Como muito bem é lembrado esta quarta-feira, 18 de novembro
de 2020, na newsletter portista “Dragões Diário”: «Neste dia, em 1962, o FC
Porto entrava no Estádio da Luz para defrontar uma das melhores equipas da
história do Benfica, mas o que ficou para a história foi o resultado final: 2-1
para os Dragões, com o único estrangeiro em campo a brilhar mais do que todos
os outros. O brasileiro Azumir marcou um golo em cada parte e foi a grande
figura de um triunfo hercúleo do FC Porto, pois nunca é demais relembrar que,
durante os 48 anos de salazarismo, só em quatro ocasiões foi permitido aos
azuis e brancos saírem vitoriosos do Estádio da Luz em jogos a contar para o
campeonato.»
Esta lembrança, na calha de tal efeméride de boa memória,
traz à recordação pessoal este jogo acontecido em tempo de 2ª classe da escola
primária do autor deste blogue. Pois, não mais esquece, embora já houvesse boa
escola de portismo embrionário através do que eu ia conseguindo imprimir em
quem gostava de brincar comigo, havia um ou outro colega do contra, dos poucos que não
sabiam que o jogo da bola não era jogado com chancas e iam pelo paleio de
outros… E assim, ao chegar o último dia da semana antecedente a esse jogo, houve
apostas de quem ganhava e quem iria perder, metendo na questão aposta de “macacos” dos que saíam com
rebuçados, como chamávamos nesse tempo por aqui aos cromos para as coleções de cadernetas
de jogadores, cujas pequenas gravuras de papel ficavam empenhadas, desse modo, para
entrega a quem ganhasse (e assim os vencedores teriam mais alguns para ajudar a
completar a coleção).
Ora, ao tempo e não só, conforme se sabe, só não valia tirar olhos para o Benfica ganhar, e assim pairava quase certeza que o Porto perderia. Mas eu é que não ia nisso, gostei sempre de pensar pela minha cabeça. E com que prazer, então, no final da tarde de domingo, eu soube que o Porto venceu em Lisboa!
Pelos comentários do relato tadiofónico, mas duma emissora do Porto (penso que do "Norte Reunidos), soube que o Azumir foi aí o homem-golo, a concretizar à sua maneira jogadas em que intervieram Jaime, Hernâni, Serafim e Pinto...tal como Américo fez uma portentosa exibição.
Falou-se na altura que o árbitro desse jogo não era muito
conhecido, não tendo tido interferências demasiadas como tantos outros de outras vezes – e por alguma coisa não foi dos de longa carreira…
Pois então, com que ansiedade e prazer na segunda-feira imediata
acordei cedo e fui todo feliz para a escola (coisa rara, em que nunca se sabia quando
se ia ao quadro, etc. e tal…)!
Desse jogo, sendo eu nesse tempo pequeno aluno ainda a
aprender a escrever e contar, não tenho nada guardado, a não ser a inesquecível
boa sensação tida em tal boa ocasião. Mas como isto merece ser lembrado,
deitando olhos ao que ainda há registado, recordamos o acontecimento com
algumas imagens públicas, da equipa que alinhou, e os dados do mesmo jogo.
A 18 – 11 – 1962, no (antigo) Estádio da Luz, em Lisboa.
Para o Campeonato Nacional da I Divisão de 1962/63 – 4ª Jornada, sob arbitragem
de Virgílio Baptista, da Associação de Setúbal.
Benfica, 1 (golo de Eusébio) – FC Porto, 2 (golos de Azumir)
FICHA DE JOGO
BENFICA - Costa Pereira, Ângelo, Germano, Cavém, Humberto
Fernandes, Mário Coluna, Fernando Cruz, José Augusto, José Águas, Eusébio (1
golo, aos 79') e António Simões. Treinador: Fernando Riera (Chile)
F C PORTO - Américo, Alberto Festa, Miguel Arcanjo, Joaquim Jorge, Mesquita, Paula, Custódio Pinto, Jaime Silva, Hernâni, Azumir (2 golos, aos 27' e 60') e Serafim. Treinador: Jenő Kalmár (Hungria).
= Azumir: Autor dos golos da vitória !
Armando Pinto
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