobre o Setúbal (2-1), em momento épico que mexeu com tantos sentimentos até ali abafados durante anos pelo sistema reinol do regime nacional.

Nascido a sul, no Montijo, foi no clube da sua terra natal, o CD Montijo, que deu os primeiros passos como futebolista antes de se mudar para o FC Porto em 1961. Estreou-se de azul e branco no dia 29 de Outubro de 1961, no Estádio das Antas, numa vitória por 1-0 sobre o vizinho Salgueiros em partida a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

Custódio Pinto, mais conhecido apenas por Pinto quando ingressou e durante os primeiros anos no FC Porto, chegou às Antas como avançado, tendo ficado famosa a dupla formada com o brasileiro Azumir nos primeiros tempos. Depois foi-se tornando mais um jogador polivalente a evoluir e ocupar espaços de todo o campo, de modo que mesmo como médio era ainda um dos melhores goleadores.  Sendo um organizador de jogo primoroso com enorme inteligência técnica e tática. Formou uma dupla dinâmica e demolidora no meio campo com Pavão e foi durante vários anos capitão da equipa principal de futebol do FC Porto.

Nas dez temporadas em que vestiu de azul e branco, num tempo de menor realização de jogos de competições oficiais, Pinto disputou 326 jogos e marcou 105 golos (9 dos quais em provas europeias), ocupando um lugar no top 15 dos jogadores mais utilizados pelo FC Porto.

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O FC Porto é no século XXI o clube português com melhor historial nas provas europeias de futebol, possuindo o melhor palmarés desde que ainda no século XX começou a somar títulos e a ganhar prestígio, posicionando-se presentemente como um dos grandes, com mais presenças na Liga dos Campeões, além de entre portugueses ter mais títulos a nível europeu e mundial.

= Pinto já na equipa principal do FC Porto, nos seus primeiros tempos de azul e branco.  Em cima, a partir da esquerda: Américo, Arcanjo, Paula, Festa,  Ívan e Virgílio; em baixo, pela mesma ordem: Carlos Duarte, Pinto, Serafim, Perdigão e Jaime.

Antes ainda do FC Porto ser também o único clube português vencedor da Supertaça Europeia e da Taça Intercontinental, na anterior versão do Mundial de Clubes que o FC Porto venceu por duas vezes, anteriormente a isso, recordamos, enquanto o clube azul e branco foi conseguindo apenas alguns bons momentos nas participações em provas europeias de antanho, alguns elementos do clube foram tendo salientes prestações, como foi o caso de Custódio Pinto, alguém que enquanto jogou pelo FC Porto era detentor da melhor soma de golos do FC Porto no plano internacional.     

Custódio Pinto, apelidado de “ Cabecinha de Ouro”, como “de Diamante”, pelo seu bom jogo de cabeça, era um futebolista que durante os jogos corria pelo campo todo, tendo ficado na memória portista também como o “Capitão” que levantou a Taça de 1968 para o F. C. Porto. Normalmente conhecido por “Pinto do Porto”, como mais popularmente era chamado, até para o distinguir ao tempo de seu irmão (Manuel Pinto) que jogava a defesa do Guimarães, passou depois a ser também referido por Custódio Pinto, quando já em finais dos anos sessentas teve o irmão a seu lado pela seleção nacional.

= Custódio Pinto em foto "à civil", autografada, e com a camisola da Seleção A portuguesa

Ilustrando a afirmação, de ser considerado "Cabecinha", foi de um desses epítetos elogiosos uma coluna jornalística do ano de 1968, que respigamos como exemplo, por meio dum recorte d’ “O Porto”.


Esse Pinto, de nome completo Custódio João Pinto, foi então um valor de alto coturno dentro da mística Portista de outrora, na sensibilidade clubista há umas décadas recuadas, quando chegou a ser recordista de golos em competições oficiais das provas europeias. Pois, aquele antigo ariete do F. C. Porto, mantendo-se ainda na lista dos melhores goleadores ao longo da História do F C Porto, também teve um recorde de golos ao nível internacional, num tempo em que o clube acabava por disputar menos jogos em pugnas europeias.


Efetivamente, até há alguns anos atrás, Custódio Pinto foi recordista de golos marcados pelo F. C. Porto nas competições da UEFA, como se pode ver em caixa incluída no Palmarés Internacional do FCP até aos finais dos anos setentas - conforme publicação no primeiro dos dois pequenos livros intitulados “A Vida do Grande Clube Nortenho” (escrito por Luís César, através de edição publicada em 1978 pelas “Selecções Desportivas”).


