Há muito, muito tempo… Corriam tempos dos inícios da década dos anos trinta, do século XX… Ainda com o ambiente natalício misturado e a vida futebolística do burgo portuense a voltar à azáfama da paixão clubista, sendo como já era o FC Porto o principal baluarte da Invicta, em dezembro de 1933 era surpreendida a voz popular com a chegada ao clube azul e branco duma proposta entusiasmante oriunda da Cidade Maravilhosa do Brasil. Estrela maior do FC Porto à época, Artur de Sousa “Pinga” era presenteado pelo clube carioca Vasco da Gama com uma proposta de contrato de sonho – obviamente em números atualmente irreconhecíveis, mas que em dinheiro da época seriam agora de largos milhões. Chegou a ser noticiado que Pinga viajara entretanto já para o outro lado do Atlântico. Chegando a ir até Lisboa, para rumar ao possível novo destino. Contudo no Porto houve logo movimento tendente a salvaguardar a posse de tal joia e, depois de peripécias várias de procuras e investigações, Pinga acabou por ser convencido a ficar. E… Apaixonado pelo clube e pela região que o adotou, o madeirense rejeitou por fim a oferta e ficou mesmo onde permaneceu para sempre.
Esse episódio foi narrado em livro biográfico escrito pelo
jornalista José Parreira, do qual o jornal O Porto em tempos fez uma recolha publicada
em fascículos, conforme se relembra por recorte guardado pelo autor destas
lembranças.
Pinga, que chegara ao FC Porto três anos antes também em dezembro,
no dia 23, e se estreara no FC Porto com a camisola azul e branca dois dias
depois, mais precisamente no dia de Natal de 1930, teve assim uma atribulada
passagem do Natal para o Ano Novo em 1933, mas continuou a ser o grande símbolo
do futebol portista.
Depois disso e pelo tempo adiante, Pinga manteve-se fiel ao
azul e branco por mais umas boas temporadas. Com exceção de em 1938 ter chegado a decidir regressar ao Funchal, sentindo-se injustiçado no ordenado, comparativamente com o que outros já ganhavam, mas acabou por ser intercetado ainda no Porto. E continuou na Capital do Norte, até atingir os 400 jogos e 394 golos com
a camisola portista. Ficando no íntimo afetivo do grande clube dragão, a pontos
de durante anos o trofeu de reconhecimento clubístico aos atletas do clube ter tido
o seu nome, o Trofeu Pinga, mais tarde substituído pelo Dragão de Ouro, o atual instituído
já na presidência de Pinto da Costa quando Alexandre Magalhães, então
Vice-presidente da Direção, era Presidente do Conselho Cultural do clube
portista.
Armando Pinto
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