Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Quando o FC Porto começou a vencer um dos poucos Campeonatos Nacionais que conseguiu durante a ditadura do Estado Novo Salazarista… após irradiação federativa no 1.º de dezembro de 1955 ao presidente portista Bonito e seguinte luta contra o poder reinol…

O primeiro de dezembro é uma data marcante. Além de em 1954 a equipa de futebol principal do FC Porto ter vencido o Benfica por 3-1 no jogo de inauguração do antigo estádio da Luz.  Pois foi ainda nessa data, noutro ano, a mesma que os históricos “Conjurados” conseguiram em 1640 acabar com a União Ibérica Filipina e devolver a Independência a Portugal, que em 1955 a Federação Portuguesa de Futebol irradiou o presidente do FC Porto Dr. Cesário Bonito por críticas à entidade federativa. Corria o ano de 1955 e a FPF acabava de adiar, com horas de antecedência, um clássico contra o Sporting sob o argumento de que o jogador Travassos, um dos violinos de Alvalade, havia ficado retido pelo nevoeiro em Espanha após representar uma seleção de jogadores lisboetas em Madrid. Cesário Bonito insurgiu-se contra a decisão, enviou um telegrama de protesto para a capital e fez jus à frase “tudo o que fazemos, tudo o que pensamos fazer, tem uma exclusiva finalidade: servir o FC Porto!” que o celebrizou. Acabou irradiado pela tutela depois de ter tido um papel determinante na construção do Estádio das Antas e em vésperas da primeira "dobradinha" da história do clube (Campeonato e Taça de Portugal que, volvidos meses, o FC Porto conquistou em 1956).

Ora, o clube, através de seus homens, sentiu o baque de tudo isso nos finais de 1955. E, apesar do tempo que se vivia, foi havendo tentativas de fazer alguma coisa. Sabendo-se que o regime político-desportivo tentou impedir algo mais, a ponto de no jornal O Porto, em sua edição imediata, não ter aparecido escrito qualquer referência, naturalmente por reprovação governamental, estando o jornal sujeito, pois era “Visado pela Comissão de Censura” do governo da nação. Mas depois, perante a catadupa de acontecimentos, os sócios do FC Porto manifestaram-se de outro modo, em Assembleia Geral, como pôde assim já constar na edição de 28 de dezembro d’ O Porto desse final do ano de 1955.


De permeio e mesmo depois, na evolução dos acontecimentos e diante da posição que o FC Porto conseguiu afirmar, houve mesmo uma espécie de conjuntura episódica de circunstância, que não se pode esquecer. Quão se pode recordar, sendo tema que convém avivar – como foi entretanto também relembrado em análise historicista muito bem desenvolvida recentemente na revista Dragões, de junho de 2020, através dum bom trabalho de Diogo Faria, do Departamento de Comunicação do FC Porto.

E no fim de contas, quanto ao que acabou por contar, no jogo disputado em campo, o FC Porto conseguiu vencer o Sporting por 3-1, disputado depois a 1 de janeiro seguinte, na mudança de ano dessa época futebolística de 1955/1956. Tendo assim amealhado pontos que foram decisivos para no final do Campeonato Nacional o FC Porto ser Campeão, como foi.

Armando Pinto

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