Entretanto Custódio Pinto ficara ligado à saga dos Magriços, como um dos representantes do F. C. Porto na campanha do Mundial de 1966 disputado na velha Albion, junto com Américo e Alberto Festa, embora sem ter jogado na fase final (por na altura o FC Porto também não ter nos órgãos federativos quem defendesse os interesses do clube e olhasse pelos seus elementos, como acontecia com os outros nesses tempos do sistema BSB, com os presidentes da Federação a serem, em mandatos à vez, só do Benfica, Sporting e Belenenses)…


Com a mão na massa de exaltação da representatividade do Pinto na ambiência Portista, não se pode deixar escapar qualquer ensejo de recordar bem o feito maior desse tempo, a conquista que mais encheu de júbilo a nação Portista, como foi a Taça de Portugal conseguida em Junho de 1968. Na qual Custódio Pinto esteve de corpo e alma, tal como mostra a histórica fotografia do levantar da taça em plena tribuna de honra do Jamor, perante o feliz orgulho do Presidente Pinto de Magalhães.


Custódio João Pinto, como era seu nome completo, veio do sul e arreigou-se ao Porto. Nascido a 9 de Fevereiro de 1942, no Montijo, começou a jogar futebol no clube de sua terra, C.D. Montijo, até que em 1961/62 foi contratado pelo Futebol Clube do Porto e logo se revelou um bom avançado, tendo dividido os golos da equipa principal com o goleador brasileiro Azumir, colega que na época foi o melhor marcador do campeonato nacional. Depois teve uma carreira distinta que o levou a ser considerado das melhores referências do clube. Tendo entretanto vestido a camisola azul e brancas durante dez temporadas, entre 1961/62 a 1970/71. Pelo FC Porto venceu por 5 vezes a Taça Associação de Futebol do Porto (em 1961/62, 1962/63, 1963/64, 1964/65 e 1965/66) e a Taça de Portugal de 1967/68. Havendo, apesar de tudo, jogado 13 vezes pela Seleção A de Portugal, além de uma anterior pela seleção de Promessas e algumas outras pela seleção B, como também pela seleção Militar.


De permeio esteve algumas vezes perto de ajudar o clube a vencer o campeonato, coisa impossível nesse tempo da travessia da ponte mais roubos de igreja do sistema das arbitragens a mando BSB… Algo porém que em 1968/69 esteve mesmo muito perto de ser alcançado, como o autor recordará para sempre, enquanto jovem adepto ainda sem conhecer o título nacional, que se escaparia então pelo caso de Pedroto versus Custódio Pinto, Américo Lopes, Eduardo Gomes e Alberto Teixeira.


Até que, em 1971, antes do início da época de 1971/72, por decisão do treinador desse tempo, António Teixeira, o “Pinto do Porto” foi dispensado do plantel portista. Então Custódio Pinto rumou ao Vitória de Guimarães, onde passou a jogar mais com o irmão e teve ainda ensejo de ser dos melhores expoentes do clube vimaranense e mesmo dos maiores referenciais do campeonato português. Pondo por fim final à carreira de futebolista no fim da temporada de 1974/75.


Durante a sua permanência no FC Porto, onde era um autêntico símbolo, entre diversos factos esteve presente na noite da primeira vitória oficial do FC Porto em provas europeias, quando a 16 de Setembro de 1964 brilhou com dois golos e uma exibição de luxo na partida em que o F.C. Porto venceu o Olimpique de Lyon por 3-0, então para a Taça dos Vencedores das Taças (mais tarde extinta e com direitos de participação dos respetivos vencedores das taças, na Taça UEFA, atual Liga Europa).


Mais tarde pôde regressar ao FC Porto, numa justa reabilitação clubista, havendo integrado os quadros técnicos portistas. Foi então mesmo campeão nacional,  como treinador principal dos juniores do FC Porto.

Faleceu a 21 de Outubro de 2004.

= Plantel de Juniores do FC Porto da Época 1986/87. Em cima, da esq. p/ dta: Joaquim Carvalho, Vítor Baía, Oliveira, Fernando Couto, Zé Nuno Azevedo, Best, Zé Luis, Sérgio, Lai, Telmo Lopes e Custódio Pinto (Treinador). Em baixo pela mesma ordem: Fernando, Jorge Couto, João Paulo Tomás, Tozé Santos, Cabral, Domingos Paciência, Carlos Secretário e Zé Nando.

Merecedor de figurar em lugar de realce na História do FC Porto, Custódio Pinto justifica exaltação como nome importante do clube e do futebol nacional, conforme em apoteose recordamos com uma imagem de quadro pessoal, mais a sua ficha da galeria dos Internacionais do FC Porto (em trabalho histórico-literário de Rodrigues Teles, em 1968).  

Armando Pinto

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